Estreada com os Alfa Romeo Giulia e Stelvio, a plataforma Giorgio, que foi um dos derradeiros grandes projetos de engenharia da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) sob alçada do malogrado Sergio Marchionne, deverá ser descartada pela Stellantis, considerando que a mesma não foi pensada para abraçar a eletrificação crescente dos automóveis.

A informação, partilhada sobretudo pelos órgãos de comunicação italianos, dá conta de que o novo gigante automóvel que nasceu da junção entre a FCA e a PSA irá abandonar a plataforma Giorgio, com a Stellantis a privilegiar a simplificação de arquiteturas para os automóveis das diversas marcas, algo que já é feito com a partilha das plataformas CMP e e-CMP por marcas como a Peugeot, Citroën, DS Automobiles e Opel, que eram todas do núcleo da PSA, liderada por Carlos Tavares.

Defensor da redução de custos e da operacionalização de recursos e de benefícios, o português olha para a eletrificação como um elemento fulcral da estratégia futura das diversas marcas da Stellantis, algo que a plataforma Giorgio não terá possibilidade de acomodar, de acordo com as mais recentes informações também aventadas pelo novo CEO da marca italiana, Jean-Philippe Imparato, que reforçou em conferência com os jornalistas italianos que também a Alfa Romeo deverá recorrer à plataforma STLA para os automóveis de maiores dimensões.

“Quando vês que a Europa te impõe uma redução de 60% no CO2 em 2030 se não segues a eletrificação estás morto”, esclareceu o CEO da marca italiana, clarificando então que “estamos a trabalhar na plataforma Large da Stellantis e não utilizaremos mais a Giorgio. Devemos tirar partido dos volumes para abraçar todas as oportunidades possíveis e trazer uma gama de veículos elétricos para a Alfa Romeo, mas sempre com um toque de Alfa Romeo”, afirmou Imparato ao site Quattroruote, destacando que as metas ambientais impostas na Europa para os automóveis de passageiros obrigam a adotar uma estratégia diferente e focada, quase por inteiro, nos modelos elétricos.

De forma ambígua, apesar de dizer que a Giorgio não será utilizada novamente, Imparato terá reforçada de forma sucessiva ao longo dessa sua comunicação com os média italianos que será integrada no sistema de arquiteturas da Stellantis, embora tal não indique em que medida é que a plataforma poderá ser utilizada no futuro.

A admissão de uma eventual inadequação entre a técnica pensada anteriormente pela FCA e as metas de emissões que são progressivamente apertadas pela União Europeia e por outros Estados terá sido outra das considerações recentes da Stellantis após a fusão, tendo também entendido que o novo Tonale, SUV médio que a Alfa Romeo deveria lançar ainda este ano, será atrasado para introduzir já a tecnologia híbrida plug-in. O seu lançamento irá ter lugar no final do primeiro semestre de 2022.

Quadrifoglio viverá

A gama de desportivos da marca italiana será continuada, com o plano de produto previsto pela Alfa Romeo a acomodar uma linha de produtos Quadrifoglio, adaptado aos novos tempos.

“Vejo os americanos, chineses, alemães… o futuro são duas toneladas de bateria e 1500 CV? Não sei. O futuro Alfa Romeo é um futuro de elétrico com carros de seis metros? Não sei. Aquilo que sei é que nasci com um Giulia 1300, que o meu pai tinha um Alfetta e que o primeiro carro da minha mulher foi um Alfasud, pelo que é também de considerar que a nossa ‘tribo’ precisa de ter acesso a máquinas que te deem sensações com um ‘budget’ humano, em vez de modelos de topo com performance extrema”, afirmou.

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