Fruto da pesquisa e desenvolvimento de soluções em torno de combustíveis neutros em carbono, a Mazda participou numa prova do campeonato japonês de resistência (‘Super Taikyu’) com um motor 1.5 Diesel alimentado unicamente uma versão evoluída de biocombustível.

Inscrito na prova de Okayama como Mazda Spirit Racing Bio concept Demio (que mais não é do que uma versão do Mazda2), este modelo utilizou um motor 1.5 Skyactiv-D comum, mas com a particularidade de ter como fonte de energia um biofuel, concebido a 100% a partir de óleo de cozinha usado e gorduras de microalgas.

Este é um esforço levado a cabo pela marca de Hiroxima em paralelo com outras quatro fabricantes do Japão – a Toyota, a Subaru, a Kawasaki e a Yamaha –, tendo como ponto de partida o foco no desenvolvimento de outras soluções de mobilidade que não apenas as elétricas. Ou seja, estas cinco marcas acreditam que é necessário olhar para os biocombustíveis como uma alternativa, sobretudo quando se tem uma frota automóvel rolante de milhões de unidades alimentadas a combustíveis tradicionais.

Ao abrigo desse esforço (a que se junta também o hidrogénio), a Mazda pretende oferecer uma ampla gama de motores, investindo não só em propostas híbridas convencionais, mas também em modelos híbridos plug-in, ao mesmo tempo que irá promover iniciativas assentes em combustíveis renováveis, tais como combustíveis biodiesel de próxima geração. Junte-se a isso as propostas 100% elétricas que também estão na calha e a Mazda promete uma gama capaz de satisfazer todas as necessidades dos seus clientes.

Fabricados a partir de matérias-primas sustentáveis, como as gorduras de microalgas e o óleo de cozinha usado, os biodiesel de próxima geração não competem com a tradicional cadeia de fornecimento de alimentos pública, problema que se tem verificado com os combustíveis de base biodiesel atualmente existentes no mercado. Uma vez que aqueles também podem ser utilizados como alternativas ao gasóleo em veículos e equipamentos, sem obrigar a que se integrem quaisquer modificações, tal não obrigará à criação de infraestruturas adicionais para o abastecimento deste biofuel. Por conseguinte, espera-se que os combustíveis biodiesel possam ter um papel de destaque como fonte de combustível líquido na promoção da neutralidade carbónica.

A marca japonesa confirma, com base em estudos e análise de performance já efetuada, que o desempenho deste combustível biodiesel está em pé de igualdade com o gasóleo à base de petróleo, pelo que a Mazda começou a utilizá-lo em viaturas de serviço equipadas com motores Diesel desde há alguns meses.

Desempenho confirmado na pista

Realizada desde 1991 como categoria de resistência para modelos de produção em massa, a ‘Super Taikyu Series’ integra uma categoria “ST-Q”, aberta a viaturas desenvolvidas pelos fabricantes e aprovados pelo comité organizador do evento (não se confundindo portanto com o campeonato GT japonês de resistência, o SuperGT). Ao abrigo deste mesmo conceito experimental, a Toyota já havia competido anteriormente com um Corolla equipado com o motor do GR Yaris, mas transformado para correr com hidrogénio em vez de gasolina, numa prova em que até o CEO Akio Toyoda participou.

No fim de semana passado, foi a vez de a Mazda utilizar a pista para validar os seus processos de desenvolvimento. O Mazda Demio utilizado com um motor 1.5 Skyactiv-D sem alterações técnicas no motor, cumpriu 94 voltas ao circuito de Okayama, no Japão, demonstrando todo o potencial de utilização deste biodiesel de nova geração, derivado inteiramente de biomateriais, denominado “Susteo” e fornecido pela Euglena.

Acrescente-se que esta primeira abordagem antecipa a participação da Mazda, em 2022, em todas as rondas deste campeonato japonês de corridas de resistência. O combustível da Euglena deverá também ser usado nessa próxima temporada.

Cinco construtores com objectivos comuns e partilhados

No passado fim-de-semana, os construtores japoneses Kawasaki, Subaru, Toyota, Mazda e Yamaha anunciaram que, em conjunto, irão abraçar um desafio destinado a expandir as opções de combustíveis combinadas com motores de combustão interna na ‘Super Taikyu Series’. Mais especificamente, pretendem expandir as opções de produção, transporte e utilização de combustíveis, pelo que as cinco empresas pretendem unificar e ir ao encontro de três iniciativas: participar em competições com combustíveis neutros em carbono; explorar a utilização de motores a hidrogénio em veículos de duas rodas e em outros veículos; e continuar a competir com mecânicas a hidrogénio.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.