Audi e-tron quattro: A ambição de reinventar o veículo elétrico

03/04/2019

Admite que não inventou o elétrico, mas com o seu novo e-tron, a Audi quis reinventar o elétrico. Ambição não falta à marca alemã que tem neste seu SUV o primeiro elemento de uma verdadeira ofensiva eletrificada que se irá prolongar no tempo até 2021 (nesta primeira fase). Para já, combinando o estilo da Audi com a tradicional qualidade meticulosa de materiais e construção, o e-tron está já disponível nos concessionários lusos com preços a partir dos 84.251€.

O mercado de veículos elétricos prepara-se para ser inundado com novas propostas ao longo dos próximos anos, com cada vez mais marcas a apostar no lançamento de carros eletrificados (incluem-se aqui também os Plug-in híbridos). A Audi assegura que a mobilidade elétrica é um dos seus objetivos centrais e que, para 2025, um em cada três automóveis vendidos da marca sejam eletrificados, seja de PHEV, seja de configuração 100% elétrica. Em suma, um elétrico disponível em cada segmento.

Mas, com o e-tron quattro, a Audi demonstra que não quis ficar inerte, procurando, pelas suas palavras, fazer “algo radicalmente diferente” para aquele que é o seu primeiro elétrico com aquilo que chama de “ADN Audi”.

O ponto de partida é a filosofia de que um elétrico não deve rejeitar as ideias que guiam a marca, ou seja, conforto, requinte, dinâmica e eficiência, recorrendo por isso à bem conhecida plataforma MLB Evo, utilizada por modelos como o Q7, Q8 ou A8, mas modificada para as necessidades desta versão 100% elétrica. Outro dos pontos destacados pela marca para este seu novo modelo é o da possibilidade de conectividade total, permitindo a compra ou aluguer de funcionalidades após a aquisição do veículo: por exemplo, em antecipação a uma viagem a zona montanhosa, pode-se alugar ou comprar mais potência, o mesmo sendo possível com a iluminação ou com o infoentretenimento.

Dimensões generosas

Tendo uma certa similaridade com os seus primos Q7 e Q8, o e-tron aproxima-se dos cinco metros, mas não os supera. Mede 4901 mm de comprimento, para 1616 mm de altura e 1935 mm de largura, dispondo ainda de 2928 mm de distância entre eixos, que lhe permite grande desafogo interior para os ocupantes, sobretudo nos lugares traseiros. A bagageira oferece 600 litros de capacidade atrás, mais 60 litros na dianteira, possibilitado pela ausência de um motor de combustão interna. Com o rebatimento do banco traseiro, a capacidade de carga é ampliada para 1725 litros.

Trabalho aerodinâmico

Um dos capítulos muito trabalhado foi o da aerodinâmica, com a marca a garantir um valor de 0.28 (Cx de 0.27 com os espelhos retrovisores virtuais). Foram vários os elementos determinantes para se ter atingindo este valor: a grelha dianteira ativa (que altera a abertura consoante as necessidades de arrefecimento), o revestimento inferior completo (com pequenas saliências para ajudar o fluxo do ar) ou os espelhos retrovisores virtuais opcionais (1800€). Também a proteção inferior em alumínio, que protege a bateria, conta
com os buracos da conexão dos parafusos em “pratos” recuados que criam deliberadamente pequenas concavidades que ajudam o ar a fluir melhor.

Interior requintado

A bordo, a Audi não descurou na sua tónica de conforto e requinte, apostando em materiais de elevadíssima qualidade, nomeadamente cobrindo muitos dos elementos com material macio ao toque ou aveludado. A isso junta-se uma construção irrepreensível num ambiente de silêncio e tranquilidade, sem intromissão de ruídos exteriores, sendo que, até mesmo pelos cânones dos elétricos, é ultrassilencioso. Tal foi conseguido com recurso a um esforço nos materiais de isolamento acústico ao longo da carroçaria.

Igualmente digno de registo é o compêndio de tecnologia integrada com dispõe de ecrã Audi virtual cockpit para a apresentação da informação ao condutor, em combinação com outros dois ecrãs na consola central, ambos táteis, numa configuração que já foi vista no A8 e no Q8. O superior comanda o sistema de infoentretenimento, com uma dimensão de 10.1″, enquanto o inferior – com funções múltiplas, mas primordialmente para controlo da climatização – tem uma dimensão de 8.8″.

O sistema MMI plus, de série, inclui o ponto de acesso LTE Advanced e Wi-Fi. O sistema de navegação faz sugestões inteligentes de destino com base nas rotas anteriores, complementadas pelo planeamento de rotas e-tron (exibe a rota adequada com os pontos de carregamento necessários) e pelos serviços de tráfego em tempo real fornecidos pela HERE.

Os serviços online da Audi podem complementar o leque de serviços digitais, até com a informação de pontos de carga AC/DC na Europa e informações decorrentes de troca de dados “Car-to-X”. O sistema de navegação considera não apenas a carga da bateria, mas também a situação do tráfego, e inclui o tempo de carregamento necessário no cálculo da hora de chegada.

Ao nível da segurança, destaque para o cruise control adaptativo, que auxilia o condutor na aceleração, travagem, manutenção de velocidade e das distâncias para o veículo da frente, mesmo em congestionamento de tráfego. Em combinação com o adaptive cruise assist, o efficiency assist também pode travar e acelerar o SUV elétrico de forma preditiva.

Motorização avançada

A Audi recorre neste seu modelo 55 quattro a uma configuração de dois motores elétricos assíncronos, com rotores de alumínio para uma potência combinada de 265 kW (360 CV) e 551 Nm, embora um modo ‘Boost’ com duração máxima de 60 segundos permita aumento da potência até aos 300 kW (408 CV) e de binário para os 664 Nm. Com isso, o e-tron pode acelerar dos zero aos 100 km/h em 5,7 segundos (ou 6,6 se não se utilizar o modo ‘Boost’) e atinge uma velocidade máxima limitada de 200 km/h.

Nos modos de condução do Audi drive select, o condutor pode variar as características do e-tron entre sete perfis ao alcance de um comando – do mais desportivo ao mais eficiente –, dependendo da situação de condução, condições da estrada ou preferências pessoais. A atuação de elementos como a direção ou a suspensão é alterada pelo modo escolhido. Por exemplo, a altura ao solo pode variar até 76 mm, entre o máximo e o mínimo (de base é de 173 mm). Caso seja necessário enfrentar troços fora de estrada, a distância ao solo aumenta 35 mm face ao nível base, enquanto uma função “Lift” permite incrementar mais 15 mm essa mesma altura.

O sistema quattro é acionado sempre que necessário, distribuindo o binário conforme a situação, com o sistema a regular de forma contínua e totalmente variável a distribuição ideal do binário entre os dois eixos, em milésimos de segundo.

O motor posterior, o mais potente, é o que se utiliza principalmente para recuperar energia durante as desacelerações, mas, sempre que necessário, o e-tron utiliza os dois. O sistema de regeneração – utilizado a partir das patilhas atrás do volante com três modos de regeneração – é um dos pontos de destaque do e-tron, sendo apontado como uma forma de recuperar autonomia de forma eficaz. Até 0.3 g de desaceleração, este SUV elétrico recupera unicamente através dos motores elétricos. O sistema de travagem hidráulico é aplicado sempre que a desaceleração é superior a 0,3 g. Consoante a situação, o sistema de gestão da travagem decide se usa os motores elétricos como alternadores (para recarregar a bateria) ou se os travões de fricção, mas os dados da Audi indicam que “em mais de 90% das situações de condução, o SUV trava apenas através dos motores elétricos”.

É o controlo do sistema de tração que avalia o escorregamento das rodas em milésimos e promove a distribuição da potência de forma imediata, num conceito de tração elétrica integral. Para dinamismo específico, a Audi disponibiliza ainda um controlo eletrónico de estabilidade de quatro fases, com modos “Sport” e “Offroad”.

A marca de Ingolstadt explica que o e-tron estreia conceito de atuação eletro-hidráulico, “sendo o primeiro construtor automóvel em todo o mundo a fazê-lo num veículo de produção em série com propulsão elétrica. A autonomia apontada pela Audi, em ciclo WLTP, é superior a 400 quilómetros (mais concretamente, 417 quilómetros).

O pack de baterias de iões de lítio – com uma capacidade de 95 kWh – conta com um total de 36 módulos de células. Com 2,28 metros de comprimento, 1,63 metros de largura e 34 cm de altura, o pack de baterias do e-tron conta com um total de 36 módulos de células dispostos em quadrados de alumínio, cada um deles do tamanho de caixas de sapatos. A bateria, fabricada pela LG (com um peso de cerca de 700 kg, incluindo todo o material acessório, como as cablagens e arrefecimento), situada sob o piso e entre os dois eixos, para melhor repartição do peso e baixo centro de gravidade, está envolta num gel de arrefecimento que lhe mantém a eficácia.

Uma moldura envolvente e uma estrutura estilo malha em alumínio protegem a bateria, enquanto uma proteção inferior em alumínio protege a estrutura de pedras ou danos na zona inferior da carroçaria. A bateria está aparafusada ao e-tron em 35 pontos, o que aumenta a rigidez da estrutura em 27%. A Audi destaca ainda o sistema de arrefecimento de baterias avançado, que lhe permite andar mais tempo em ritmos fortes, conforme adianta a Audi, que prevê utilização mais intensa contínua sem perda de eficácia das baterias. Aliás, conta com um avançado sistema de gestão térmico também garante que a bateria é mantida dentro da sua faixa ideal de eficiência – entre 25 e 35 ° Celsius, em todas as situações –, desde um arranque a frio no inverno até um tipo de condução rápida em autoestrada em dias quentes de verão.

Primeiro estranha-se… Espelhos retrovisores exteriores virtuais

Pela primeira vez num carro de produção em série, os espelhos retrovisores exteriores virtuais estão disponíveis como opção no Audi e-tron, com um custo de 1800€.
Integrada na extremidade hexagonal dos seus suportes planos está uma pequena câmara, cujas imagens são processadas digitalmente e exibidas em displays OLED de 1280 x 800 pixels de elevado contraste, na transição entre o painel de instrumentos e a porta. São ajustáveis individualmente através do ecrã tátil do MMI ou OLED.

Graças à sua superfície plana, os retrovisores exteriores apresentam um reduzido coeficiente de resistência aerodinâmica, contribuindo assim para um desempenho mais eficiente. Os monitores de 7 polegadas, cuja intensidade de brilho se ajusta automaticamente, são equipados com sensores de proximidade. Se o condutor mover o dedo em direção à superfície, serão ativados símbolos com os quais pode mover a imagem. Uma função de comutação permite ao condutor também regular o espelho virtual do lado do passageiro.

Duas versões de equipamento

O e-tron chega a Portugal delimitado em duas versões de equipamento, a Base e a Advanced. A primeira compreende já um leque muito completo de elementos, como o cabo de carregamento industrial 16A, cabo de carregamento mode 3 para 11 kW, faróis LED com preparação para mais funções de iluminação, faróis traseiros em LED; jantes de 19 polegadas com pneus 265/55 R 19, Audi connect Navigation & Infotainment, Audi Virtual Cockpit, MMI de navegação plus com MMI touch response, sistema de som Audi Sound System, ar condicionado automático de duas zonas, Audi Drive Select, cruise control, sistema keyless go, suspensão pneumática adaptativa, Audi pre sense basic (Audi pre sense Front e aviso de saída de faixa de rodage).

A versão Advance tem um custo de 85.781€, destacando-se por ter jantes de 20 polegadas e elementos diferenciadores na carroçaria.

A garantia é de quatro anos ou 80.000 Km, com garantia da bateria de 8 anos ou 160.000 Km. Novidade é a inclusão no contrato de manutenção de quatro anos ou 80.000 quilómetros.


Carregamento: Muitas variáveis

Quanto ao carregamento, o e-tron é proposto de série com um equipamento de carregamento que admite potências até 11 kW (até oito horas e meia de tempo de carga) de base, ou de 22 kW opcionalmente, com o módulo Connect (reduzindo o tempo necessário para a carga total para as 4,5 horas, graças a um segundo carregador integrado). O sistema de carregamento móvel, de série, pode ser usado numa tomada doméstica de 230 volts ou numa tomada trifásica de 400 volts.

Assim, para casas particulares com uma instalação elétrica monofásica, a Audi oferece dois tipos de carregadores portáteis. Um deles utiliza uma ficha tipo “Schuko” – a denominação técnica das fichas domésticas –, que só pode carregar com uma intensidade de 10 ampere (2.3 kW de potência), sendo necessárias cerca de 40 horas para realizar um carregamento completo. O outro carregador requer a instalação de uma ficha industrial monofásica, que permite carregar até uma potência de 7.2 kW.

Além destes dois tipos de carregamento, o cliente pode adquirir para o seu e-tron um cabo Tipo 2 (Mennekes), para poder utilizar os pontos de carga públicos que possuem este tipo de ligação, e que se encontram na via, em hotéis e estacionamentos de centros comerciais. Este tipo de pontos de carga não está geralmente equipado com cabos, pelo que o proprietário terá de ter o seu próprio.

Durante o carregamento a 11 kW de potência, quando a capacidade da bateria é inferior a 85%, cada hora de carga equivale a acrescentar cerca de 33 quilómetros de autonomia (em estrada e com condições favoráveis). Com essa potência, chega a 85% da bateria em cerca de 7 horas.

Opcionalmente, a Audi disponibiliza também um sistema de carregamento ‘Connect’ com um carregador (com ligação para ficha trifásica) que permite carregar a 22 kW de potência. Com este tipo de carregador, a bateria pode ser quase totalmente recarregada em 5 horas. Combinado com um sistema de gestão de energia em casa, oferece funções inteligentes, como o carregamento quando a eletricidade é mais económica ou com eletricidade solar, se a casa estiver equipada com um sistema fotovoltaico. O cliente pode controlar todos os métodos de carregamento, bem como o pré-aquecimento/pré-arrefecimento, através do seu smartphone com a app myAudi.

Para poder aproveitar este carregador de 22 kW, também é necessário equipar o e-tron com um segundo carregador interno, que seja capaz de aplicar e gerir esta potência. Em viagens longas, como nas deslocações para férias, os clientes podem usar estações de recargas rápidas para carregar com corrente contínua (DC) até 150 kW, sendo o primeiro automóvel de produção em série com esta opção.

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