Grandland X: A Opel ao ataque do segmento SUV

19/09/2017

Conhecem-se casos de autores que compuseram músicas para os seus automóveis, seja por carinho, seja por ambição. Janis Joplin queria um Mercedes-Benz porque todos os seus amigos tinham Porsche, enquanto Johnny Cash foi ‘recolhendo’ peças – uma de cada vez – na fábrica da General Motors (ironia do destino) para construir o seu próprio carro, embora o resultado final, fosse uma pobre recriação de um qualquer outro modelo.

Mas, poucos carros terão uma música em que a letra é composta pela alusão a diversos atributos do veículo. O mais recente modelo da Opel, o Grandland X, tem! A certa altura, apelando ao trocadilho, canta-se que o Grandland X é melhor do que sexo (‘is better than sex’), numa prova de que os alemães têm mesmo sentido de humor.

Bem mais sérias, contudo, são as ambições de conquista do mercado europeu com este seu novo SUV, integrante da estratégia ‘7 em 17’ que aborda o lançamento de sete novos modelos em 2017. Acima de tudo, com o Grandland X, a Opel coloca em cima do tabuleiro mais uma importante peça do seu xadrez para o crescimento europeu. Preenchendo uma lacuna que existia na sua gama e juntando-se à crescente aposta nos SUV, da qual já fazem parte os Mokka X (que mereceria bem mais atenção se não fosse a classificação como Classe 2 nas portagens) e Crossland X, cujo lançamento em Portugal tem decorrido de forma positiva, o Grandland X assume um posicionamento estratégico que mostra como a marca alemã encara seriamente o mercado europeu.

Bilhete de identidade alemão

Fá-lo, também, recorrendo a sinergias daquele que é agora o seu grupo, o PSA, do qual passou a fazer parte desde há cerca de um mês (ainda que tivessem elementos partilhados anteriormente num longo acordo de parceria). Mas mantém no seu âmago o mesmo perfil germânico por meio de uma identidade que evoca claramente a linguagem de estilo da companhia de Rüsselsheim. Não há margem para confusões neste Opel, mesmo que um ou outro componente recorde o 3008 que lhe serve de base, como é o caso da chave ou o botão de arranque. Mas é caso raro, porque tudo o resto é tipicamente fiel à casa germânica, tanto por fora, como por dentro, respeitando aquilo que Fredrik Backman havia explicado ao Motor24 aquando da primeira passagem do Grandland X por Portugal, então em modo estático.

Com efeito, a marca desenhou um modelo esteticamente muito bem conseguido, sendo até um dos melhores nesse campo, atrevemo-nos a afirmar: equilibrado e proporcional, o Grandland X mostra enorme solidez visual, mesmo que neste tema exista sempre muita subjetividade à mistura. Nota, desde logo, para a robustez da dianteira, salientada pela integração entre a grelha dianteira com os faróis, onde a assinatura luminosa de dupla asa em LED nos atira para outros modelos recentes da marca.

Com 4,477 metros de comprimento, 1,856 m de largura (sem espelhos) e 1,609 m de altura, o visual robusto é reforçado com linhas fortes de carácter nas laterais, havendo igualmente uma linha ascendente junto às cavas que torna este modelo num dos mais bem concebidos do segmento, o mesmo se podendo dizer da traseira, na qual despontam os farolins com outras ‘linhas’ LED. Na parte inferior da carroçaria, os revestimentos em plástico traduzem esse mesmo ideal SUV.

Por dentro, a marca aplicou a mesma receita de simplificação encontrada nos Astra, Insignia e Crossland X, primando assim pela compactação de elementos em grupos de fácil acesso e rápida leitura. Na parte superior, o ecrã tátil que alberga os sistemas multimédia, seguindo-se abaixo os comandos do ar condicionado e, ligeiramente mais abaixo, perto da alavanca da caixa de velocidades, os botões dos sistemas de assistência. Tudo simples, o mesmo se podendo aplicar à construção que nos pareceu exemplar, com materiais de elevada qualidade na parte superior de tablier e portas e alguns plásticos na parte inferior, também eles de boa aparência. A construção do habitáculo volta a surgir em muito boa forma, dando seguimento ao que se vê no Insignia, por exemplo. O painel de instrumentos, combinando elementos digitais do computador de bordo com os manómetros analógicos da velocímetro e do conta-rotações, tem fácil leitura.

Atrás, a marca concebeu este modelo com ambições de espaço para cinco ocupantes, todos eles com desafogo prometido, destacando-se sobretudo a amplitude para as pernas dos ocupantes e a altura. Muito bom é também o valor anunciado para a bagageira, que é de 514 litros, embora possa chegar a muito convincentes 1.652 litros com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros (em proporção 60:40 com abertura central para passagem de skis, por exemplo). Os bancos podem ser, uma vez mais, unidades com o certificado ergonómico AGR, mas também podem ser unidades aquecidas e com ventilação, sendo que também os bancos traseiros poderão ter aquecimento.

Vida ativa

O Grandland X está idealizado para quem procura um estilo de vida ativo, moderno e urbano, mas com intenções de se aventurar ‘aqui e ali’ por maus caminhos. O próprio local de apresentação do novo modelo, pelos arredores de Darmstadt, funcionava como um expositor de atributos de jovialidade e energia, naquele que é considerado um centro de inteligência digital (o primeiro da Alemanha) e também o centro espacial europeu por excelência.

Nesse sentido, no da aventura, a Opel dotou este o Grandland X de sistema IntelliGrip, que oferece cinco modos de funcionamento – Normal/Estrada, Neve, Lama, Areia e ESP OFF – e que permite a distribuição do binário de forma otimizada pelas rodas motrizes (dianteiras), preconizando assim uma maior amplitude de utilizações em pisos mais escorregadios e de fraca aderência. Este sistema permite também otimizar o ponto de passagem das velocidades da caixa automática (quando se aplique) e a resposta do pedal do acelerador.

A gama de motores nesta primeira fase corresponde a uma oferta de unicamente dois motores (duplicada pelo facto da oferta de caixas manual e automática de seis velocidades em cada caso) que assentam no bloco 1.2 Turbo a gasolina de três cilindros com 130 CV de potência e 230 Nm de binário e no 1.6 Diesel de 120 CV e 300 Nm. O primeiro conta com sistema start-stop para reduzir as emissões, que se situam entre os 117 e 127 g/km de CO2, e os consumos, os quais estão cifrados num intervalo de 5,1 e 5,4 l/100 km (de acordo com o ciclo NEDC). Já o Diesel tem um consumo médio anunciado entre os 4,0 e os 4,6 l/100 km, enquanto as emissões ficam-se entre os 104 e os 118 g/km de CO2.

Testados de forma mais prolongada na apresentação na Alemanha, ambos os motores revelaram níveis de performance muito interessantes, sendo que o Diesel é mais enérgico fruto do binário mais elevado, podendo dessa forma oferecer acelerações vigorosas e recuperações também muito dinâmicas, embora o 1.2 a gasolina também tenha respostas muito competentes que se fazem acompanhar de um pouco mais de suavidade. A caixa de velocidades em ambos os casos permite também retirar bastante potencial do motor, acabando por ser aliadas importantes, mesmo que no caso da unidade Diesel se notasse alguma falta de suavidade no manuseamento. Também por isso parece ser a unidade que se move de forma mais ágil, embora seja preciso esperar pelo ensaio nacional para se averiguar do potencial de cada um de forma mais fidedigna.

Prevista está já a adição de mais variantes, com a chegada de um 2.0 Diesel de 180 CV com caixa automática de oito velocidades e também novos motores abaixo dos 120 CV de potência. Estes, contudo, serão lançados ao longo de 2018 e numa fase posterior à de lançamento.

Fruto da escolha do percurso, o comportamento dinâmico do Grandland X teve poucos desafios, faltando troços mais sinuosos que pudessem mostrar o lado mais dinâmico, mas em contraponto evidenciando nos locais com piso mais estragado que a absorção das irregularidades se faz de forma muito competente, privilegiando-se assim o lado do conforto. Uma vez mais, espere-se pelos ensaios nacionais para uma melhor avaliação deste parâmetro.

Ligado ao mundo e em segurança

Capítulo em que a Opel não faz concessões é também no da segurança. Com recurso a um pacote muito completo de tecnologias, o novo Grandland X dispõe de sistema de Reconhecimento de Sinais, Assistente de Colisão Dianteira com Deteção de Peões e Travagem de Emergência, Cruise control adaptativo, Alerta de Saída de Faixa, Assistência Avançada ao Estacionamento e Câmara 360º, Alerta de objetos no Ângulo morto, faróis AFL integralmente em LED com diversas funções de iluminação e o valioso sistema OnStar que serve de meio de ligação ao mundo por via da Internet e de aplicações, mas também como salvaguarda de segurança, servindo como alerta para os meios de emergência em caso de acidente. A juntar a esses, o Opel OnStar junta agora serviços de marcação de hotéis e procura de estacionamento (onde disponível). A ligação Wi-Fi também é uma realidade com este sistema, permitindo dessa forma a conexão em simultâneo à Internet de x dispositivos.

A Opel volta a colocar a tónica no aspeto da democratização da tecnologia e tenta assim fazer com que estes sistemas cheguem a ainda mais clientes, até pela inclusão dos sistemas de multimédia em que o mais evoluído é o Navi 5.0 IntelliLink com ecrã tátil de 8.0 polegadas e manuseamento simples. A conectividade aos smartphones está garantida com Bluetooth ou pelos Android Auto e Apple CarPlay. Outras tecnologias inclluem o carregamento por indução de smartphones ou a porta da bagageira com abertura e encerramento elétrico com ativação pelo pé.

Quanto a preços, a marca ainda não consegue adiantar valores para este novo SUV, que embora chegue algo tarde à grande ‘parada’ dos SUV de segmento C – no qual se incluem os ‘artistas’ Nissan Qashqai, Volkswagen Tiguan, SEAT Ateca e Peugeot 3008, entre outros – conta com argumentos fortes, a começar pela sua versatilidade e estilo teutónico muito vincado que pretende ir ao encontro das demandas dos clientes da marca num universo que continuará a crescer nos próximos anos em virtude do aumento da procura por parte dos europeus.

Muito rapidamente:

O que é? O novo SUV-C da Opel com muito espaço, versatilidade e motores atrativos;

Quando chega? As primeiras unidades chegarão ao mercado no início de 2018;

Há preços? Não, só mais junto da data de lançamento;

Classe 1 ou 2? Há que esperar pela medição nacional, pelo que ainda não há classificação.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.