Com o sentido de propriedade a perder terreno para os contratos de subscrição, a operadora garante que as frotas empresariais são cada vez mais elétricas e que o renting a particulares ganhará expressão.

Num mundo marcado pela agressividade e imprevisibilidade da pandemia, ainda há espaço para algumas certezas: as decisões tomadas no passado têm reflexo no presente e continuarão a tê-lo no futuro.

Da mesma forma, é seguro que a natureza de determinadas atividades, como a do renting automóvel, joga a favor da nova realidade. É o caso da LeasePlan, que acredita estar do lado certo da história. Ricardo Silva, diretor comercial da multinacional em Portugal (ver entrevista na página 6) defende que as tendências de mobilidade ditadas pela covid-19 favorecem o negócio.

Todos os dados disponíveis apontam para o abandono do “histórico” sentimento de propriedade automóvel e para um forte crescimento dos veículos por subscrição. Mais: o renting acelerará, inevitavelmente, rumo à eletrificação e tenderá ainda a alargar-se aos particulares e às PME.

Perspetivas positivas

Ao contrário do mercado automóvel, em queda contínua, 2020 não foi drástico para o mercado de renting. Pelo contrário. “Dadas as circunstâncias, para a LeasePlan, foi positivo. O negócio de renting é diferente das vendas, na medida em que lidamos com a frota gerida. É um modelo de subscrição. Ou seja, o que interessa é o número de subscritores ativos. E nesse aspeto foi muito bom, porque o mercado de renting caiu marginalmente. Na LeasePlan, não podemos partilhar os dados em Portugal, por orientações do grupo, mas a nossa frota manteve-se estável. Fizemos menos contratos novos, porque houve mais prolongamentos. É uma das vantagens. O cliente não está obrigado a renovar o contrato. Pode prolongar ou reduzir a sua duração. Acabou por ser positivo. Foi muito diferente da crise económica de 2011. E tem uma virtude: quando abre, abre rapidamente”, explica Ricardo Silva, que encara 2021 com otimismo.

“Assim que começaram a anunciar o início do desconfinamento sentiu-se logo a dinâmica a mudar. A expectativa é que o mercado volte a subir. Muitas decisões são adiadas. Uma empresa precisa de continuar a desenvolver a sua atividade. Tudo dependerá da forma como evoluir a própria pandemia. Mas se o ritmo de abertura se mantiver, será bom. O ano não está perdido. De todo”, preconiza.

Trunfo da flexibilidade

Um dos grandes trunfos do renting é a sua flexibilidade. “O papel de um diretor comercial é aconselhar os clientes. Primeiro, informá-los e dar-lhes a conhecer o que se está a passar.

E, depois, aconselhá-los e criar condições à medida, apresentar-lhes soluções. Se não estão em condições de renovar um contrato, prolonga-se. Se pretendem cortar custos, porque a frota está a andar menos, reduz-se os quilómetros. É muito flexível. E, depois, criar outras soluções. Por exemplo, criámos o renting de usados, mais económico, e com prazos mais curtos. Criámos ainda o FlexiPlan, com durações até um ano, para empresas que não querem comprometer-se por períodos muito longos. São soluções adaptadas às várias necessidades”, sublinha.

Na opinião do responsável da LeasePlan, a Europa funciona a dois ritmos. “O do sul e o do norte”, diz. “Temos a vantagem, por estarmos presentes em vários países, de antecipar o que vai acontecer. Por exemplo, o renting de particulares explodiu no norte da Europa há cinco anos. Em Portugal, tem vindo a crescer bastante. Os portugueses começam a apanhar o comboio do menor apego à propriedade – embora esta ainda exista. A LeasePlan foi o primeiro operador a investir, por cá, nesta área, em 2014. E, agora, estão todos a trabalhar este setor, mesmo as marcas. Há sete anos, os anúncios eram sobre a venda do modelo. Agora, anunciam a subscrição. O mercado adaptou-se. Hoje, temos ofertas para particulares”, afirma.

Incentivos à altura?

Quanto aos incentivos à aquisição de veículos não poluentes, Ricardo Silva considera que há dois pesos e duas medidas. “Para as empresas, o pacote fiscal é atrativo. O único problema que tem, comparando com outros países da Europa, é aquilo a que já temos vindo a ser habituados em Portugal: não temos garantia de que, no próximo ano, o incentivo se mantenha”, explica.

“Tivemos a experiência, em 2014, quando mudaram escalões de tributação autónoma: de um momento para o outro, os custos foram agravados. Esse é o principal problema. Os incentivos ainda são muito importantes para que o custo total da utilização do carro elétrico e do plug-in compense face aos motores de combustão. Quando se faz um aluguer ou se compra um carro, espera-se que ele dure, pelo menos, três a quatro anos (dependendo da utilização). E se de repente os incentivos desaparecem e o custo sobe? É um problema. O pacote em si é bom. A garantia da manutenção dessas medidas é que não”, conta.

“No norte da Europa”, acrescenta, “é normal os incentivos fiscais terem garantia de duração. Durante três ou quatro anos, o cliente beneficia desse pacote. Se trocar de carro é que perde acesso ao benefício. Penso que seja justo”. Já no caso dos particulares, “o pacote é completamente desajustado”, diz. “O incentivo é baixíssimo e não compensa. Pelo menos, nos veículos elétricos”.

Áreas complementares

A capacidade de adaptação é outra marca da LeasePlan. A parceria com a Brisa, assinada em 2020, é disso exemplo. Com base neste acordo, a Via Verde lançou um portal dedicado ao automóvel, com ofertas exclusivas e competitivas para clientes particulares. E com uma rede de serviços que inclui venda, renting, reparação e manutenção, com uma forte aposta na mobilidade elétrica.

Segundo palavras de António Oliveira Martins, diretor-geral da LeasePlan em Portugal, na apresentação da parceria, “os particulares são um segmento de crescimento importante na nossa estratégia de liderar o mercado do car-as-a-service. Deste modo, “a parceria com a Brisa permite-nos amplificar a nossa oferta, com o objetivo de disponibilizar aos clientes soluções flexíveis, rápidas e simples, com a garantia de confiança que a marca Brisa oferece enquanto um dos maiores operadores de mobilidade em Portugal”.

Recorde-se que o portal disponibiliza um serviço de reparação e manutenção, que permite aos clientes marcar serviços rápidos ou fazer a revisão oficial da marca, através do site da Via Verde, com informação disponível sobre mais de 600 oficinas, em Portugal Continental, e consulta de orçamentos fechados e com pagamento online de forma segura e rápida.

“Autorizamos centenas de milhar de intervenções por ano. O que fizemos foi colocar a nossa infraestrutura e capacidades ao serviço do consumidor. A parceria com a Brisa vai nesse sentido. A maior parte das pessoas não tem informação e conhecimento suficiente para fazer uma avaliação de uma intervenção: se se justifica, se o preço está correto. E nós fazemos isso todos os dias. Trata-se de pôr o nosso know-how ao serviço do consumidor”, diz Ricardo Silva.