Jaguar E-Pace D180 Auto AWD: A pose aristocrática fica-lhe tão bem!

13/08/2018

Na grande era dos SUV, é impossível que as gamas não ganhem novos modelos e variantes, mesmo por parte de marcas tradicionalmente mais aristocratas. E, se falamos de aristocracia na indústria automóvel, a Jaguar tem uma posição muito singular… O E-Pace não renega ao seu passado, mas coloca a marca num novo patamar.

Poder-se-á dizer que a Porsche fez muito pela divulgação dos SUV Premium de luxo, primeiro com o Cayenne e, depois, com o Macan, mostrando que existe um espaço tparaão amplo quanto desejado para esse tipo de automóveis. A Jaguar, não se ficando atrás, rivaliza com os seus modelos da gama Pace. O primeiro a surgir foi o F-Pace e, atendendo ao seu sucesso, rapidamente aplicou a ‘receita’ num formato mais compacto, o E-Pace. Em breve chegará até numa maneira elétrica, com o I-Pace, que catapulta a marca para o futuro da mobilidade ‘verde’.

Ninguém terá dificuldades para admitir que os mais recentes ‘felinos’ britânicos resultaram extremamente bem em termos visuais, a começar pelo F-Type, do qual muitos elementos parecem servir de inspiração para este E-Pace. O perfil coupé sobrelevado e as linhas dinâmicas da carroçaria fazem com que este Jaguar não passe particularmente despercebido por onde passa.

Para o ensaio, a versão escolhida foi a D180 com tração integral (AWD) e caixa automática de nove velocidades (Auto), uma combinação que faz o E-Pace oscilar entre dois talentos – o da eficácia e o das performances. A denominação da versão equivale à potência do motor, pelo que é fácil, assim, perceber que esta unidade da família ‘Ingenium’ detém 180 CV e 430 Nm de binário disponível às 1750 rpm.

As respostas são maioritariamente bem conseguidas, sendo, no modo Dynamic do seletor de condução que as suas capacidades são exploradas da melhor forma. O bloco de 2.0 litros regista aí maior contundência nas reações, beneficiando igualmente da atuação rápida e correta da caixa automática (não pudemos experimentar as patilhas atrás do volante para trocas mais rápidas quando em modo sequencial). Sem ter pretensões a velocista, o E-Pace D180 Auto AWD é suficientemente hábil para ganhar velocidade de maneira decidida, com subidas progressivas nos regimes intermédios e maior pujança numa faixa entre as 1.500 e as 4.000 rpm, mesmo que não existam grandes vantagens em levar o ponteiro das rotações até esta ‘fronteira’. Sobretudo, porque os ganhos nas prestações não são tão evidentes.

Ao mesmo tempo, o modo ‘ECO’ de condução (existem ainda o ‘Comfort’ e o dedicado a pisos de ‘Gelo e Neve’) orienta as respostas do acelerador e a eficácia da climatização para maior poupança de combustível. Note-se que os diferentes modos atuam ao nível da assistência da direção, resposta do acelerador e na caixa, cada um com o seu propósito específico. A caixa automática tem escalonamento adequado, com as últimas duas velocidades mais longas para ritmos de autoestrada com baixos consumos.

Não sendo impressionante, o motor de quatro cilindros garante boa performance, tanto mais que há ainda um lado de poupança que pode ser obtido a partir de uma utilização comedida do acelerador. No nosso ensaio, que coincidiu com a maior onda de calor dos últimos anos (entre 1 e 6 de agosto), o ar condicionado foi sempre companheiro essencial, ajudando a explicar o consumo médio de 7,5 l/100 km – usualmente, o exercício de medição dos consumos faz-se com o mesmo desligado, mas, face à canícula que assolou o país, perdoe-se esse ‘exagero’. Seja como for, o valor obtido não desaponta por aí além face aos 5,6 l/100 km anunciados pela marca britânica.

Tão refinado!

Ao volante, o E-Pace destaca-se, em primeiro lugar, pelo refinamento geral que traduz uma experiência superior de condução, ainda que não seja tão dinâmico como um Alfa Romeo Stelvio ou um BMW X3, por exemplo. Nos modos ‘Comfort’ e ‘ECO’, apresenta orientação mais requintada, suprimindo da melhor forma os impactos provocados pelos buracos ou desníveis na estrada, um traço de carácter que não abandona, de resto, no modo mais desportivo ‘Dynamic’, ainda que a direção ganhe mais peso e o binómio motor/caixa assuma maior fulgor.

O controlo da carroçaria em curva está bem conseguido, apesar do peso ser uma característica que nunca se esquece por completo. A marca optou por recorrer à plataforma dos ‘primos’ Land Rover Discovery Sport e Range Rover Evoque, o que quer dizer que não tira partido da nova plataforma de alumínio e baixo peso que outros modelos, como o F-Pace, utilizam. Mas a sensação geral é de robustez e de compostura. O E-Pace, com as jantes de 19 polegadas, é sólido a curvar no modo Dynamic, oferecendo confiança (que numa primeira fase é preciso ganhar) quando se força um pouco mais o ritmo.

Vale a pena mencionar também o funcionamento do sistema de tração integral (AWD), denominado Standard Driveline, com repartição de binário entre os eixos dianteiro e traseiro, que atua em estrada para manter a trajetória delineada pelo volante, colmatando eventuais perdas de motricidade também quando se rola fora do asfalto ou em superfícies escorregadias, como gelo.

Nesse âmbito, o controlo de velocidade de descida também está presente, salvaguardando descuidos em tiradas fora do asfalto.

Como único ponto de melhoria, note-se que, apesar do ótimo isolamento acústico em velocidades de cruzeiro, o motor Diesel é algo ruidoso a frio nas fases de arranque.

Materiais de topo

Estar ao volante poderá não dar tempo para apreciar os muitos materiais de requinte que a Jaguar utilizou neste E-Pace, além de construção referencial. Aqui e ali, um ou outro elemento que destoa, como por exemplo o comando para a seleção dos modos de condução, mas é apenas a exceção que confirma a regra. O E-Pace está entre os melhores do segmento, bem como na integração do sistema multimédia com ecrã tátil de 10 polegadas (TouchPro), que tem manuseamento correto e conexão WiFi para até oito dispositivos.

A posição de condução elevada permite excelente visibilidade para a frente, embora a visão para a retaguarda a partir do retrovisor interior seja afetada pelo formato do óculo posterior. Quanto a espaço, o E-Pace oferece boas cotas de habitabilidade sem ser referencial. É muito melhor na amplitude que oferece para as pernas e para a cabeça (adultos até 1,80 metros não terão incómodos de maior), do que na largura, aspeto no qual o túnel central elevado e o pouco espaço entre ombros torna a viagem de cinco passageiros complicada. A bagageira oferece 577 litros, incluindo já os 93 litros de alçapão sob o piso da mala e que existe quando não se opta pela roda suplente.

Quanto a preços, o E-Pace com esta configuração (automático e tração integral) arranca nos 60.074€, embora a versão ensaiada E-Pace S acrescente mais alguns equipamentos (bancos em couro Grained, espelhos aquecidos com antiencandeamento, recolha elétrica e iluminação de aproximação, Navigation Pro, Connect Pro Pack e Reconhecimento de Sinais de Trânsito e Limitador de Velocidade Adaptativo) por um valor base de 64.965€, justificável pela pose senhorial do felino que salta e pela conjunção de funcionalidades que oferece. Os extras, como o head-up display (1183€) ou as duplas ponteiras de escape (405€) acrescentam valor, mas trazem uma fatura mais alta.

VEREDICTO

A Jaguar ingressou no concorrido segmento dos SUV compactos de forma airosa com este seu E-Pace, um modelo altamente apelativo no capítulo estético, nunca deixando esquecer que se trata de um modelo de Coventry nos pequenos detalhes.

O motor Diesel Ingenium de dois litros não é fantástico nas prestações, mas cumpre de forma exímia com os objetivos que lhe foram entregues pelos engenheiros da marca em termos de respostas (mais do que adequadas), valorizando-se ainda a economia. A caixa de nove velocidades tem passagens em que a suavidade é capaz de impressionar e adapta-se bem à utilização quotidiana.

Outro capítulo em que o Jaguar E-Pace está bem cotado é no comportamento: não é um desportivo, mas sente-se composto na maneira como aborda percursos sinuosos sem com isso retirar credenciais à sua passagem em pisos deteriorados.

Mas é quando procura aquela viagem tranquila que o E-Pace nesta configuração D180 Auto AWD parece fazer tudo ainda melhor: refinado, repleto de classe e eficaz, ganha ainda muito pela sua aparência dinâmica e (porque não?) sensual.

FICHA TÉCNICA
JAGUAR E-TYPE S D180 AUTO AWD
Motor: 4 cilindros em linha, injeção direta, turbodiesel, intercooler
Cilindrada: 1999 cm3
Potência: 180 CV às 4000 rpm
Binário máximo: 430 Nm às 1750 rpm
Tração: Integral
Caixa: Automática, 9 velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 9,3 segundos
Velocidade máxima: 205 km/h
Consumo médio anunciado: 5,6 l/100 km
Emissões de CO2: 147 g/km (159 g/km no modelo ensaiado c/ jantes de 19″)
Peso: 1843 kg
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4395/1984/1649
Distância entre eixos (mm): 2681
Bagageira: 577-1234 litros
Suspensão dianteira: Independente, McPherson, barra estabilizadora
Suspensão traseira: Independente multibraços, barra estabilizadora
Preço base: 64.965€ (ensaiado: 69.380€)

Mais: Requinte geral; motor equilibrado entre prestações e economia; qualidade; comportamento seguro.

Menos: Visibilidade posterior; peso; largura nos bancos traseiros.

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