A Renault está a ser investigada pela justiça francesa na sequência de suspeitas de que as emissões poluentes dos seus carros com motores Diesel são muito superiores às homologadas. Esta alegação de possível “fraude” por parte das autoridades gaulesas tem em mira os motores Diesel do fabricante, embora a Renault mantenha a sua posição de que os seus veículos cumprem com a legalidade.

Os órgãos de comunicação franceses, como o Le Figaro, dão conta da abertura de uma ação de investigação judicial por parte dos magistrados de Paris, com três juízes de instrução encarregues de investigar uma eventual “fraude nas qualidades substanciais e nos controlos efetuados nessa circunstância que tais feitos possam ter como consequência a perigosidade dos bens para a saúde de pessoas e de animais”.

O Ministério da Ecologia, Desenvolvimento Sustentável e da Energia de França, liderado por Ségolène Royal, tem sido particularmente feroz no combate às emissões poluentes e na procura de potenciais infratores após a revelação do Caso Volkswagen de manipulação de emissões em 2015, tendo efetuado ainda nesse ano uma série de ensaios de despiste a modelos Diesel de diversas marcas para tentar descobrir eventuais infratores. A Renault, como uma das marcas analisadas, chegou a ter buscas efetuadas nos seus escritórios em França em dezembro, seguindo-se ações semelhantes nas semanas seguintes noutros fabricantes de automóveis.

No ano passado, a denominada Comissão Royal, estabelecida por Ségolène para investigar os níveis de emissões poluentes emitidos pelos construtores, determinou num estudo que a marca tinha níveis de emissões superiores aos anunciados, não sendo a única, mas não conseguiu descobrir quaisquer indícios da existência de manipulação de consumos ou de emissões.

Um dos pontos que a Comissão Royal conseguiu descortinar, no entanto, foi a existência de fortes discrepâncias entre os dados obtidos em laboratório e os registados em testes reais no caso da Renault.

No passado mês de nomebro, a Direção Geral da Concorrência, do Consumo e da Repressão de Fraudes (DGCCRF), que investigou a Renault anteriormente, transmitiu as suas conclusões aos magistrados de Nanterre, indicando que tinha dados relevantes sobre os procedimentos da Renault face às emissões de óxido de azoto (NOx), que é um dos elementos mais nocivos para a saúde humana.

Renault garante legalidade

A marca, contudo, defende-se das acusações e sempre garantiu que os seus carros cumprem a totalidade das normas europeias para o controlo das emissões poluentes: “A Renault cumpre com todos os regulamentos franceses e europeus. Os veículos da Renault são todos e sempre foram homologados em concordância com as leis e regulações”, escreveu a marca em comunicado.

“O Grupo Renault toma nota, sem ter tido ainda qualquer confirmação oficial, da abertura das investigações judiciais” por parte das autoridades gaulesas, reconhecendo que, nesta nova etapa, o tribunal de Paris pretende continuar as suas investigações.

Enaltece, ainda, que “os veículos Renault não estão equipados com software fraudulento que afete os sistemas anti-poluição”.

Além disso, em resposta às questões da justiça gaulesa, a marca mostrou-se empenhada nos esforços para reduzir as emissões dos seus veículos.