Além da aparência desportiva da vertente vRS, acrónimo utilizado nos modelos de aptidões mais dinâmicas, a carroçaria Coupé sobressai como um ótimo reforço para a gama do Enyaq, o primeiro da marca com base na plataforma MEB para automóveis elétricos. Como é usual por parte da Skoda, um trabalho muito bem feito que congrega funcionalidade com estilo mais clássico e elegante.
Aqui, a linha de tejadilho e a da traseira tornam-se destaques, chamando a atenção para linhas que se aproximam de as de um coupé mais convencional, mesmo que aqui naturalmente sobrelevado. Ou não fosse baseado num SUV. Qualquer que seja o ângulo de observação, o Enyaq Coupé torna-se distinto e robusto, com tejadilho descendente, traseira com pequeno spoiler e as grandes jantes de 20 polegadas a contribuírem para essa tal sensação de musculatura geral.
Na dianteira, destaque para os faróis com tecnologia Matrix LED, mas também para a grelha luminosa Crystal Face, além de entrada de ar inferior de grandes dimensões conjugada com elementos em preto brilhante que tonam a frente bem mais larga. Os diversos vincos na carroçaria também acentuam o volume e a sensação de irreverência desta proposta, que mede 4653 mm de comprimento, 1879 mm de largura e 1622 mm de altura. São números que lhe permitem já oferecer um interior francamente folgado, com muito espaço para até quatro adultos, sobretudo no que toca à área para a colocação das pernas.
Por outro lado, nem tudo são ‘rosas’ e a linha descendente do tejadilho retira-lhe um pouco da altura disponível do assento (mais elevado do que os da frente) ao tejadilho, ainda que não seja nada de incomodativo para quem meça até 1,85 m de altura. Na bagageira, perde também 15 litros (para 570 litros) face aos 585 litros da versão SUV. Também aqui, nada de grave, contando ainda com fácil acesso à bagageira com portão elétrico e bocal bastante amplo.
Interior cuidado e desportivo q.b.A bordo, o ambiente é extremamente cuidado e elegante, com a Skoda a jogar bem as suas ‘cartas’ desportivas ao dotar este modelo de bancos desportivos (com encosto de cabeça integrado) que suportam o corpo de forma exemplar, recebendo ajuste elétrico com memória para o banco do condutor. O revestimento em pele/camurça ‘Suedia Soul’ também eleva a fasquia.
A qualidade de construção é muito elevada, com painéis muito bem montados, não faltando alguns detalhes a simular fibra de carbono, por exemplo, no tablier, aqui juntando-se a material macio ao toque, bem como pedais em alumínio e volante desportivo. A vertente tecnológica fica a cargo da combinação de um painel de instrumentos digital de 5.3 polegadas, que informa apenas o essencial e que é reforçado pelo sistema head-up display para a fatia maior das informações ao condutor. Como noutros modelos com base MEB, o painel de instrumentos é reduzido nas suas potencialidades de personalização.
Já o ecrã central tátil tem 13 polegadas, servindo de base para o sistema de infoentretenimento de terceira geração, ao qual não faltam funcionalidades de navegação, registo de dados de condução e conectividade via Bluetooth com o smartphone, além dos cada vez mais costumeiros Android Auto e Apple CarPlay sem fios. É também pelo ecrã que o condutor pode ter acesso ao sistema de auxílio ao estacionamento 360º com base em câmaras, num sistema muito completo e útil. As teclas de ‘atalho’ abaixo do ecrã central são bem-vindas.
Mais desportivo, com rigor
Detalhes à parte, as prestações do Enyaq vRS Coupé são empolgantes, mesmo tratando-se de SUV pesado (2.2 toneladas de peso). A energia proporcionada pela dupla de motores elétricos quando em modo ‘Sport’, que é o mais desportivo daqueles que a marca oferece, permite acelerações e retomas desportivas e possantes, sendo esta uma qualidade de destaque do modelo checo, a que se junta ainda uma boa eficiência, quando ativado o modo ‘Eco’ que também torna o conjunto bastante eficiente, com o valor do nosso ensaio a cifrar-se nos 16.2 kWh/100 km – extremamente bom e abaixo do valor oficial homologado pela marca (16.7 kWh/100 km).
Vale bastante a pena jogar com os modos de regeneração a partir das patilhas atrás do volante e recorrer ao modo ‘B’ de condução, que acentua a desaceleração e a consequente regeneração. A bateria de 82 kWh (77 dos quais úteis) permite uma autonomia realista em torno dos 470 a 490 quilómetros, sendo de notar também que o acionamento do ar condicionado impacta neste valor. Para carregar, máximo de 135 kW nos postos de carga rápida
Ao nível do chassis, a variante vRS beneficia de um acerto mais desportivo com modos de condução de série e suspensão desportiva que rebaixa a dianteira em 15 mm e a traseira em 10 mm face ao Enyaq SUV. Adicionalmente, a adição do Controlo Dinâmico de Chassis (DCC) traz consigo um alargamento nas possibilidades de afinação do chassis e da condução, tornando o amortecimento mais responsivo perante cada situação – mais firme em modo ‘Sport’ e o oposto nos demais –, havendo uma notória diferença no comportamento.
O dinamismo quando em modo ‘Sport’ é reforçado e a carroçaria torna-se menos dada a balanceios em curvas mais rápidas, sobressaindo igualmente pela qualidade de rolamento. A ação da tração integral no modo ‘Sport’ torna-se evidente quando em curvas mais rápidas, com um efeito tremendamente linear na trajetória, com enorme segurança e competência, mostrando uma eficácia digna de registo. Claro está que não é propriamente emotivo no sentido de ser provocado e deixar o condutor exprimir maiores veleidades, mas o Enyaq Coupé 80x vRS não deve ser encarado como essa mesma proposta de aptidões desportivas puristas, mas como um SUV de conforto sublinhado com a possibilidade de ser conduzido de forma muito rápida, estável e segura. A direção também ajuda grandemente, sendo direta e responsiva.
Com um custo base de 65.614€, o Enyaq vRS 80x Coupé conta com um leque de equipamento muito completo, mas há muito equipamento para escolher nos packs opcionais, com a unidade ensaiada a demarcar-se pela pintura metalizada (680€) e pelo Pack RS Advanced com Alarme (3140€), que inclui várias tecnologias importantes como o chassis adaptativo, bancos traseiros aquecidos, head-up display com realidade aumentada ou sistema de som da Canton. Ainda assim, um valor que não deixa de ser algo elevado face a alguma concorrência.
VEREDICTO
Uma forma bastante interessante de viver a eletrificação plena, com o Skoda mais potente de sempre a provar-se competente dinamicamente, mas também um modelo refinado, robusto e eficiente, aliado a um espírito desportivo que está longe de ser extremo, mas que valoriza a precisão e o equilíbrio geral.
Valoriza-se ainda a construção e a robustez geral, já característica dos mais recentes modelos da Skoda, bem como a funcionalidade, assinalada pelo muito espaço a bordo e pelas soluções de arrumação. Se o Enyaq era já um elétrico de bons atributos, o formato coupé adiciona-lhe um ‘look’ desportivo que enriquece a gama e que funciona bastante bem.
Estilo desportivo
Condução muito precisa e equilibrada
Consumo comedido
Habitabilidade e arrumação
Prestações
MENOS
Opcionais em ‘pacote’
Tato do pedal de travão não é ideal
Quem quiser desportivo à ‘séria’… desengane-se
Preço
FICHA TÉCNICA
Skoda Enyaq iV 80x Coupé vRS
Motor Duplo motor elétrico, um por eixo (assíncrono dianteiro/síncrono traseiro)
Potência 220 kW/299 CV (máximo por 30 segundos)
Binário 460 Nm
Bateria 82 kWh (77 kWh úteis)
Transmissão Caixa automática; tração integral
Aceleração 0-100 km/h 6,5 segundos
Velocidade máxima 180 km/h
Consumo médio WLTP 16.7 kWh/100 km
Autonomia (WLTP) 522 km
Carregamento 7h30 de 0-100% a 11 kW (AC); 36 min de 0-80% a 135 kW (DC)
Dimensões (C/L/A) 4653/1879/1607 mm
Distância entre eixos 2768 mm
Peso 2264 kg
Bagageira 570-1610 litros
Pneus (série) 235/50 R20 (D) – 255/45 R20 (T)
Preço 65.614€
Gama desde 50.600€
Principal equipamento opcional: pintura metalizada (680€); Pack RS Advanced com Alarme (3140€).
Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.
AVALIAÇÃO | |
Qualidade geral 9.5 | |
Prestações 9 | |
Espaço 9 | |
Segurança 9 | |
Condução 9 | |
Consumos 9 | |
Preço/equipamento 8.5 | |
9 PONTUAÇÃO GERAL |