A nova geração do Opel Astra, a primeira eletrificada, assume-se como o elemento-chave da nova era de automóveis da marca alemã. O compacto de cinco portas assume uma nova linguagem de estilo e novas motorizações, incluindo versões híbridas plug-in (PHEV) e uma totalmente elétrica, que será lançada em 2023. A versão carrinha também chegará numa fase posterior.

Proposto como um modelo capaz de respeitar a longa herança da marca e do próprio modelo, o novo Astra foi apresentado mundial e oficialmente em Rüsselsheim, com a presença de membros importantes da ‘família’ Opel, nomeadamente o seu novo CEO, Uwe Hochgeschurtz, que chegou à marca alemã vindo da Renault Alemanha, Marc Adams, diretor de design da Opel, e Jürgen Klopp, treinador de futebol alemão que exerce neste momento em Inglaterra e que gosta de se apelidar de ‘Normal One’. Uma ‘alfinetada’ ao ex-rival José Mourinho…

Falando sobre o novo automóvel de segmento C, que recebe as ferramentas e conceitos técnicos do Grupo Stellantis, incluindo a plataforma EMP2, Hochgeschurtz admitiu ser “um sortudo por começar as minhas funções com um carro tão bom”, lembrando que o “raio presente no logótipo da Opel nunca se adequou ao Astra tão bem”. A missão deste novo modelo é clara – atrair novos clientes para a marca, que se afirma cada vez mais como uma marca sustentável e rentável, tendo regressado aos lucros nos últimos anos já sob o comando da PSA (entretanto tornada parte da Stellantis em resultado da fusão com a FCA).

Para o futuro, a Opel aponta à expansão, com a chegada à China com uma gama totalmente eletrificada, mas sempre com a ideia de que a Opel permanece alemã. Esta foi uma grande premissa, repetida por diversas vezes na apresentação – a noção de que a identidade germânica permanece e não foi afetada apesar da partilha de componentes com outras marcas. “O posicionamento da marca Opel é bastante clara”, afirma o CEO da marca. “A Opel é alemã, acessível e deve ser excitante”.

Até ao final do ano a Opel terá seis novos modelos eletrificados, mas o futuro será cada vez mais orientado para as zero emissões. Já em 2024, toda a gama será eletrificada (ou seja, terão versões híbridas ou elétricas) e, em 2028, será apenas constituída por modelos de zero emissões na Europa. Para suportar essa aposta, será construída uma nova gigafábrica em Kaiserslautern.

Design é revolução

Em termos de design, o novo Astra teve como objetivo surpreender, como assumiu Marc Adams, Vice-Presidente de Design da Opel. “A intenção com o novo Astra foi desafiar o que as pessoas esperavam de um modelo de segmento C”, refere, apontado argumentos de sucesso como o trabalho de equipa na conceção deste novo modelo e a execução arrojada em consequência desse espírito coletivo.

Na frente, o grande ponto focal é o ‘Opel Vizor’, conceito estreado no Mokka, uma visão arrojada integrada que alberga a grelha em preto brilhante (aglomerando ainda os sensores tecnológicos para os sistemas de segurança) e os faróis de LED com a possibilidade de receber a tecnologia adaptativa Intelli-Lux LED Pixel Light, com 168 elementos LED. Nas laterais, sobressaem as cavas das rodas musculadas, as superfícies limpas e a combinação de dois tons entre a carroçaria e o tejadilho. Já na secção traseira, o destaque vai para os ombros largos e para os farolins com o tema da asa, enquanto a denominação Astra surge agora disposta ao centro da bagageira.

No interior, o painel digital ‘Pure Panel’ substitui os elementos analógicos da anterior geração, agora com dois ecrãs contíguos para informação precisa, sendo o central tátil com manuseamento semelhante ao de um smartphone. Alguns comandos físicos foram mantidos, como o da climatização, mas a ideia dos engenheiros da Opel foi de reduzir ao máximo os botões físicos para uma aparência mais limpa.

Destaque ainda para o volante de novo desenho e para os bancos dianteiros ergonómicos, que são um ponto de honra da Opel, certificados pela agência de especialistas em ergonomia AGR (Aktion Gesunder Rücken e.V.). O condutor é apoiado por sistemas de assistência de última geração que incluem ‘head-up display’ e sistema de assistência semi-automatizado Intelli-Drive 2.0, o qual integra todas as câmaras e sensores a bordo com conectividade e-horizon, e a câmara de 360 graus Intelli-Vision.

O novo Astra mede 4374 mm de comprimento (crescendo 4,0 cm) e 1860 mm de largura, ao passo que a distância entre eixos, com 2675 mm, aumentou em 13 mm. A bagageira do novo Astra tem piso ajustável e pode oferecer até 1250 litros de volume de carga com os bancos traseiros rebatidos.

A direção e resistência à torção do chassis – suspensão do tipo McPherson na frente e barra de torção atrás – foram melhoradas ao longo do processo de desenvolvimento, com a marca alemã a apontar para um maior controlo dos movimentos de transferências de massas em mudanças de direção (amortecimento do movimento em torno do eixo vertical). A rigidez de torção do novo Astra é 14% superior à do modelo anterior.

Astra com gama completa

Proposto com uma ampla gama de motorizações, o novo Astra não irá abdicar ainda das versões convencionais, pelo que poderá ser encomendado com potências de 110 a 225 CV, divididos entre modelos a gasolina, Diesel e dois híbridos plug-in (PHEV). Porém, para 2023, está reservada a chegada do modelo 100% elétrico, o Astra-e, que irá acelerar a transição energética da Opel. A marca aponta que assim dará aos clientes a escolha total de opções.

No campo dos motores de combustão, a escolha ainda conta com mecânicas Diesel. Nas opções a gasolina, a gama tem por base o bloco 1.2 turbo de três cilindros de 110 CV associado a caixa manual de seis velocidades, estando ainda disponível em versão de 130 CV, também com caixa manual de seis velocidades ou automática de oito velocidades. O binário máximo do motor a gasolina é de 230 Nm às 1750 rpm. Entre os Diesel, a escolha é única, recaindo no bloco 1.5 turbodiesel de 130 CV de potência e 300 Nm de binário às 1750 rpm, podendo ser associado a uma caixa manual de seis velocidades ou automática de oito velocidades.

Na Alemanha, a gama do novo Astra terá preços a partir dos 22.465€, embora os preços devam ser ainda fechados nos restantes mercados. As encomendas abrem em outubro e a produção arrancará mais tarde, na fábrica de sselsheim.

No caso do Astra-e, existirão três opções eletrificadas, duas em formato híbrido Plug-in e outra totalmente elétrica. No caso dos PHEV, haverá uma variante de 180 CV de potência combinada e de 360 Nm de binário combinado, com o motor 1.6 de quatro cilindros a debitar 150 CV e o motor elétrico um valor de 110 CV, com a mais potente a debitar 225 CV e igual número de binário (360 Nm), com o motor de combustão a debitar 180 CV. Em ambos os casos, a potência é enviada ao eixo dianteiro, tendo ainda uma caixa automática de oito velocidades. O primeiro acelera dos zero aos 100 km/h em 7,9 segundos, enquanto o segundo cumpre o mesmo exercício em 7,7 segundos.

A velocidade máxima está limitada aos 225 km/h no PHEV de 180 CV e aos 235 km/h na versão de 225 CV.

A condução em modo elétrico tem por base uma bateria de iões de lítio de 12.4 kWh, com o qual pode percorrer até 56 quilómetros, de acordo com a norma WLTP.

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O novo Astra-e irá juntar-se à gama de modelos composta pelo Corsa-e, Mokka-e, Combo-e Life e Vivaro-e Life, bem como à gama de comerciais composta pelos Combo-e, Vivaro-e e Movano-e.


As orientações do ‘Normal One’

Embaixador da Opel há bastantes anos, Jürgen Klopp, atual treinador do Liverpool na Liga Inglesa de futebol, foi um dos convidados da apresentação mundial do novo Astra, que decorreu em Rüsselsheim.

O germânico, que foi apresentado no evento como o ‘The Normal One’ (em contraponto à alcunha que durante muito tempo parecia colada ao treinador português José Mourinho, o the ‘Special One’), revelou que já havia estado com a equipa de desenvolvimento do novo Astra, ajudando no processo de conceção, naquilo que admite ter sido uma experiência nova “bastante interessante”.

“Após nove anos com a Opel, pensei que já tinha feito de tudo, mas nunca tinha feito parte da equipa de design, foi uma experiência bastante especial e de que gostei muito, como é óbvio. Sou bom no meu trabalho, mas não muito bom em muitas outras coisas, especialmente a desenhar, no que sou horrível, e a imaginar – não consigo ver as coisas antes de existirem, que é o trabalho destes rapazes. Foi incrível como me explicaram todos os passos, desde o início até ao final”, afirmou Klopp, que também executou um esboço de um carro, cujos rabiscos poderiam rivalizar com os de uma criança, como gracejou o próprio treinador.

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