A terceira geração do Peugeot 3008 ganha uma versão 100% elétrica e um estilo renovado, conjugando os aspetos práticos de um SUV com um design agressivo e mais desportivo. A Peugeot já tem no mercado a mais recente geração do seu SUV 3008, que o Motor24 testou na sua variante 100% elétrica, E-3008.

 

Texto: Eduardo Rodrigues

Este automóvel iniciou a sua carreira há cerca de 16 anos, em 2008, como MPV (Multi Purpose Veichle), tendo depois evoluído para o conceito de SUV, em 2016. Com a terceira geração, este modelo passa a “SUV Fastback” ou aquilo a que simplesmente se poderia também chamar de “SUV Coupé”.

Depois de o 3008 original ter inovado ao receber a motorização HYbrid4 do grupo PSA, o primeiro “powertrain” híbrido do mundo, num automóvel de grande série, baseado numa motorização diesel, a terceira geração é agora a primeira a ter a honra de ser criada com base na nova plataforma STLA Medium, sobre a qual o grupo Stellantis também irá produzir a terceira geração do Peugeot E-5008 bem como o novo Opel Grandland.

Tal como outra variantes desta plataforma, caso da STLA Small, adotada pelo Citroën ë-C3, esta é uma plataforma que sendo multi-energia (haverá versões híbridas e PHEV este carro) foram pensadas como “BEV first”. Ou seja, sem compromissos paras as variantes 100% elétricas.

O design
O estilo agressivo e desportivo é efetivamente a primeira coisa que chama a atenção neste carro, não só a nós, mas a quem o via na rua – foram muitos os “pescoços torcidos” que observámos pelo canto do olho ao passearmos pela cidade.

Até porque há detalhes que, se é verdade que só mais tarde reparamos, ajudam a criar este desenho, de alguma forma marcante. É o caso da ocultação das juntas vedantes dos vidros laterais nas portas, que contribui para o design elegante do perfil lateral do carro, e do facto de todas as peças cromadas terem sido removidas e de o número de inserções decorativas na carroçaria ter sido igualmente reduzido.
A unidade que recebemos para teste foi um E-3008 GT, com bateria de 73 kWh e cujo motor elétrico transfere 157 kW (210 CV) ao eixo dianteiro.

Interior – cockpit
A expetativas criadas pelo design exterior são mantidas quando entramos no habitáculo do E-3008. O painel de instrumentos e o sistema multimédia (que inclui todos os elementos de controlo do veículo, navegação, climatização, etc.) foram fundidos num ecrã único de 21’’ que se estende de forma ligeiramente curva, dando ao condutor uma sensação de controlo e de que se encontra num cockpit – sensação essa reforçada pela consola central, igualmente assimétrica e curvada em direção ao banco do lado esquerdo.

No entanto, tecnicamente, continuam a ser dois ecrãs separados (embora integrados no já referido painel contínuo), já que só a parte direita é tátil. Esta merece referência pela positiva pelo elevado grau de personalização que permite, bem como a rápida resposta aos comandos táteis.

Um terceiro ecrã tátil, mais estreito e instalado logo abaixo, junto ao friso onde normalmente encontramos os botões físicos para as diferentes funcionalidades, oferece atalhos diretos para uma série de funções, permitindo facilmente ligar e desligar os sistemas ADAS mais intrusivos, caso necessário, por exemplo. Também estes atalhos são personalizáveis e o ecrã oferece feedback sonoro ao ser manuseado.

A Peugeot não esqueceu também quem prefere comandos físicos. Além dos botões no volante, podemos controlar o grau de regeneração através de patilhas atrás do volante (de 1 a 3, sendo que os níveis 2 e 3 acionam as luzes de stop) e encontramos igualmente botões físicos de acesso direto à climatização.

Uma palavra positiva adicional para registar a presença de conectividade Apple Car Play e Android Auto sem fios, que funciona de forma bastante boa (testámos com smartphone Android), sem quaisquer problemas de desempenho nem de emparelhamento.

Interior – arrumação e lugares traseiros
Em termos de espaços de arrumação, encontramos à frente um porta-luvas tradicional, mas também arrumação na consola central, bem como um carregador sem fios sob o tabelier.

O espaço atrás é bastante generoso, quer longitudinalmente, quer em largura, o que abona em favor da plataforma STLA Medium. Ao contrário do que por vezes encontramos em automóveis elétricos de conceção mais antiga, criados a partir da adaptação de plataformas oriundas da combustão, esta plataforma multi-energia parece ter conseguido alcançar a “quadratura do círculo”, sem compromissos aparentes.

A mesma sensação decorre quando abrimos a bagageira (portão elétrico), a qual oferece um espaço muito generoso (588 litros), incluindo um fundo falso para guardar os cabos de carregamento – algo crucial, já que não existe qualquer “frunk”, ou seja, bagageira sob o capot.

Uma última palavra para os materiais usados nesta versão GT, quer à frente quer atrás, de boa qualidade e onde houve o cuidado de evitar plásticos duros nas superfícies nas quais iremos tocar diretamente ao manusear o veículo.

Desempenho dinâmico
Este novo 3008 vai estar apenas disponível em versões eletrificadas (híbrido e híbrido plug-in) e, no caso do E-3008 testado, 100% elétrica. Neste caso, temos um motor elétrico, produzido pela marca em França, com 210 CV.

É um valor suficiente para mover as mais de duas toneladas deste carro, até pelas habituais características de binário instantâneo que os motores elétricos nos oferecem, e também adequado a todos os que escolherem este veículo como um familiar “bem-comportado”.

No entanto, quem olhar para as linhas desportivas deste carro e assumir que elas deixam antever um desempenho igualmente desportivo, irá ficar desapontado. O E-3008 responde quase instantaneamente a qualquer solicitação do condutor – especialmente em modo “sport”, no qual a resposta do acelerador é melhorada e a direção se torna mais pesada – mas fá-lo de forma relativamente calma: cerca de 8 segundos dos 0 aos 100 km/h.
No entanto, temos que reconhecer que, na prática, o desempenho dinâmico é muito bom, com níveis de rolamento em curva bastante controlados e uma suspensão com um excelente compromisso entre conforto e desportividade. A verdade é que nunca sentimos falta de potência em situações de condução normais.

Apenas uma pequena nota negativa para a visibilidade para trás, que piorou face à versão anterior, e por duas razões: a maior inclinação do perfil e a decisão correspondente de prescindir de um limpa para-brisas no óculo traseiro. O facto de termos feito quase todo o teste à chuva, também não ajudou!

Tecnologia elétrica
A Peugeot dotou este E-3008 de uma bateria com uns generosos 73 kWh, que oferecem uma autonomia WLTP (que não tivemos oportunidade de confirmar na prática) de 525 km, um valor excelente para um carro onde se quer meter toda a família e partir de férias sem preocupações.

A bateria pode ser recarregada em DC até 160 kW e o carro inclui um carregador trifásico AC de 11 kW, podendo ser instalado um de 22 kW como opção. Uma versão “long range” que surgirá mais tarde irá oferecer ainda maior autonomia: cerca de 700 km WLTP a partir de uma bateria de mais de 96 kWh.

Mas nem só de autonomia vive a tecnologia elétrica deste E-3008. A Peugeot dotou este carro da função V2L (Véhicule to Load), a qual permite alimentar um aparelho elétrico através da bateria de alta tensão, ou até carregar outro veículo – por exemplo, uma bicicleta elétrica – já que o sistema pode fornecer até 3kW e 16 A.

Prós
Desenho exterior e interior
Espaço e qualidade dos materiais
Conforto, sem descurar a condução desportiva
Autonomia e opções de carregamento
Funcionalidade V2L

Contras
O design desportivo promete maiores performances
Visibilidade traseira
Preço

Veredito
O novo Peugeot E-3008 deve constar da “short list” de qualquer consumidor à procura de um carro elétrico verdadeiramente familiar, capaz de transportar confortavelmente 5 pessoas e respetivas bagagens, mas com um design desportivo e cativante. O seu comportamento dinâmico e a sua grande autonomia prometem viagens sem stress.
Disponível a partir de 46.150 euros (versão Allure, PVP de lançamento para clientes particulares).