Volkswagen Arteon 2.0 TDI DSG: Seguir a cabeça ou ouvir o coração?

26/08/2017

Arte em movimento: assim define a Volkswagen este seu novo modelo, o Arteon, uma berlina Premium de visual desportivo com que pretende marcar um ponto de viragem na sua história recente.

Pode ter muito de Passat, mas o novo Arteon quer ser o lado emocional que aquela berlina não tem. Este novo modelo aparece no mercado com uma posição algo ingrata, mas que a Volkswagen não teme, colocando este Arteon na mesma liga do Audi A5 Sportback ou do BMW Série 4 Gran Coupé com a missão de conquistar para si uma quota-parte de clientes no segmento Premium que não olham para o Passat mas que não encontram nesse a emoção necessária em termos de design.

E o melhor que se pode dizer do estilo deste Arteon é que a Volkswagen acertou em cheio: formas expressivas e uma horizontalidade que assenta bem no seu propósito de género coupé de cinco portas (mais em baixo explica-se o motivo desta catalogação). As barras da grelha dianteira prolongam-se até aos grupos óticos tridimensionais, ao passo que as luzes adicionais em LED acentuam o dinamismo da dianteira. Tudo reforçado, depois, por um perfil dinâmico do tejadilho e pela bagageira baixa, com um spoiler superior a fazer-se notar de forma proeminente naquela secção. A sua pose é, mesmo, escultural e os designers da Volkswagen merecem elogios pela sua ousadia visual, algo que deste Arteon irá passar para outros modelos da gama, como o T-Roc.

As proporções são equilibradas, com 4,86 metros de comprimento – situando-se assim entre os Audi A5 (+13 cm) e o A7 (-10 cm) com os quais se aparenta. Além disso, junta ainda como características a sua generosa largura (1,87 metros) – e uma altura reduzida (1,45 m) que lhe permite ostentar o epíteto de coupé desportivo, sendo 0,6 cm mais baixo do que o Passat. Todos estes atributos acabam por ter um importante efeito no espaço interior.

Construído na mesma base MQB – do Passat, por exemplo – o novo Arteon dispõe de uma distância entre eixos de 2.841 mm, demarcando-se pelo espaço bem acima da média disponível para as pernas dos ocupantes traseiros, que viajam assim com grande conforto e perfeitamente desafogados, ainda que seja algo penalizado na altura interior devido à menor altura do que num Passat (4 cm menos entre o banco e o tejadilho). Mas essa é uma condição que só se sentirá para os adultos com mais de 1,85 m, pelo que, regra geral, não haverá grandes incómodos. Registe-se que estamos perante um cinco lugares que, como é normal e generalizado, oferece o máximo conforto a quatro pessoas (o banco central rebate para apoio de braços).

Já a bagageira também se demarca pela utilidade, graças aos seus 563 litros. Aliás, a sua mala é mesmo um predicado muito positivo, com portão de abertura elétrica (que inclui também o óculo posterior, assim tornando este Arteon num cinco portas) a mostrar um ‘mundo’ de espaço atrás. Com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros, o espaço para bagagens chega aos 1.557 litros.

Quanto ao desenho, qualidade e construção do interior, nada a apontar. A Volkswagen mantém o rigor e cuidado a que já nos habitou, havendo grande cuidado na aparência dos materiais e na forma como é construído, mesmo que, em termos gerais, não se distancie muito do Passat. A imagem Premium é muito bem-vinda, assim como o novo sistema de infoentretenimento Discover Pro que permite controlo por gestos e tem como base um ecrã tátil de 9.2 polegadas e aspeto muito ‘high-tech’. O sistema de controlo por gestos ainda não é perfeito, mas é um bom princípio. A conectividade fica a cargo de ligação Bluetooth para conexão aos smartphones, bem como os sistemas Mirrorlink e sistemas operativos CarPlay da Android e Android Auto.

Para o condutor, o painel Active Info Display assente num ecrã de 12.3 polegadas mostra todas as informações relevantes e oferece uma grande amplitude de personalização, sendo possível escolher o que é que se quer ver no grande mostrador digital. A luz ambiente é um detalhe interessante. Estranha é a posição do relógio em posição central superior, cujo ângulo torna a sua utilidade pouco relevante.

Também em termos de segurança, há muitas tecnologias dignas de registo, como a travagem de emergência ou cruise control adaptativo, a par do assistente de faixa. Para o “pior dos casos”, o Arteon está equipado com a segunda geração do Emergency Assist que aumenta o nível de segurança: no caso de o condutor ter um súbito problema de saúde, o assistente trava o automóvel dentro dos limites do sistema e, sempre que a situação do tráfego o permita, também o guiará até à faixa de rodagem mais à direita.

Emoção relativa ao volante

Apesar do estilo exterior muito dinâmico, a condução do Arteon pouco difere da de um Passat. O que não é mau, muito longe disso, na medida em que esse último é um dos melhores carros do seu segmento, tendo sofrido uma evolução notável na sua mais recente geração. Assim, o equilíbrio geral e a neutralidade de reações é uma condição impressionante neste Arteon, permitindo-se oferecer ao condutor uma condução segura. A frente tem inserção eficaz em curva e o bom desempenho do chassis permite-lhe uma muito saudável trajetória, com a suspensão a mostrar muita competência. Além disso, a direção também tem bom ‘peso’ e é precisa.

A emoção da condução, em contraste com o desenho exterior, é mais atenuada, mas nem por isso se pode considerar que o Arteon não tem a sua competência no lado dinâmico bem defendida, sem que prejudique o conforto, que também merece boa nota.

Ainda assim, nota para uma circunstância relacionada com o amortecimento que, nalgumas circunstâncias, como por exemplo nos desníveis bruscos quando se sai de uma garagem, revela grande secura no momento em que ‘aterra’ depois de ‘cair’ (na vertical) três ou quatro centímetros. Nada que seja dramático, mas falta um pouco de docilidade nessa transição.

Conjunto motriz eficaz

Passando para o motor, a bem conhecida unidade motriz 2.0 TDI de 150 CV (em associação à caixa automática DSG de sete velocidades), assume-se como a porta de entrada na gama deste Arteon, sendo um motor que exibe já um apreciável leque de reações – sobretudo porque a caixa é ótima na ‘leitura’ das intenções do condutor -, com acelerações de bom nível e retomas ainda melhores em virtude disso mesmo (com os 340 Nm de binário a chegarem e sobrarem para as encomendas).

Muito refinado e com isolamento acústico de altíssimo nível, o Arteon tem neste motor um bom aliado, não faltando energia e competência para ritmos fortes, acabando por ser a opção mais indicada também para quem procura economia: esta versão Diesel tem um consumo médio anunciado de 4,5 l/100 km, mas dificilmente lá chegará. O mais realista são os 5,8 l/100 km que conseguimos efetuar no nosso ensaio (com 60% de percursos urbanos e os restantes 40% de vias rápidas e nacionais, sempre a velocidades legais). Por enquanto, a única versão Diesel que existe em alternativa é a BiTDI de 240 CV que, se é mais potente, é também mais dispendioso e gastadora.

Também pelo preço se nota que este é o topo de gama da Volkswagen. Com um preço base de 47.815€, o Arteon 2.0 TDI 150 CV DSG7 Elegance vem com jantes de 18 polegadas, volante multifunções em couro, ar condicionado de três zonas, reconhecimento de sinais de trânsito, bancos em pele e alcantara (elétricos à frente), faróis traseiros em LED, Cruise Control automático, Front Assist com sistema de travagem de emergência em cidade (City Emergency Brake), câmara traseira, sensores de luz e estacionamento, sistema de deteção de fadiga, direção progressiva, Lane Assist, Park Assist, câmara traseira e navegação. Os opcionais elevam o custo final, mas alguns deles são mais-valias, como é o caso da pintura metalizada (580€), assistente de iluminação Dynamic Light Assist (1.180€), função Easy Open da mala (1.050€).

VEREDICTO

É uma luta entre a razão e a emoção. O Arteon é uma beleza de se olhar. Qualquer que seja o ângulo pelo qual se observe, esta berlina de aspeto coupé exibe uma elegância arrebatadora, pelo que neste aspeto o Arteon é um vencedor. Porém, o topo de gama da Volkswagen tem uma luta difícil em relação ao próprio Passat: uma versão equivalente com o mesmo motor (mas com caixa DSG de seis velocidades) tem um custo base de 40.827€, contra os 47.815€, sendo que os dois não se diferenciam muito nas suas maneiras de condução.

Mas, o Arteon tem muitos méritos próprios que podem fazer o coração levar a melhor, como o interior algo mais moderno e um equipamento que, fazendo contas por alto, acabam por compensar de certa forma a diferença em relação ao Passat 2.0 TDI 150 em versão Comfortline. Além disso, o charme deste Arteon é inegável. Assim, fica a dica… Deixe o coração falar mais alto.

CaracterísticasVolkswagen Arteon 2.0 TDI 150 DSG7 Elegance
Motor4 cil. em linha, injeção direta, turbo+intercooler
Cilindrada1.968 cc
Potência150 CV/3.500-4.000 rpm
Binário340 Nm/1.750-3.000 rpm
TransmissãoCaixa automática de 7 velocidades, tração dianteira
Vel. máxima220 km/h
0-100 KM/H9,1 seg
Consumo4,5 l/100 km
Emissões CO2116 g/km
Comp/larg/alt. (mm)4.862/1.871/1.450
Distância entre eixos2.837 mm
Peso1.643 kg
Mala563-1.557 litros
Depósito66 litros
Suspensão dianteira/traseiraSuspensão multibraços/multibraços; barras estabilizadoras à frente e atrás
Travões dianteiros/traseirosDiscos ventilados/discos
Pneus série (ensaiado)245/45 R18 (-)
Preço (ensaiado)47.815€ (51.925€)

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