Em 2020, a pandemia afundou o mercado automóvel, que registou uma queda de 33,9% face a 2019. Já o renting, graças à sua flexibilidade, apesar da ligeira redução dos números, manteve-se firme na sua rota.

Ter ou não ter – e apenas usufruir. Esta é cada vez menos a questão quando se trata de veículos. Uma realidade que se tornou ainda mais evidente perante os números colocados a nu pela covid-19. Se algo provou o último ano de pandemia é que o renting, apesar da pequena travagem, circula numa faixa bem diferente daquela onde segue o mercado automóvel, em contramão e à beira do “acidente”.

Segundo dados da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF) relativos a 2020, um ano “absolutamente atípico”, como reconhece, o financiamento especializado manteve o seu peso no mercado nacional, “continuando a assegurar um contributo decisivo para a formação do PIB português”, adianta a associação.

Pondo o foco nos resultados do renting, no ano passado, constata-se que também este sofreu um pequeno revés. De facto, verificou-se “uma quebra na trajetória de crescimento observada, nos últimos anos, revelando uma redução de 27,5% no número de viaturas adquiridas em 2020, face a 2019, com um total de 27.115 veículos adquiridos em renting (dos quais 22.451 correspondem automóveis ligeiros de passageiros e 4.664 ligeiros comerciais)”, revela a ALF em comunicado oficial.

Mas este pequeno abrandamento do renting é muito distinto das do balanço de vendas de veículos no ano transato. “Este recuo no setor é, contudo, menor do que o manifestado no mercado automóvel português, que deverá ter sofrido uma perda de 33,9% em 2020, face ao período homólogo. A desaceleração no renting corresponde a uma diminuição de 26,8% no valor de produção anual, para 557,3 milhões de euros, comparativamente a 2019 em que ascendeu a 761,4 milhões de euros)”, explica a ALF.

Redução marginal

A natureza do negócio ajuda a explicar a prestação positiva do renting quando comparada com o comércio automóvel. Por outras palavras, a “dimensão total deste setor acabou por diminuir apenas marginalmente face à produção nova, com a frota total gerida pelas empresas de renting a contrair apenas 2,4% em número de viaturas, totalizando 118 805, no valor de 1,91 mil milhões de euros (menos 1,1% do que no ano transato), resultados para os quais contribuíram o prolongamento dos contratos que terminavam em 2020”, diz a mesma fonte.

Em 2020, de acordo ainda com as estimativas da ALF, o leasing “apoiou investimentos de 2,4 mil milhões de euros” com uma queda de 22,3% no total da produção, em comparação com 2019. “Perto de 1,04 mil milhões de euros do total foi investido na contratualização de viaturas em leasing, que correspondem a 33 411 contratos: 795 milhões de euros foram aplicados em viaturas ligeiras (dos quais 553 milhões foram contratualizados por empresas e 241 milhões de euros por particulares) e 249 milhões de euros em viaturas pesadas. Os remanescentes 566 milhões de euros foram investidos em equipamentos, correspondendo a 8.454 contratos”, tudo isto segundo os dados estimados pela associação.

Peso na economia

“Apesar das quebras observadas, o financiamento especializado demonstrou manter o seu peso na economia portuguesa e importância para o tecido empresarial, continuando a disponibilizar o seu apoio e até reforçar a sua importância, como no caso do factoring que assume um peso preponderante face ao PIB nacional, e do renting no setor da mobilidade automóvel”, afirma Alexandre Santos, presidente da ALF, a propósito destes dados.

Na opinião do responsável, as expectativas para este ano são, apesar do contexto, positivas. “Iniciámos 2021 com a esperança de que a existência de planos sanitários e de recuperação económica possam contribuir para alguma recuperação, mas nada se produzirá de forma automática e cada um terá de contribuir à medida das suas possibilidades para um processo de regresso ao crescimento económico, que não estará isento de contrariedades”, refere.

E remata. “Os setores representados pela Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting são responsáveis por injetar confiança no mercado e contribuir enquanto agentes de transformação positiva. Sem uma recuperação do mercado não se alcançarão objetivos como a renovação do parque automóvel com vista à redução de emissões de CO2, para o qual o renting e o leasing muito têm contribuído com um crescente número de matrículas de elétricos ou propulsionados por energias alternativas”.