Nasceram como nicho decorrente da necessidade de conciliar a robustez de utilização fora de estrada com a funcionalidade diária das mais tradicionais berlinas ou carrinhas, mas atualmente os SUV (Sport Utility Vehicles) assumem-se como os dominadores da indústria automóvel. Não há construtor que não tenha um, com a receita a tornar-se um sucesso que é agora replicado e multiplicado até à exaustão. Eliminada a ideia de que se trataria de uma moda efémera, os SUV estão mesmo para ficar e o seu domínio nas estradas apenas vai aumentar.

A recente constatação de que o novato Puma foi o modelo da Ford mais vendido na Europa no primeiro semestre, superando nomes como o Fiesta ou o Kuga, vem confirmar a ideia de uma certa ‘dança’ de procura e oferta deste tipo de carroçaria – os fabricantes lançam novos modelos, os clientes compram e isso leva, por sua vez, atendendo à procura, que os construtores se empenhem na ampliação da oferta até com outras disponibilidades de preço. Afinal, se resulta para um segmento mais alto, existe uma elevada probabilidade de que também os segmentos inferiores adiram em massa.

Assim se explica que construtores como a Volkswagen apresentem novidades como o Taigo para um sub-segmento paralelo ao T-Cross, que é o seu SUV mais pequeno, ou que a Renault procure diversificar a sua oferta com a criação de um Captur mais atlético, o Arkana, do qual três meses de comercialização na Europa renderam mais de 20 mil encomendas. Estes dois exemplos são sintomáticos da paixão pelos SUV. Mas essa não é cega.

Antes, respeita uma ideia de atração por um tipo de carroçaria que cada vez mais clientes procuram (não só na Europa). Se formatos como os compactos de três portas ou monovolumes perdem influência, os SUV parecem agora englobar todos os outros estilos – dos mais competentes em pisos de terra e areia aos mais urbanos que nunca terão ambição verdadeira a deixar o asfalto das grandes urbes, passando ainda pelos desportivos que são mais atreitos para circuitos.

A realidade confirma-o. Consultando os dados da analista JATO Dynamics, vê-se o papel cada vez mais crescente dos SUV no mercado europeu, que em junho de 2021 atingiu um volume de 44,2% do total do mercado, contabilizando todos os seus integrantes e dimensões – dos mais compactos aos maiores –, capturando dessa forma uma fatia cada vez mais significativa das vendas na Europa.

Importantes entre os grandes e os pequenos

Os casos concretos também não deixam grandes dúvidas. Na Renault, o Clio continua a ser o modelo mais vendido, mas a margem sobre o Captur encolhe: no primeiro semestre de 2021, foram matriculados 94.204 Captur contra 110.576 Clio. Na Ford, o Puma vendeu ao longo do primeiro semestre um total de 83.246 unidades, superando os números do Fiesta (63.078) e do Kuga (61.994), o que é bem elucidativo da importância dos SUV compactos, tratando-se, neste caso, de um modelo bastante recente que permite aferir de forma muito concreta a transferência de preferências por parte dos consumidores.

Desta forma, não é de estranhar que a Volkswagen se lance agora no esforço de repetição e reforço do seu segmento mais compacto dos SUV, com o Taigo previsto ainda este ano na Europa, tendo por base o Nivus lançado anteriormente na América do Sul com grande sucesso comercial.

A Hyundai optou por tática ligeiramente diferente, com o Bayon a ser entrada no universo SUV logo abaixo do Kauai, este mais versátil em formato e motorizações e até com versões elétricas.

Na Honda, apresta-se a chegar ao mercado o novo HR-V, também com um estilo mais atlético e com uma única versão híbrida alinhada com o esforço de eletrificação da marca japonesa. A Mazda poderá vir a reformular o Mazda2 para formato SUV no futuro próximo e até a Dacia já aponta ao segmento C com um SUV.

Mas a ‘febre’ dos SUV não se limita em dimensões e preços. As marcas vão acelerando a chegada de modelos de diferentes âmbitos, esperando-se em breve que também a Ferrari revele o seu primeiro SUV, o Purosangue, uma cedência da marca italiana depois de largos anos a negar as evidências do sucesso alheio – Porsche, Lamborghini e Bentley multiplicaram os seus lucros e vendas com o lançamento dos respetivos SUV.

Na marca britânica, o Bentayga assume-se cada vez mais como um impulsionador de vendas e de lucro. A reboque da sua popularidade, a Bentley teve o seu melhor primeiro semestre de sempre em 2021, com o SUV de grandes dimensões a garantir o título de ‘best-seller’ com 2766 unidades vendidas a nível global, superando a gama Continental GT.

Aston Martin DBX

Também no segmento de luxo, a Aston Martin inclui finalmente o DBX nas suas ‘contas’, tendo registado no primeiro semestre de 2021 mais de 1500 vendas do seu novo SUV, sendo mais de metade do total das vendas globais.

Seja qual for a utilização pretendida, os automóveis de estilo SUV estão agora em grande destaque, valendo fama e rendimentos às marcas mais generalistas, mas também às de maiores ambições. Ou seja, a ‘febre’ passou de efémera a endémica e não mostra sinais de abrandamento nos tempos mais próximos.

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