Panamera: Dez anos de um Porsche que desafiou convenções

27/04/2019

Há uma década, a Porsche surpreendia os seus entusiastas e a indústria automóvel ao apresentar uma nova berlina de grandes dimensões com quatro portas, o Panamera, ostentando uma filosofia de luxo e de requinte aliada à desportividade tradicional da marca de Estugarda.

A ideia de um ‘Porsche para quatro’ sempre rondou o pensamento estratégico da marca no decurso dos seus mais de 70 anos de existência. Na década de 1950, a marca desenvolveu um modelo de quatro portas baseado no 356. Denominado Type 530, este Porsche apresentava uma distância entre eixos mais ampla, portas maiores e um tejadilho mais alto atrás. Outros se seguiram, incluindo um protótipo baseado no 911 e na década de 1980 variantes mais compridas do 928. Um deles foi utilizado por Ferry Porsche como seu carro particular.

Em 1988, nova tentativa com o Type 989, um coupé de quatro portas com espaço para dois adultos na traseira e um motor V8 na dianteira, configuração tipicamente Gran Turismo. Alguns elementos de design do 989 foram depois incorporados no 911 de geração 993, mas nunca passou à produção com o seu desenvolvimento a ser parado no início de 1992.

Luz verde para o Panamera

Depois tudo mudou. No início do milénio, a Porsche voltou à ideia de uma berlina de luxo, levando a cabo diversos estudos de mercado e análises da concorrência para desenvolver um modelo de quatro portas, que era um desejo do então presidente Wendelin Wiedeking. Nas especificações desse modelo deveriam estar credenciais como a dinâmica de condução, espaço generoso e, claro, visual Porsche. Surgiram três prototipos – “Mirage”, “Meteor” e “Phantom” – com o Panamera a ter mais elementos em comum com o ‘Mirage’, mesmo que a inspiração dos três tivesse sido aplicada no modelo de produção.

O nome foi escolhido depois: Panamera, inspirado pela corrida mexicana ‘Carrera Panamericana’.

Era a entrada da Porsche num novo segmento, com o Panamera a ser revelado em abril de 2009 como o seu primeiro Gran Turismo. O seu sucesso suplantou mesmo as expectativas iniciais: a Porsche previa a produção de 20 mil unidades por ano, mas até ao momento já foram vendidas mais de 235 mil unidades em dez anos.

Mas foi também um modelo que serviu de plataforma de ensaios para novas tecnologias, como refere o então vice-presidente da gama de produto da Porsche, Michael Steiner (atualmente, membro do Conselho de Administração na área da Pesquisa e Desenvolvimento).

“Como plataforma tecnológica para inovações que foram depois transferidas para outros modelos, o Panamera desempenhou um papel importante na caracterização dos últimos dez anos da história da marca. Com as suas variantes híbridas de alta performance, é agora, acima de tudo, um porta-estandarte da mobilidade elétrica na Porsche”, refere Steiner sobre este modelo de cinco portas.

O primeiro Panamera era conhecido internamente como G1 e rapidamente estabeleceu novos parâmetros na sua classe, com destaque para a introdução da suspensão pneumática no Panamera Turbo ou o spoiler ajustável na traseira. A gama do modelo rapidamente cresceu com potências a variarem entre os 250 e os 550 CV, extraídas de unidades motrizes a gasolina, Diesel e híbridas, além de variantes de tração integral e traseira. Entre os seus méritos, o Panamera conseguiu estabelecer-se como um modelo de grande sucesso no mercado chinês, onde contava com uma versão específica de maior distância entre eixos e potência de topo mais elevada (570 CV).

Em 2016 surge a segunda geração (G2), uma evolução explícita do modelo original, com uma novidade, porém: uma carroçaria Sport Turismo que se juntou à de distância entre eixos standard e longa. Mais desportivo e elegante, o Panamera de segunda geração manteve um traço familiar e evoluiu nos aspetos dinâmicos e técnicos, com destaque para sistemas de chassis avançados como a suspensão pneumática com três câmaras de ar, eixo traseiro direcional ou barra estabilizadora elétrica. As potências variavam entre os 330 CV e os 680 CV do Plug-in híbrido.

O atual modelo é integralmente produzido na fábrica da Porsche em Leipzig, na Alemanha, contando com três tipos de carroçaria.

Híbridos com alma de supercarro

Com o Panamera, a Porsche deu pontapé de saída para a eletrificação, ainda em 2011. O Panamera S Hybrid era o Porsche mais económico da marca apesar dos seus 380 CV. Dois anos apenas passados surgia um Panamera S E-Hybrid como primeiro Plug-in híbrido com uma potência de 416 CV e 36 quilómetros de autonomia elétrica. Com a segunda geração, a estratégia aprofundou-se com muita da tecnologia trazida do superdesportivo 918 Spyder a ser aplicada na gama Panamera, tanto no Panamera 4 E-Hybrid de 462 CV, como no mais potente Panamera Turbo S E-Hybrid com 680 CV de potência total.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.