Com a pandemia de Covid-19 ainda sem fim à vista, as marcas automóveis reagem de forma rápida para lidar não só com a crise daí resultante, mas também com a fase de transição energética para a era da eletrificação. Face a estas duas circunstâncias, a Volkswagen está ciente das transformações em curso no mercado de frotas, que continua a ter um peso substancial nas vendas de automóveis novos em Portugal.

O foco na eletrificação não se alterou com o aparecimento da Covid-19, doença que afetou profundamente todas as atividades e a própria sociedade a nível global. A indústria automóvel, embora profundamente afetada, reagiu de forma rápida e decidida, reorientando esforços e modelos de negócio.

Marcas como a Volkswagen, que já tinham em curso um processo de transformação para a eletrificação, aceleraram os seus investimentos nessa área, prometendo novos e mais variados modelos para os próximos anos. Com a importância substancial do mercado de frotas em Portugal, representando a ‘fatia’ maior das vendas de automóveis novos, o próximo desafio reside na convergência de esforços para ajudar o processo de transição energética de empresas e clientes profissionais.

Para Miguel Moreira Branco, diretor de Frotas da Volkswagen em Portugal, a capacidade de adaptação da gama às necessidades correntes do mercado andará de ‘mão dada’ com a necessidade de uma maior sustentabilidade no setor dos transportes, servindo esses dois pontos de esteios à atuação da marca alemã no nosso país. À medida que cresce a procura pelas soluções eletrificadas, a Volkswagen aumenta também os seus argumentos neste capítulo, como detalha Moreira Branco em entrevista.

Sabendo-se do peso que o mercado de frotas tem nas vendas automóveis em Portugal, que importância tem este segmento para uma marca como a Volkswagen?
Sendo a Volkswagen uma marca de volume e o canal de vendas a frotas o mais representativo do mercado nacional, naturalmente que a importância deste canal de vendas é elevadíssima para nós. Temos uma estratégia e uma política dedicada a frotas no intuito de aumentarmos a nossa quota neste segmento. Para isso será crucial o envolvimento da nossa rede de concessionários por forma a conseguirmos chegar à globalidade do mercado nacional.

No contexto da transição energética, qual está a ser a aceitação dos clientes empresariais para a aquisição de veículos elétricos ou plug-in em detrimento dos convencionais motores térmicos? Já se verifica a tendência de mudança comportamental nos clientes empresariais?
Tem sido uma tendência em crescimento. Os veículos elétricos e/ou plug-In, em virtude dos benefícios fiscais, gozam de uma elevada vantagem para as empresas, [o que] aliado à cada vez maior oferta de modelos leva a que os clientes ‘empresas’ apostem cada vez mais nestas soluções. Este será garantidamente o ano da Volkswagen neste segmento. Temos uma oferta bastante alargada, quer nos elétricos com a família ID, quer nos plug-in, onde os principais modelos para frotas estão representados pelos Golf GTE, Passat GTE, Passat Variant GTE, Arteon Plug-in e Arteon Shooting Brake Plug-in.

Qual o ‘mix’ já existente entre veículos elétricos (ou plug-in) e convencionais e como antecipam a evolução dessa mesma divisão?
O ‘mix’ atual ainda é pouco representativo da realidade que vamos ter muito em breve. Como referido anteriormente, os veículos elétricos/plug-in apresentam um crescimento de vendas exponencial e acredito que o mercado de frotas continue a solicitar esta tipologia de viaturas.

Que papel poderá ter o Governo neste processo de transição energética, nomeadamente em termos de fiscalidade?
Naturalmente que é vital o incentivo fiscal do Governo para ‘influenciar’ esta tendência, mas cada vez mais o consumidor e as empresas começam a perceber que a utilização destas viaturas acaba por, na maioria das vezes, apresentar um custo de utilização bastante mais reduzido.

Quais os principais receios e dificuldades que os clientes empresariais ainda apontam para a resistência a automóveis com motorizações elétricas?
A principal dificuldade está relacionada com a capacidade de instalação dos carregadores. Na maioria das empresas, a transição para uma frota elétrica implica sempre a preparação de infraestruturas para carregadores. No caso da SIVA temos a vantagem de conseguir oferecer juntamente com a proposta das viaturas uma solução de carregadores através da MOON, empresa do grupo dedicada a instalação de carregadores e que a SIVA passou a representar.

Por outro lado, que tipo de argumentos convence os clientes empresariais/frotistas quanto à validade das motorizações elétricas?
A maioria dos clientes frotistas, hoje em dia, tem um elevado grau de conhecimento sobre estas alternativas, reconhecem que o futuro passa pela eletrificação automóvel. Por outro lado, as empresas fazem normalmente contratos de quatro anos de utilização, o que à partida garante uma utilização sem qualquer problema.

Sabendo-se que a Volkswagen tem em curso uma aposta muito forte no sentido de se tornar cada vez mais numa fornecedora de software, serão as tecnologias de conectividade e telemática também um ponto decisivo para a escolha dos automóveis de frota do futuro? Ou seja, mais do que uma série de automóveis, é ‘vendido’ também um pacote de serviços agregados – será uma visão real?
Estou confiante que sim, muito em breve vamos estar a vender software para os nossos modelos. O automóvel será cada vez mais um ‘gadget’ com um sem fim de funcionalidades que poderão ser personalizadas à vontade de cada utilizador. Estamos a iniciar uma nova fase do comércio automóvel, acredito que o modelo atual de venda de viaturas será ‘transformado’ e os próprios concessionários vão evoluir para algo diferente, quer na área das vendas, quer na área do após-venda.