O concept LF-Z Electrified mostrou qual será o caminho a seguir pela Lexus com a tendência de eletrificação a tornar-se dominante em aliança com as carroçarias de estilo SUV. Cada vez mais comuns e transversais na procura pela mobilidade sem emissões, os elétricos ganharão novas competências associadas com o acréscimo de funções tecnológicas em termos de conectividade e condução automatizada.

Com uma forte reputação entre os modelos híbridos, sendo aliás uma pioneira nessa vertente de eletrificação em larga escala a par com a Toyota, a Lexus aposta numa visão global para a sua gama futura, com o LF-Z Electrified Concept a ser apenas um dos caminhos a seguir – uma visão 100% elétrica, altamente tecnológica (com condução autónoma e inteligência artificial) e capaz de se adaptar ao estilo de vida e gostos dos clientes europeus.

Numa conferência digital restrita a alguns meios de comunicação, o Diretor da Lexus Europa, Spiros Fotinos, reconhece que a Lexus tem uma posição destacada na indústria automóvel, atendendo ao seu passado recente vinculado à eletrificação, mas sabe que deve também responder a critérios de exigência de luxo e requinte por parte dos seus clientes.

“A Lexus é bem conhecida pelas propostas híbridas. Temos sido consistentes nesse aspeto há muitos anos e é por isso que muitos dos nossos clientes nos reconhecem. Aliás, somos uma marca de conquista e muitos dos clientes vêm até nós porque querem híbridos e nós conseguimos fornecer uma plataforma para aqueles que procuram um primeiro passo para a eletrificação e temos sido bem-sucedidos na resposta a isso. Sobretudo, na Europa Ocidental, com uma gama quase 100% eletrificada, que mostra o nosso sucesso”, afirma Fotinos, debruçando-se sobre as necessidades quanto à transformação para o mundo elétrico.

Na sua ótica, um dos pontos principais tem de ser uma rede de carregamento estruturada e útil para os clientes de veículos elétricos, mas explica que o aumento da autonomia não tem de ser o tópico fundamental, mas sim uma variável a ter em conta consoante a necessidade de cada um.

“Quanto à autonomia não há uma resposta única. Temos de pensar do ponto de vista do consumidor, em termos do segmento [do carro] e do seu preço. Um carro citadino não precisa de uma autonomia enorme. As autonomias maiores significam baterias maiores e automóveis mais caros. Não creio que exista uma resposta única para todos os casos”, esclarece, recusando-se a confirmar se a plataforma para este protótipo elétrico é a e-TNGA.

“Não posso dizer grande coisa sobre isso. Aquilo que posso dizer é que vamos construir um veículo elétrico na plataforma e-TNGA. Com o concept damos a ideia de como será essa visão sem indicar que esta será a versão final. Queremos dar um sentido global de como será o processo de eletrificação da marca”, afiança, admitindo que essa plataforma se reveste de grandes vantagens em termos de flexibilidade de conceção e de adaptação a diferentes tamanhos e necessidades de bateria, por exemplo.

Elétricos como mais do que coisas bonitas

Com a uniformização de conceitos de performance elétrica e de funcionalidade, há quem admita que a sua importância enquanto bem capaz de oferecer uma sensação de liberdade ou de prazer na condução esteja em risco de se extinguir. Spiros Fotinos percebe a questão, mas não acredita que, em última instância, os carros elétricos se resumam apenas a ‘invólucros’ de boa aparência.

“Diria que é claro que os veículos elétricos permitem novos princípios de design, pelo facto de que se perde o motor de combustão e ganha-se espaço a bordo ao mover as rodas para as extremidades, dando-nos outras capacidades e experiências de vivência a bordo. Mas não creio que possamos vir a ver os carros como comodidades, simples caixas bonitas. Acreditamos que existirão pessoas que vão querer conduzir, que gostarão de conduzir. Enquanto indústria, ainda estamos no início do que podemos apresentar naquilo que a condução elétrica pode oferecer em termos de prazer de condução”, explica, dando conta também de que a tecnologia em aliança com o design poderão trazer novos argumentos ao setor automóvel. Um dos casos falados é o da tecnologia de direção ‘Steer-by-wire’, ou seja, direção de conceito eletrónico, sem mecanismos físicos na ligação entre o volante e o eixo dianteiro, mas apenas com impulsos eletrónicos. Esse é um dos sistemas que está presente no LF-Z Electrified Concept e que permite até a adoção de volante pouco convencional, além de dar novos contributos para a condução autónoma.

“O volante pode não ser exatamente assim no futuro, mas olhamos para os benefícios da tecnologia ‘Steer-by-wire’ na condução e, sendo mais direta, podemos oferecer conceitos que sejam menos convencionais para o volante”, indica. Questionado quanto à importância de outra tecnologia presente neste concept, a DIRECT4 de quatro rodas motrizes, o responsável da Lexus revela que esta é uma solução na qual “a marca está empenhada” tendo em vista a sua provável aplicação num automóvel de produção num futuro a médio prazo. Na prática, a tecnologia DIRECT4 permite controlar de forma quase instantânea a entrega do binário às rodas, mudando a configuração entre tração dianteira (FWD), traseira (RWD) ou integral (AWD) de forma automática para garantir dinamismo e segurança ampliada para os ocupantes em quaisquer condições de piso.

Outro tema geralmente bastante discutido na antevisão do futuro dos automóveis prende-se com a profusão de ecrãs no habitáculo, com Fotinos a admitir que a Lexus respeita um outro princípio no que ao desenvolvimento do interior diz respeito. “A ideia principal é de utilidade e segurança. O conceito ‘Tazuna’ [NDR: as rédeas de um cavalo, aqui aplicado ao automóvel] não é de quanto maior melhor, mas sim de como tornar a informação funcional e acessível. Não somos da opinião de que maior tem de ser melhor, mas que tem de se olhar sempre para a segurança e para experiência geral de condução”.

Ainda que o LF-Z Electrified Concept seja apenas uma visão conceptual do que o futuro poderá trazer para a Lexus, o plano de eletrificação em curso prevê o surgimento de 20 novos modelos eletrificados – entre elétricos, plug-in híbridos e híbridos simples – até 2025, procurando oferecer uma gama ampla para cada tipo de condutor. “Estamos a trabalhar em termos de veículos eletrificados, numa gama ampla, e também nos serviços que poderemos oferecer no futuro para os nossos clientes”.

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