O tema dos veículos elétricos continua a ser bastante polarizador na indústria automóvel, mesmo entre os fabricantes de automóveis. O caso da Toyota, que tem larga experiência nos híbridos, mas pouca presença ainda nos elétricos, é disso exemplo, com o seu Presidente, Akio Toyoda a afirmar numa conferência de imprensa que os elétricos são “sobrevalorizados” e que o setor automóvel vai colapsar.

Discursando no papel de Presidente da Associação de Construtores Automóveis Japoneses (JAMA), Akio Toyoda criticou aquilo que considera de sobrevalorização dos elétricos, cuja tecnologia é ainda dispendiosa e que, pela sua visão, levantam muitas questões sobre a sustentabilidade ao considerar que os seus adeptos desvalorizam a pegada ecológica da produção de energia. Por outro lado, destaca que a disrupção de decretar o final dos motores de combustão de forma abrupta terá como consequência o desemprego massivo e o colapso do setor no Japão.

As suas declarações, entretanto replicadas em diversos órgãos de comunicação japoneses, apontam para o facto de a rede energética japonesa não estar preparada para a adoção tão acelerada dos veículos elétricos, sendo preciso reforçar essa infraestrutura, para a qual seria preciso investir entre 14 triliões de ienes e 37 triliões de ienes (entre 110 mil milhões de euros e 292 mil milhões de ienes).

Nas declarações reproduzidas no site Thedetroitbureau.com, Toyoda interroga ainda a questão da produção de energia para alimentar todos os veículos elétricos, advogando que “quantos mais VE nós construímos, pior fica o [valor de] dióxido de carbono. Quando os políticos andam por aí a dizer ‘vamos acabar com todos os carros que usam gasolina’, será que percebem isso?”.

O CEO da JAMA e da Toyota destacou ainda que a potencial pressa na proibição de veículos com motor de combustão por imposição política poderá ter como efeito o colapso do setor automóvel, causando a perda de milhões de postos de trabalho.

Além disso, os custos ainda elevados de desenvolvimento dos veículos elétricos poderão tornar os automóveis inacessíveis para a grande maioria das pessoas, chegando a comparar a situação com a de uma “flor no topo de uma montanha” para explicar a sua inacessibilidade. Toyoda não está sozinho nesta ideia, uma vez que também o CEO do Grupo PSA, o português Carlos Tavares, já por diversas vezes alertou para o perigo da limitação da liberdade de mobilidade.

Contudo, noutro ponto de semelhança entre aqueles dois executivos, os seus grupos também têm investido de forma forte na eletrificação das suas frotas, com o lançamento de veículos elétricos. A Toyota deverá, inclusive, apresentar brevemente o seu novo protótipo de bateria de estado sólido, a qual trará um passo significativo em diante.