Será nesta década que a Audi irá atravessar a sua maior revolução. De acordo com a mais recente estratégia de marca, denominada ‘Vorsprung 2030’, o objetivo é fazer com que a marca alemã ofereça aos utilizadores dos veículos elétricos um ecossistema único em termos de serviços e de funcionalidades tecnológicas, “assegurando que a Audi permaneça viável no futuro”, como explica o CEO da marca dos quatro anéis, Markus Duesmann.
“O ritmo da mudança na nossa sociedade está a aumentar rapidamente. É por isso que estamos a acelerar a nossa própria transformação. Vemo-nos como uma companhia que garante que a liberdade e a mobilidade individual dos nossos clientes. Nós não desenvolvimento tecnologia só por que sim. Deve ser consequencial e eficaz para manter o mundo em movimento”, acrescenta o CEO da Audi.
O primeiro passo dessa grande transformação será a transição para a eletrificação plena. O derradeiro automóvel da Audi com motor de combustão interna será apresentado em 2025, lançado em 2026 e descontinuado em 2033 (embora estas datas possam ser estendias noutros mercados onde a eletrificação não tem a mesma preponderância, como na Europa ou Estados Unidos da América). Entre 2026 e 2033, a marca irá descontinuar progressivamente os seus motores de combustão interna.
Um dos desafios mais próximos passará pela rentabilidade dos veículos elétricos face aos de combustão interna. “Primeiro, temos de encontrar as hipóteses para o modelo de negócio do produto. Depois, temos de trabalhar na rentabilidade, mas estamos no caminho certo. Com os veículos elétricos ainda temos alguma caminho a fazer, é verdade. A rentabilidade dos elétricos irá crescer nos próximos anos e em dois ou três anos deverá estar a par com a dos veículos de combustão interna”.
Novas tendências, nova AudiNo centro de todo o processo de transformação mantém-se o conceito de ‘Progresso pela tecnologia’, ou seja, o lema “Vorsprung durch Technik” que corporiza a Audi há cinco décadas. Essa continuará a ser a “aspiração e o estado de espírito” da marca para os anos vindouros.
A responsável pela nova estratégia da Audi, Silja Pieh, desenvolveu um novo rumo para a marca em conjunto com a sua equipa de cerca de 500 funcionários de diversos mercados (como os da Europa, China e Estados Unidos) de forma a que os diferentes pontos de vista fossem tidos em conta, numa ambição de pluralidade.
Nesse sentido, Pieh passou meses a analisar mais de 600 tendências globais no setor da mobilidade até 2030 de forma a tornar a companhia mais relevante, com algumas decisões e conclusões importantes – as vendas e lucros irão gradualmente mudar, primeiro dos veículos de combustão para os elétricos e, mais tarde, quando a condução autónoma oferecer outro potencial de crescimento, para o software e serviços.
“A nova estratégia foi necessária porque o mundo está a mudar cada vez mais depressa e temos de nos adaptar. Analisámos tendências não só na Europa, mas em todo o mundo, por exemplo, na China. A sustentabilidade está a ganhar bastante peso para os nossos clientes, mas também a mobilidade individual. O elementos regulamentar também está a pesar bastante, como o Acordo Verde, mas também a chegada da adminstração Biden nos EUA, o que obrigou a realinhar a nossa estratégia”, afirma Silja Pieh. “Queremos enfatizar a importância das práticas responsáveis de negócio no futuro e aderir rigorosamente às mesmas. A nova estratégia foca-se no crescimento rentável e na diferenciação – e fornece guias para dar prioridade a áreas estratégicas de atividade. Isso envolve uma série de diferentes componentes, como o treino dos funcionários, a cultura corporativa e um novo sistema de gestão corporativa com todos a trabalharem em conjunto.
A Audi vai também alinhar muito mais o seu modelo de negócio com atividades sustentáveis com base em critérios de ambiente, social e governação (‘ESG’, na sigla em inglês). Estes critérios incluem as alterações climáticas e a proteção de recursos finitos, as questões de saúde e segurança, responsabilidade social e práticas de governação corporativas ligadas ao risco de gestão.
Utilizadores e não clientes, mas sempre o ADN Audi
O processo de transformação da Audi passa também pela mudança de paradigma referente à tecnologia e à visão do cliente. John Newman, da área digital, reforça que há dois aspetos importantes para o futuro da marca: o primeiro é colocar as novas tecnologias no mercado mais depressa e a custos acessíveis, enquanto o segundo passa pela alteração do modelo de negócio atual, fazendo a transição da venda do veículo para a oferta de serviços pós-venda e da conversão de clientes em utilizadores. Esta definição é considerada importante para a oferta do ecossistema de serviços e funções a pedido (‘Functions on Demand’).
No futuro, os utilizadores poderão fazer ‘upgrades’ aos seus veículos e melhorar ou instalar subsistemas conforme as suas necessidades. Também os proprietários de veículos de combustão em vários países irão receber ofertas de serviços ao longo do seu ciclo de vida.
Newman explica ainda que, se antes, “o veículo era a soma dos seus componentes, agora é a soma dos seus elementos tecnológicos, o que obriga a um desenvolvimento totalmente diferente”.
Um dos primeiros exemplos deste novo esforço tecnológico de nova geração será o projeto Artemis, que trará tecnologias inovadoras num veículo totalmente elétrico e totalmente conectado que “vai redefinir a classe de luxo”, de acordo com os responsáveis da Audi.