Apresentado antes da Feira de Eletrónica de Las Vegas (CES), o Vision EQXX é uma demonstração por parte da Mercedes-Benz daquilo que poderão ser os automóveis elétricos do futuro, focando-se na eficiência e na integração tecnológica.

Fruto de novas evoluções em simulação computacional, a marca aponta para um consumo em autoestrada na ordem de um dígito, oferecendo assim uma autonomia em condições reais, de acordo com a Mercedes-Benz, superior a 1000 quilómetros entre carregamentos.

Mas, além de todo o manancial de virtudes aerodinâmicas, um dos pontos mais destacados pela Mercedes-Benz é o da competência tecnológica, apontando mesmo que a evolução do sistema de infoentretenimento pode ser uma extensão do pensamento humano.

Assim, o interior aposta fortemente na digitalização, com uma grande componente tecnológica fomentada pela evolução da filosofia ‘Hyperscreen’ vista no EQS, para se obter agora um único ecrã em peça única num formato flutuante para uma sensação de continuidade no habitáculo, algo que é também possibilitado pela consola central também flutuante.

A denominação desta nova tecnologia é computação neuromórfica, no qual os métodos de processamento da informação se assemelham aos da rede neural. A informação é codificada em picos discretos e a energia é apenas consumida quando um pico ocorre, o que reduz o consumo de energia de forma significativa. A Mercedes-Benz trabalhou em parceria com os peritos em inteligência artificial BrainChip, da Califórnia, tendo sido desenvolvido sistemas com base no software e hardware ‘Akida’ da BrainChip.

Embora esta tecnologia esteja ainda num patamar muito primário, os sistemas como este irão chegar ao mercado dentro de alguns anos, tendo potencial, quando aplicados a automóveis, reduzir radicalmente o consumo de energia necessário para fazer correr as derradeiras tecnologias de inteligência artificial.

O companheiro de viagem ideal

Esta é a forma como a Mercedes-Benz descreve o seu sistema: um companheiro de viagem que ajuda com a navegação ou com outras funções do sistema, como a seleção musical. Partindo do princípio que o sistema de infoentretenimento vai reconhecendo os hábitos e os gostos do condutor, pode sugerir locais de interesse ou fornecer informação relevantes pelo caminho. Até pode mesmo aconselhar a métodos mais eficientes de condução.

O Vision EQXX demonstra ainda as vantagens e o potencial de interfaces com fonte em motores gráficos de jogos, apresentando assim um grafismo inédito e altamente adaptativo. O sistema pode mostrar gráficos em tempo real e combinar o mundo digital com o real para responder às necessidades do condutor.

O sistema de infoentretenimento bastante evoluído conta com um ecrã horizontal em peça única de 47.5″ e resolução 8K (7680×660 pixels) de nova geração, fundindo tecnologias avançadas que “permitirão que o condutor e o automóvel funcionem como um todo e até utilizar tecnologia que replica o funcionamento do cérebro humano”.

Um avatar com base na ‘nuvem’, agraciado com o nome da mulher que inspirou o nome da marca, Mercedes Jelinek, é a guia incorpórea que responde ao condutor e aos passageiros, transformando a viagem num momento de luxo. A interação a partir do comando ‘Hey Mercedes’ é agora mais intuitivo e fluído, respondendo melhor a uma ideia de conversação natural que inclui também entoação e expressividade na linguagem, aqui fruto do trabalho com a Sonantic.

Para a navegação 3D em tempo real, a Mercedes-Benz associou-se aos especialistas da NAVIS Automotive Systems (NAVIS-AMS), funcionando pela primeira vez num ecrã deste tamanho.

A marca recorreu ainda a materiais sustentáveis para uma visão ecológica em todos os aspetos, como fibras de bambu para o piso e Deserttex, biocomposto proveniente de cacto, que é usado nos bancos.

Sem se tratar concretamente de um modelo de produção em série, o Vision EQXX é um projeto ‘laboratório’ para apresentar e desenvolver funcionalidades e tecnologias que poderão vir a ser incluídas em modelos a lançar no futuro. Aliás, a própria Mercedes-Benz aponta que muitas das suas tecnologias e desenvolvimentos estão já a ser integrados na próxima plataforma para veículos elétricos, a MMA, que será usada para os modelos compactos e de segmento médio.