A marca francesa continua a ampliar a gama de motores de um dos seus veículos mais vendidos, o C4. Esta berlina reinventada com ares de SUV, destaca-se sobretudo pela imagem, que rompe com alguns cânones do segmento, até porque, apesar de “guerrear” contra modelos como os Volkswagen Golf e Ford Focus, acaba por ter uma altura ao solo mais elevada.

Com o objetivo de reforçar uma gama já de si muito completa do Citroën C4, aos motores BlueHDI de 130 CV, Puretech de 130 CV e versão elétrica, juntou-se recentemente um bloco 1.2 Puretech de maior potência que atinge os 155 CV e surge sempre acoplado à caixa automática EAT8.

Este motor denominado EB2 foi desenvolvido sob o critério do “downsizing”, de forma a melhorar os consumos e as emissões graças à redução de tamanho, cilindrada e número de cilindros. Basicamente é um três cilindros de 1,2 litros, injeção direta, sobrealimentado, com filtro de partículas e distribuição variável na admissão e no escape. O turbo tem um controlo eletrónico da pressão de sobrealimentação com o qual consegue atingir um binário máximo de 240 Nm logo às 1750 rpm (230 Nm para o de 130 CV).

Mas há mais novidades, principalmente para se reduzir o consumo. Passa a contar com uma bomba de óleo pilotada, controlada eletronicamente e com eletroválvula para gerir o caudal da entrada do óleo no motor. Os segmentos e os acionadores das válvulas são produzidos num material chamado DLC (Diamond like Carbon) algo como carbono com as características do diamante, para reduzir o desgaste e o esforço.

Mais 25 CV

Para aumentar a potência, logo para passar dos 130 para os 155 CV, foram realizadas modificações no circuito da admissão, velas, injetores, caudal do turbo, cambota e pistões. Todas estas alterações fazem desta a melhor opção dentro da gama C4, pelo seu equilíbrio entre potência e consumo. Durante o teste, no qual percorremos mais de 700 km, a média rondou os 7,0 l/100 km e até podia ter sido mais baixa, se andássemos constantemente com o modo ECO ativado. Mas preferimos rolar no modo Normal ou Sport, o que acabou por levar os consumos para valores um pouco mais altos.

E porque não o modo ECO? Porque a baixas rotações parece que não tem vida, falta-lhe vigor. Pisa-se o acelerador e não há resposta, sobe de regime lentamente e desilude, por exemplo, numa ultrapassagem. Acontece precisamente o contrário com os outros perfis, onde a eletrónica é mais permissiva e dá “carta verde” aos cavalos. É um motor vigoroso, que acima das 1900 rpm está constantemente disponível.

Sejamos sinceros, a versão de 130 CV chega e sobra, mas se puder gastar mais uns euros, um valor de potência mais elevado é sempre bem-vindo. Este motor vem acompanhado pela caixa automática EAT8 de conversor de binário que se destaca mais pela suavidade do que pela rapidez, ainda que, convém frisar, que em modo manual está longe de ser lenta (as passagens são feitas através de patilhas no volante). É apenas pouco precisa nalgumas reduções, deixando escapar alguns “esticões” da transmissão para o volante.

Confortável como nenhum outro

Todavia, um dos grandes argumentos desta berlina é o conforto. A suspensão é uma maravilha com amortecedores progressivos hidráulicos e bancos que não deixam transparecer a fadiga e que filtram, ainda mais, as irregularidades do piso. Quase que nos atrevemos a dizer que este C4 é o carro mais confortável do segmento e um dos melhores para viajar.

Claro que esta vantagem traz outras desvantagens. A condução mais desportiva com o C4 por um emaranhado de curvas é pouco convidativa. Adorna bastante e demonstra que não tem aptidão de desportivo, até porque não foi desenvolvido com este propósito.

No interior, encontramos uma imagem moderna. O painel de instrumentos é digital e tem cinco modos de visualização diferentes, todos minimalistas, mas funcionais. Espaços de arrumação também não faltam. Os passageiros traseiros têm muito espaço para pernas, para a cabeça e até existe um tejadilho panorâmico nesta versão Shine Pack, exclusiva deste motor. Os bancos são muito cómodos e a posição de condução mais elevada, lembra sempre um SUV. A bagageira está na média do segmento para um familiar: comporta 380 litros e tem um bocal de carga imenso.

Quanto ao preço, e sendo um motor mais exclusivo associado a uma versão de equipamento também ela mais equipada, fica-se pelos 30.767 euros, um valor elevado que compensa o facto de ter um motor mais potente com uma lista de equipamento onde não falta praticamente nada.


MAIS
Conforto referencial
Motor muito competente
Habitabilidade e funcionalidade
Equipamento

MENOS
Agilidade em percursos sinuosos
Bagageira poderia ser maior
Concentração de funcionalidades no ecrã tátil

Ficha Técnica
Citroën C4 1.2 Puretech 155 EAT8 Shine Pack
Motor: Gasolina, 1199 cc, 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Potência: 155 CV às 5500 rpm
Binário: 240 Nm às 1750 rpm
Transmissão Tração dianteira, caixa automática de 8 vel.
Aceleração 0-100 km/h 8,5 s
Velocidade máxima 208 km/h
Consumo de combustível (WLTP) 6,0 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 133 g/km
Dimensões (C/L/A): 4360/1800/1525 mm
Distância entre eixos: 2670 mm
Pneus 195/60 R18
Peso 1374 kg
Bagageira 380-1250 litros
Preço 30.767€
Gama desde 21.107€

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