Apostada em tornar-se numa marca verdadeiramente global, a CUPRA olha com cada vez maior atenção para outros mercados que não o europeu, como o australiano, onde iniciou operações há alguns meses, ou, potencialmente, o americano, que se encontra atualmente em estudo. Kai Vogler, Vice-Presidente para as áreas de Vendas e Marketing da CUPRA, destaca o plano de crescimento da marca espanhola e a forma como a digitalização e as parcerias ajudam a marcar uma posição.

O percurso da CUPRA desde o seu lançamento no mercado tem sido surpreendente, conseguindo vender mais de 300 mil unidades desde 2018, com o primeiro trimestre de 2023 a ser recordista em termos de entregas – mais de 46.500 unidades foram registadas no primeiro trimestre deste ano. Porém, não ficará por aqui e prevê um resto do ano em igual medida, com olhos num crescimento significativo que será ajudado pela entrada noutros mercados.

Para já, o continente norte-americano é ainda e só um desejo, mas a CUPRA está a investigar a possibilidade de poder vir a aventurar-se naquele que é um dos mercados mais desafiantes do mundo dentro em breve. Falando ao Motor24 durante o evento de apresentação do Tavascan, em Berlim, Kai Vogler explicou que esse é um objetivo que está a ser levado muito a sério, incentivado também pelos arranques bem-sucedidos noutros países, como na Austrália.

Questionado se a expansão para estes novos mercados é determinante para a afirmação da CUPRA enquanto marca, Vogler respondeu que “sim, estou totalmente convencido que sim. Há quem possa ter o ponto de vista de que basta a Europa e está tudo bem. Claro que a Europa é o nosso território ‘caseiro’ e que temos grandes planos de expansão e de crescimento também aí. Se olharem para a Europa, temos 1,4% de quota de mercado e se quisermos atingir os 500 mil carros [vendidos] e mais 3,5% de quota de mercado na Europa – e nalguns mercados até mais –, este é o nosso trabalho de casa”.

“Mas, acima disso, se quisermos ser uma marca relevante, uma das 100 Marcas Globais, temos de aumentar a nossa pegada global. Por isso, temos alguns mercados já a trabalhar bastante bem, como o México, Israel ou Turquia. Mas os Estados Unidos, por exemplo, é um passo seguinte muito bom para nós, assim como a Austrália. Começámos há alguns meses e já estamos a exceder as expectativas e mostra que somos mesmo capazes de o fazer [expandir fora da Europa]”.

“Sou um homem das vendas, por isso os números são muito importantes, mas o que é importante para mim, acima disso, é que estamos a conseguir ser bem-sucedidos num mercado muito competitivo como o da Austrália, onde com muita tradição e marcas muito fortes, conseguimos marcar impacto com carros como o Formentor. Vamos lá, ganhamos prémios, vemos o volume a crescer, o que prova, basicamente, que a nossa marca é mais do que europeia, que também funciona com outros mercados, com vendas digitais, agências e com bons parceiros”, acrescenta este responsável da marca espanhola, que acredita no sucesso das suas propostas SUV mais desportivas num contexto cada vez mais concorrido.

“A parte boa para nós é que temos outro SUV a chegar, que é o Terramar, que irá situar-se acima deste [Tavascan] e que será outro grande carro para nós, pelo que acho que ainda há algum espaço para os SUV”, argumenta Vogler. “Para mim, a parte positiva é que se quiserem escolher um SUV, podem escolher entre um elétrico ou um PHEV como ofereceremos com o Terramar. Podemos combinar neste SUV o facto de ser um pouco maior, mais espaçoso e mais orientado para a família, mas ser ainda muito desportivo – é possível combinar estes mundos diferentes se for bem feito”.

Modelo de agência com retorno muito positivo

Tendo sido uma das primeiras marcas na Europa a apostar no conceito de agência para a comercialização dos seus automóveis, a CUPRA tem-se revelado bastante bem-sucedida com uma experiência primordialmente online, mas que não dispensa uma importante faceta física. Nem dispensará, de acordo com Kai Vogler.

“A questão é o que são as vendas online. Estamos profundamente convencidos de que no processo de compra de um carro há partes que são online e que são já hoje, em que as pessoas navegam online e pesquisam tudo sobre o carro. Os clientes hoje são já muito mais informados quando entram num concessionário do que há alguns anos. Antes iam ao concessionário três ou quatro vezes antes de comprarem o carro. Hoje é uma, talvez duas vezes”, refere este especialista nas vendas e marketing, advertindo que uma marca como a CUPRA necessita do pendor físico para extrair as emoções que deseja incutir nos seus clientes.

“Mas há algumas partes em que queremos o lado físico, ir a algum lado testar o carro, sentir a emoção e conduzir o carro para tomar a decisão final e, para mim, essa parte é essencial, sobretudo para uma marca emocional como nós. Não é bom que se compre um carro só para usar, porque é algo que se compra porque aumenta as emoções, porque se gosta e para isso é preciso a presença física nalgum lado e isso não vai desaparecer. Quer dizer, sim, a geração mais jovem quererá fazer alguns passos online, mas alguma parte, do meu ponto de vista, será sempre no mundo real e físico”, argumenta.

Mais do que isso, a CUPRA também tem vindo a ter uma presença muito forte em diversas áreas que não apenas a dos automóveis. Além, obviamente, da Fórmula E, com a qual compete numa parceria com a ABT, a marca tem vindo a encetar também parcerias com outros eventos, figuras ou desportos ligadas a uma nova geração.

“A nossa missão é clara, somos a CUPRA, somos uma marca desejável para a nova geração e é claro que gostamos de nos associar a pessoas que partilham a nossa ideia e o mesmo ADN. Já experimentámos os desafios do inconvencional e podem vê-lo nos diferentes territórios em que operamos. Sim, somos uma marca de Barcelona, pelo que temos uma parceria com o clube de futebol, mas ao mesmo tempo tentamos ajudar o padel a crescer – é um crescimento mútuo, é um desporto novo na moda, com muita ambição e encaixa-se em nós. Depois, claro, a música, com o Primavera Sound, também perfeito para nós. Mas todas estas peças têm de se encaixar com a marca. Não fazemos nada só para chamar a atenção. Temos de ser muito sensíveis, porque os nossos parceiros têm de encaixar connosco, senão não o fazemos. Tem de ser um encaixe perfeito”, explica.