Vendas da Tesla caem para metade em janeiro na Europa

07/02/2025

As vendas da Tesla caíram mais de 50% na Europa. O movimento é transversal e Portugal não foi exceção à tendência que poderá ter várias explicações.

 

A queda das vendas da Tesla em nove mercados foi de 50,6%, quando comparadas com janeiro do ano passado. A tendência é geral, diferindo apenas na grandeza da Tesla.

Portugal foi o segundo país em que a prestação da Tesla foi melhor em janeiro e mesmo assim a queda foi de 31%, de acordo com dados citados pelas agências noticiosas, tendo vendido 380 unidades. Os dados da ACAP – Associação Automóvel de Portugal são ligeiramente diferentes (29,1%/389), mas a leitura mantém-se.

Se no Reino Unido a queda foi de 18,2%, a mais baixa, em Espanha a quebra de vendas da Tesla atingiu os 75,4% em janeiro relativamente ao período homólogo.

Foram analisados nove mercados europeus (Alemanha, Reino Unido, França, Países Baixos, Noruega, Espanha, Suécia, Dinamarca e Portugal) onde, no conjunto foram vendidas em janeiro 6.794 unidades da Tesla, quando em janeiro de 2024 a marca tinha conseguido vender 13.706 automóveis.

As campanhas de preço e benefícios agressivas da Tesla no final de 2024 ou a espera pelo novo Model Y são argumentos válidos para a diminuição da venda da marca.

Mas o mesmo aconteceu o ano passado, com a marca norte-americana a ter um marketing agressivo no final de 2023 e a lançar uma nova geração em janeiro do Model 3.

O comportamento dos consumidores é que é muito diferente e a variável é Elon Musk, o seu papel na Administração Trump e as suas tomadas de posição de apoio aos partidos de extrema-direita na Alemanha e também em Inglaterra.

A percentagem de suecos que têm uma opinião positiva sobre a Tesla desceu para 11% numa sondagem da Novus realizada após a tomada de posse de Trump, contra 19% numa sondagem semelhante realizada entre 15 e 17 de janeiro, enquanto os que disseram ter uma opinião negativa subiram de 47% para 63%. Na Suécia, a queda foi de 46% nas vendas.

Na Alemanha, a quebra de vendas da marca norte-americana foi de 60% em janeiro, mês em que o mercado de automóveis 100% elétricos cresceu 53% naquele país relativamente ao período homólogo.

Há analistas que afirmam que as causas podem ter apenas a ver com o mercado.

“A influência de Musk na marca está a tornar-se cada vez mais polarizadora, levando muitos compradores a procurar noutro lado”, sublinha o CEO da Electrifying.com.

“Com mais de 130 modelos de EV convencionais atualmente disponíveis no Reino Unido – em comparação com apenas 25 em 2020 – a concorrência nunca foi tão feroz e a Tesla já está a sentir a pressão”, sublinha Ginny Buckley.

No mesmo sentido, o presidente executivo do grupo de investigação New AutoMotive, Ben Nelmes, disse à Reuters que os problemas da Tesla resultam menos das ações de Musk e mais do facto de não ter lançado um novo modelo convencional desde o Model Y em 2020, enquanto os rivais, incluindo os fabricantes chineses de EV, têm produtos mais frescos no mercado.

“Não se deve às opiniões de Musk ou dos automobilistas britânicos sobre Musk – eles pararam de inovar depois do Modelo Y”, disse ele sobre a Tesla.