Mantendo-se como a marca Premium líder em Portugal, naquele que é um objetivo confesso dos principais responsáveis da companhia alemã no nosso país, a Mercedes-Benz voltou a ter um ano de recorde de vendas de automóveis novos, o mesmo se aplicando à smart. O ano de 2020 será de reforço da vertente da sustentabilidade em ambas as marcas.

Na apresentação dos resultados comerciais de 2019 no mercado nacional, os principais responsáveis das duas marcas do grupo Daimler, Mercedes-Benz e smart, mostraram a sua satisfação pelos números alcançados, mas apontam baterias já para o ano de 2020 no sentido de potenciarem os pontos fortes das duas companhias.

Pierre-Emmanuel Chartier, CEO e administrador-executivo da Mercedes-Benz Portugal, começou por enaltecer os valores de veículos vendidos no nosso país ao longo dos últimos 12 meses, “demonstrando que a política de lançamentos e a estratégia comercial têm sido as melhores”, mas antevê que 2020 seja o ano da entrada em definitivo na era da eletrificação, o que ganha ainda maior preponderância com as metas anti-emissões da União Europeia que estabelece uma média de 95 g/km de CO2 para a frota de cada fabricante.

“Em 2020 prevemos vender 30% do nosso volume em eletrificados, aqui contando apenas com os Plug-in e com os elétricos. Os nossos objetivos passam por estabelecer a EQ como marca de referência para a mobilidade elétrica, oferecendo ao mesmo tempo a melhor experiência online e offline para os clientes”, afirmou o responsável máximo pela MBP.

Mercedes-Benz e smart em números

Estratificando os números das vendas, o grupo vendeu no global um total de 22.500 unidades em Portugal no que diz respeito a veículos novos, com a divisão de veículos de passageiros a representar 16.561 unidades (+0,6% face a 2018) e a de comerciais Mercedes-Benz Vans a contabilizar 1943 unidades (+10%). A estes juntam-se ainda os 4072 veículos matriculados pela smart, num crescimento de 27% face ao ano anterior e que possibilita à marca citadina o seu melhor ano em Portugal desde o lançamento.

Mais em detalhe, se há um modelo que contribui decisivamente para os bons resultados comerciais, essa tarefa recai no Classe A de nova geração que, com 7001 exemplares vendidos, representou 42% do total de veículos vendidos, tendo ainda o condão de ser o segundo modelo mais vendido em Portugal no geral. Depois, dando ainda mais validade à importância dos compactos, a marca conta com um total de 3390 veículos vendidos (20%) pelos restantes elementos da família: Classe A Limousine, Classe B, CLA e GLA. No total, 62% das vendas da marca alemã em Portugal faz-se com modelos de uma única categoria.

Os Classe C e GLC (ambos renovados em 2019) representaram 19% das vendas, com 3170 unidades entre os dois, cabendo aos Classe E, CLS e GLE um total de 1966 unidades matriculadas (12%), destacando-se o contributo do GLE com quase 100 unidades vendidas no seu primeiro ano de ‘vida’. Por fim, numa categoria mais exclusiva, os Classe S, AMG GT e Classe G representaram um total de 284 matrículas.

Além dos compactos, outro dos atributos chave para o sucesso foi a tecnologia PHEV Diesel, com a marca a indicar que se venderam cerca de 1200 unidades com esta tecnologia ao longo do ano. Nuno Mendonça, diretor de Vendas e Marketing da Mercedes-Benz Portugal, destacou o contributo desta tecnologia para o volume de vendas alcançado, mas confia que em 2020 esse contributo será ainda maior. Também os AMG receberam menção positiva, com a submarca desportiva a superar a barreira das 300 unidades, com um total de 322 automóveis matriculados.

Mendonça destacou o progresso que a marca tem feito ao longo dos últimos anos, tendo como ponto de partida os anos ‘negros’ da crise. Com efeito, a Mercedes-Benz praticamente triplicou as vendas entre 2012 (5556) e 2019 (16.561), atingindo neste ano a sua melhor quota de mercado (7,4%). “Desde 2014, primeiro ano na casa dos 7% de quota de mercado, temos conseguido estabilizar nesse número. E, pela segunda vez, a marca está na terceira posição do ranking de marcas mais vendidas em Portugal e o primeiro entre o segmento Premium, que é o nosso objetivo. Desafiamos sempre os nossos concessionários para que consigam essa meta”, afirmou.

Mas, nem só de automóveis novos se faz o negócio da Mercedes-Benz Portugal. Também o segmento de usados com a criação da marca Certified recebeu nota positiva, esperando-se que supere os 5100 veículos vendidos neste programa de usados certificados da Mercedes-Benz, em linha com o crescimento já observado no ano passado. Também na área do Pós-Venda, a marca registou um crescimento de 6% nas receitas com cerca de 145.000 unidades assistidas na rede MBP.

Com esta fórmula e através de diversos programas direcionados aos já proprietários de modelos da marca, conseguem aquele que é um dos seus objetivos, o da retenção na marca e a “lealdade dos clientes”. Ao nível das soluções de financiamento, começam também a ganhar espaço fórmulas diversas: se na área das Vans foi de 44,8%, na Mercedes-Benz Cars e smart foi de 56,5%, ganhando preponderância também o esquema Select & Drive (com leasing), que concede um automóvel novo ao cliente mas sem preocupações de manutenção ou seguro.

“Creio que é o futuro. Os clientes têm outra ambição para o carro e esperam outra vivência com a marca”, explica Chartier.

Estabelecer a EQ

Para 2020, a marca tem como grande objetivo o estabelecimento da marca EQ no mercado como símbolo de mobilidade eletrificada no geral e, para fazer jus a essa mesma ambição, prepara um grande lote de novidade para os próximos 12 meses, mesmo se o foco estará uma vez mais na gama de compactos, que será extremamente ‘jovem’ uma vez que os dois últimos integrantes dessa família chegarão no primeiro trimestre – os GLB e GLA, a que se juntam ainda os reformulados smart (a mesma técnica, mas visual e tecnologia integrada distintos)

No segundo trimestre irão chegar o GLE Coupé e o renovado Classe E (Limousine e carrinha), esperando-se no terceiro trimestre as chegadas dos Classe E Coupé e cabrio (também facelift) e no final do ano a nova geração do Classe S.

Mas a palavra-chave será a eletrificação, assistindo-se à chegada de quatro EQ (unicamente elétricos), 20 EQ Power (Plug-in híbridos a gasolina e Diesel) e 90 variantes EQ Boost (com motor elétrico de 48V), de forma a dar uma aura mais ecológica à gama Mercedes-Benz.

Complementando esta visão, Jorge Aguiar, diretor de Comunicação da Mercedes-Benz Portugal, enalteceu os passos que a marca está a dar no sentido de tornar a companhia neutra em emissões de carbono, que se pretende já em 2039: “Temos uma responsabilidade muito grande que é a de fazer a transição para uma maior sustentabilidade, que é fundamental para nós e que vamos trabalhar cada vez mais”, referiu, abordando também o tema da maior presença online, com uma forte componente de conectividade, mas à qual não é retirado o conceito de “contacto físico, que continuará a ser fundamental”.

Neste sentido, a Mercedes-Benz Portugal irá colocar em marcha o programa MAR2020, que trata de modernizar o conceito de concessionário, adequando-o aos desejos do cliente para uma experiência diferenciada. A ideia é que seja “um complemento à digitalização”, conforme explicou Pierre-Emmanuel Chartier, acrescentando que é uma nova abordagem ao cliente fomentada em quatro pontos distintos: arquitetura moderna, foco no cliente, digitalização e facilidade de processos”.

Ao todo, serão 21 os espaços MAR2020 no final de 2021, num processo de transformação para os próximos dois anos e que terá um custo associado de 40 milhões de euros.

Smart: O melhor ano antes da incógnita

No lado da smart, no ano em que os veículos com motor de combustão interna se despediram, a marca obteve o seu melhor ano de sempre em Portugal, com 1,8% de quota de mercado (o melhor da Europa ex-aequo com a Itália), para um total de 4072 unidades vendidas (46,5% do fortwo e 44% do forfour com 9,5% pertencentes ainda ao fortwo cabrio).

Num mix interessante de seguir, sobretudo atendendo a que a partir de agora apenas se venderão smart elétricos, a marca contou com um total de 90% do volume de vendas correspondente aos motores a gasolina (3664) contra apenas 10% do elétrico (407).

Bernardo Vila, diretor de Vendas e Marketing da marca smart, não espera surpresas por parte do mercado em 2020, sabendo que os números de 2019 serão muito complicados de repetir, mas espera consolidar a marca neste ano que se julga importante para a marca e para a própria indústria automóvel.

“Será uma nova era, totalmente elétrica, com uma aposta na digitalização e conectividade para concretizar a promessa de marca: ‘ease urban life’, ou seja, tornar a vida dos clientes mais fácil”, explicou, escusando-se a fazer uma previsão quanto aos números de veículos vendidos neste ano de 2020.

Para os novos modelos, que chegarão ao mercado no final de janeiro, além de componente estética que será melhorada, a marca irá ainda apliicar novidades de conteúdo ao nível do sistema de infoentretenimento, com a evolução do sistema ‘smart control’ para um mais evoluído sistema ‘smart ready to’ assente em serviços com cinco novas funcionalidades: o ‘My Smart’ (abrir e fechar portas e aceder a dados remotamente), ‘Ready to Spot’ (localização do veículo), ‘ready to park’ (que dá no local de destino as probabilidades de encontrar lugares e acesso aos parques de estacionamento), ‘ready to pack’ (scan de código de barras ou código QR de um produto para que a aplicação diga como posicionar os objetos dentro do porta-bagagens para otimizar o espaço de carga) e o ‘Ready to share’ (carsharing privado para a família ou amigos).

No segundo trimestre, haverá a possibilidade de pagamentos com partilha de custos de utilização e, potencialmente, outras soluções como as anti-roubo ou anti-carjacking e para clientes frotistas.

Sem entrar em grandes conjeturas, Bernardo Vila resume em quatro objetivos a vivência da smart para 2020: “será o ano da mobilidade elétrica, da aposta na conectividade, do foco na sustentabilidade e de projetos para simplificar a vida na cidade e tornar a smart num referência da mobilidade urbana elétrica”.