Novo Toyota Corolla: Três formas diferentes de dizer eficácia

22/02/2019

Três feitios diferentes para atender a diferentes tipos de necessidades, mas com a economia de combustível como denominador comum. Eis uma das formas mais sintéticas de analisar a nova geração Corolla, uma vez mais estendida em todos os modelos do segmento C, do compacto à carrinha. A solução híbrida mantém-se como grande argumento e, após o primeiro contacto com os novos modelos da Toyota facilmente se percebe que o argumento é bastante válido.

Com cerca de 46 milhões de unidades vendidas desde a primeira geração, o sucesso do Corolla é inegável e, também insuperável, uma vez que é o carro mais vendido do mundo. Por isso, a nova geração do Corolla assume uma enorme preponderância na gama, a começar, desde logo, pelo desaparecimento do nome Auris, numa espécie de passagem de testemunho no qual a marca japonesa sai a ganhar.

No cerne desta nova geração está uma filosofia de três conceitos diferentes, unidas pela plataforma global (Toyota New Global Architecture) que continua a ser estendida a mais gamas (encontra-se já no RAV4, por exemplo), que possibilita maior rigidez (aumento de 60%), redução do centro de gravidade em 10 mm, maior agressividade no design e reforço da aposta na tecnologia híbrida, da qual passam a haver dois representantes no Corolla.

Na verdade, serão os híbridos a grande aposta da Toyota para esta gama, com o 1.8 Hybrid e o 2.0 Dynamic Force a surgirem como diferenciadores de poupança, o primeiro direcionado para um ritmo mais tranquilo e o segundo para maior dinamismo ecológico. Mas, antes, uma descrição desta nova família Corolla.

Compacto, carrinha e sedan

O novo Corolla surge com três carroçarias, cada uma com um objetivo ou declaração de intenções apresentada pela Toyota. O compacto de cinco portas (doravante apelidado HB, de hatchback, para simplificar) dirige-se a um condutor mais jovem, ainda sem família numerosa que dá valor à diversão de condução e economia. A carrinha (Touring Sports), por oposição e definição, dirige-se a quem tem uma família já com filhos e procura espaço e versatilidade (aumentou exponencialmente a distância entre eixos e a bagageira), também com a eficiência no pensamento. Por fim, propondo-se para um cliente mais executivo que gosta do seu status, o sedan conjuga um pouco de tudo isto, sendo que em Portugal apenas terá versão híbrida de 1.8 litros, enquanto os outros dois têm motor 1.2 turbo a gasolina e o novo híbrido 2.0 Dynamic Force de 180 CV de potência.

Na apresentação internacional, estes pontos de relevo de cada gama foram bem reforçados pelos engenheiros da marca, tratando de cunhar padrões de utilização para os modelos, sempre com a questão da motorização híbrida como fio condutor.

Puxe-se o fio

Puxando-se esse fio, entremos na definição dos híbridos. O sistema de 1.8 litros recorre a uma versão evoluída da anterior, com 122 CV de potência e 142 Nm de binário (do motor térmico), oferecendo-se como uma proposta equilibrada entre consumos e prestações, contando com bateria de iões de lítio (nos HB e TS) para maior eficiência e nova gestão do software híbrido. O motor elétrico de 53 kW e de 163 Nm de binário imediato aumenta o lado da eficácia.

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A sua melhor descrição é que continua tão eficiente como sempre, propondo baixos consumos mesmo com uma condução pouco regrada para um híbrido. Conduzimos esta motorização no Sedan e no compacto e, em ambos os casos, as respostas parecem melhoradas e eficientes, com o modo de condução ECO a dar, sempre que possível, primazia ao motor elétrico, conseguindo ao mesmo tempo gerir a carga da bateria (recarregando nas desacelerações e nas travagens) com suavidade. No Sedan, o amortecimento mais suave denota a sua apetência para uma condução pacata, com conforto reforçado, acima de tudo. No entanto, aumentando o ritmo, o chassis – assente na tal plataforma de nova geração mais rígida – responde de forma eficaz, com trajetória bem delineada em curva. A direção, nestes casos, parece mais filtrada e não tão comunicativa. Ainda no caso do Sedan, o ruído da solução e-CVT pareceu mais intrusivo do que no HB, no qual também pudemos avaliar este sistema de 1.8 litros.

Aqui, a nota é mais dinâmica. Amortecimento bastante competente (mais firme) e boa filtragem das irregularidades traduzem um ótimo compromisso, com motor responsivo e não tão audível no habitáculo, o que mostra o trabalho feito na insonorização. Um passo em frente, portanto. As respostas são bem conseguidas e os consumos, com uma condução absolutamente despreocupada pelas estradas de Palma de Maiorca mostraram elevadíssima eficácia. Com efeito, apenas com absoluta brutalidade de condução se pode atirar o consumo médio para cima dos seis litros, sendo bem simples colocar a média na casa dos quatro litros. No caso do Sedan, obtivemos 4,6 l/100 km de média e no HB ainda menos, com uma média de 4,4 l/100 km.

O 1.8 Hybrid conta com uma nova bateria de iões de lítio no HB e na Touring Sports, mantendo a de hidreto metálico de níquel (Ni-mH) no Sedan. A aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 10,9s, 11,1s e de 11s nos HB, TS e Sedan, respetivamente, partilhando a velocidade máxima (180 km/h). Já os consumos variam entre os 3,3 l/100 km no compacto e na carrinha e 3,4 l/100 km no Sedan (valores correlacionados NEDC) e emissões a partir de 101 g/km de CO2 (WLTP).

Subida de nível

A versão 2.0 Dynamic Force é totalmente nova, combinando motor 2.0 a gasolina de ciclo Atkinson (com 41% de eficiência térmica) a uma unidade elétrica, para uma potência combinada de 180 CV e um binário de 190 Nm (valor uma vez mais no caso do motor de combustão). O motor elétrico de 80 kW e de 202 Nm de binário tem uma bateria de hídretos de metal níquel associada. A caixa CVT Shiftmatic tem seis relações programadas com possibilidade de trocas de velocidade a partir de patilhas atrás do volante. O sistema beneficia da evolução do motor térmico com bloco em alumínio, redução da fricção interna, sistema Dual VVT-i de dupla injeção com controlo elétrico, sendo por isso mais eficiente. Além disso, foi posicionado numa posição mais baixa no carro, para reduzir o centro de gravidade.

Pudemos ensaiar esta variante na carrinha e as respostas assumem um pendor muito mais dinâmico, com prontidão de respostas em todos os regimes, beneficiando igualmente da energia elétrica fornecida de forma imediata para uma disponibilidade que aporta maior dinamismo quando necessário. Nesta versão, o motor é menos audível, anulando-se em grande medida uma das queixas usuais apontadas a estas motorizações híbridas.

Em ambos os casos, seja no 1.8, seja no 2.0, a entrada em ação do modo elétrico de forma frequente (no 2.0 podendo agora circular em modo elétrico até aos 115 km/h) traduz-se em maior eficácia geral, sobretudo em velocidades estáveis em vias rápidas ou autoestradas. O ganho na potência traduz-se também numa maior rapidez nas prestações: a aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em 7,9s e 8,1s no HB e na TS, respetivamente, com velocidade máxima idêntica de 180 km/h. As emissões partem nos 106 g/km de CO2 (WLTP) em ambas as carroçarias e o consumo parte nos 3,7 l/100 km em ciclo correlacionado NEDC.

A Toyota terá também disponível a motorização 1.2 Turbo a gasolina, que transita da geração anterior, com 114 CV de potência e 185 Nm de binário máximo, apenas para as carroçarias HB e TS. O Sedan não terá outra opção que não o 1.8 híbrido, como já se referiu.

Interior com maior qualidade

A Toyota quis igualmente privilegiar a comodidade a bordo, sobretudo em termos de insonorização, mas também ao nível da qualidade percebida dos materiais e da construção, subindo de nível neste ponto. Materiais macios na parte superior do tablier, com pespontos na consola central a marcarem uma aparência desportiva, a que se junta um ecrã central tátil com navegação e funcionalidades de conectividade reforçadas. Um dos pontos mais interessantes é o painel de instrumentos com três visualizações configuráveis, entre um mais convencional e outro mais tridimensional.

O espaço a bordo também varia consoante a versão, sendo mais ampla para os passageiros traseiros no caso da carrinha e da berlina (sedan), adotando uma posição de maior conforto para esses lugares (a distância entre eixos para o Auris carrinha cresceu em 100 mm comparativamente ao Corolla TS). O objetivo foi captar os utilizadores do Avensis, entretanto descontinuado. No caso da Touring Sports destaque ainda para o facto de ter uma bagageira com elevada versatilidade: piso duplo, rebatimento dos bancos a partir de comando nas laterais da mala e fundo da bagageira amovível com lado duplo, um de revestimento macio e outro de silicone fácil de limpar. Por exemplo, para quem necessita de transportar bicicletas ou material para desportos radicais.

Bem equipados

Um dos pontos reforçados pela Toyota é o do equipamento, com os Corolla a surgirem de série com uma boa dotação neste campo, tanto nas funcionalidades de comodidade, como nas de tecnologia e de assistência à condução (neste caso com a evolução do Toyota Safety Sense).

Nos HB e TS, parte do nível Active, com jantes em aço de 15″, óticas traseiras LED, luz de circulação diurna LED, sensor de luminosidade, ecrã TFT de 4.2″, ar condicionado manual (1.2T) ou automático bi-zona (Hybrid), cruise control adaptativo (ACC) e travão de parque elétrico, além do já referido pack Safety Sense.

Já o nível Comfort, acrescenta jantes em liga leve de 16”, volante em pele, Toyota Touch 2 com ecrã de 8″, AC dual auto (1.2T), câmara traseira e o nível Comfort+Pack Sport junta ainda jantes em liga leve de 17″, vidros traseiros escurecidos, sensor de chuva, faróis de nevoeiro, espelho eletrocromático, retrovisores retráteis e ecrã TFT de 7″.

O motor 2.0 Hybrid Dynamic Force está disponível apenas com os equipamentos superiores: Square Collection, Exclusive e Luxury, este exclusivo para este sistema híbrido.

Preços

Quanto aos preços, a gama começa nos 21.299€ para o HB com motor 1.2 Turbo e nos 22.499€ para o mesmo motor em versão carrinha, ambos em nível de acesso Active. Já os híbridos arrancam nos 25.990€ para o 1.8 Hybrid HB e nos 27.190€ para o Hybrid TS, também em nível Active. As versões 2.0 Hybrid Dynamic Force acrescentam 2870€ aos preços do 1.8, quer no compacto, quer na carrinha.

Por último, bem mais simples, o Sedan, com três equipamentos: Comfort, Exclusive e Luxury, com os preços a começarem nos 28.250€.

As primeiras entregas vão ser feitas no fim de semana de 16 e 17 de março.

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