A Ford eletrificou mais um dos seus ícones. Após o Mustang Mach-E – num caso em que a denominação é mais relevante do que a carroçaria –, agora é a verz da F-150 que, aqui sim, surge em versão pick-up verdadeiramente idêntica à do modelo de combustão, propondo as mesmas capacidades versáteis fora da estrada, mas particularidades inovadoras como a de conseguir alimentar uma habitação durante vários dias apenas com a energia da sua bateria.

A Série F, conhecida por ser a mais bem-sucedida dos Estados Unidos da América nos últimos 44 anos, reforça-se agora com a F-150 Lightning (relâmpago, em português), contando com uma potência total de 563 CV e 1050 Nm de binário e diversos serviços conectados de última geração, incluindo atualizações ‘over-the-air’ de diversas funcionalidades. O sistema BlueCruise permite condução semiautónoma na autoestrada.

Alimentado por dois motores elétricos com tração integral de série, este modelo consegue lidar com condições difíceis no terreno, a que se junta uma construção em alumínio para elevada resistência torsional – a Ford aponta mesmo para padrões militares – e esquema de suspensão traseira independente.

Com os seus 563 CV, mas mais importante, com o binário superior a 1000 Nm, o F-150 Lightning conta com uma aceleração dos zero aos 96 km/h em pouco mais de quatro segundos quando equipado com a bateria de longa autonomia. Sem revelar a capacidade da bateria, a Ford adianta que é um conjunto de iões de lítio, variando na potência combinada dos motores – 563 e 426 CV – e na autonomia, entre 483 quilómetros e 370 quilómetros, consoante a bateria de maior ou de menor capacidade, respetivamente. A bateria aceita uma carga máxima DC de 150 kW, podendo repor de 15 a 80% em apenas 41 minutos.

Uma das suas funcionalidades é o das balanças de bordo que, através de sensores, consegue estimar o peso da carga, informando igualmente o condutor de quanto é que isso se irá refletir na perda de autonomia. O telefone poderá igualmente ser usado como chave, permitindo destrancar, dar o arranque e fechar sem tirar o telemóvel do bolso ou a chave. A Ford aponta que essas funcionalidades e outras poderão ser melhoradas ou introduzidas ao longo do tempo graças às atualizações ‘OTA’, apontando para um tempo de atualização inferior a dois minutos e quando o cliente escolher.

Em estreia na F-150 Lightning está o sistema de multimédia SYNC 4A, com um ecrã de 15.5 polegadas pensado para se adaptar ao comportamento do condutor. Responde a comandos por voz e oferece navegação online em tempo real com base em informações na ‘nuvem’, bem como conexão sem fios aos sistemas Apple CarPlay, Android Auto, Amazon Alexa e SYNC AppLink.

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O painel de instrumentos assenta num ecrã de 12 polegadas, personalizável, que oferece as informações essenciais, integrando-se igualmente com o sistema de assistência à condução em autoestrada.

Potência na estrada, gerador na garagem

Uma das características bastante enaltecidas pela Ford é a sua capacidade de servir de gerador de recurso em caso de falha da rede elétrica. Sendo os Estados Unidos da América um país muito afetado por tornados e furacões que costumam interromper o normal fornecimento de eletricidade nas zonas afetadas, esta possibilidade não é de menor importância. Assim, o sistema Ford Intelligent Backup Power permite que a F-150 Lightning forneça energia à residência, com uma capacidade de entregar 9.6 kW, podendo assim manter os eletrodomésticos ou sistemas de segurança em funcionamento.

Essa possibilidade apenas será possível com a instalação da estação de carregamento Charge Station pro de 80 A e de um sistema de gestão doméstica. Assim que a energia é restabelecida na rede, a pick-up para a sua função como gerador e passa automaticamente a carregar a bateria. Com base num consumo diário de 30 kWh por dia, esta F-150 Lightning pode alimentar uma casa durante três dias, ou até dez caso o consumo de energia seja racionado. No futuro, inserindo-se no sistema V2G, a Ford irá introduzir o sistema Ford Intelligent Power para auxiliar a rede elétrica nos períodos de pico de consumo.

Sob o capot dianteiro, o motor de combustão desaparece e dá origem a uma outra bagageira, com abertura e fecho elétrico. Oferece 400 litros de volume, sendo estanque e dispondo de quatro tomadas elétricas, duas tomadas USB e um piso drenante que pode também servir de contentor para comida e bebida. É aí que o condutor/utilizador pode ligar as suas televisões, computadores, ou colunas para as festas no terraço…

Com os seus dois motores elétricos (um por eixo), a F-150 Lightning oferece tração integral de série, dispondo de modos de condução distintos consoante a necessidade, variando entre o ‘Normal’, ‘Sport’, ‘Off-Road’ e ‘Tow/Haul’, sendo este último dedicado aos processos de reboque ou de grandes cargas a bordo. O fundo do veículo está protegido por placas de metal para manter a bateria em segurança. A própria bateria está segura dentro de um invólucro à prova de água, rodeado por uma proteção anti-impactos. Há ainda um sistema de proteção térmica da bateria para manter o sistema em condições ideais.

O terceiro pilar essencial

O F-150 Lightning é assumido pela Ford como um dos seus modelos de maior ambição, não só pelo potencial de vendas, mas também por ser o ponta de lança da estratégia de eletrificação que contará com um total de 22 mil milhões de dólares de investimento a nível global, surgindo a par de outros dois nomes ‘gigantes’, o Mustang e a Transit.

“Tanto para a Ford como para a indústria automóvel americana, o F-150 Lightning representa um momento emblemático no nosso caminho para um futuro de emissões zero e de conectividade digital. A Série F é o pesado mais vendido da América ao longo dos 44 anos, a espinha dorsal do trabalho em todo o país e um ícone de confiança para muitas gerações de clientes. Agora estamos a revolucioná-la para uma nova geração”, refere Bill Ford, Presidente Executivo da Ford Motor Company.

A produção irá começar em 2022 na fábrica de Dearborn, em Detroit, nos EUA, onde a marca irá investir fortemente. Os preços destes F-150 Lightning arrancam nos 39.974 dólares sem incentivos fiscais para a versão de entrada e nos 52.974 dólares para a versão intermédia XLT.

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