O mercado automóvel europeu apresentou um crescimento sólido em 2023, com um aumento de 13,9% face a 2022, alcançando um volume total de 10.5 milhões num ano. Todos os mercados da União Europeia apresentaram uma variação positiva, com exceção da Hungria, demonstrando dessa forma uma toada de recuperação significativa para um setor que foi bastante afetado com a pandemia de Covid-19 e, depois, pela crise dos componentes.

De acordo com os dados da Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), o mercado automóvel (respeitante aos ligeiros de passageiros) na União Europeia tem registado uma dinâmica de crescimento ao longo dos últimos 12 meses que reflete, sobretudo, o aumento da disponibilidade de modelos no continente europeu após anos de pandemia e de falta de componentes que gerou atraso nas entregas.

Os automóveis 100% elétricos (BEV) assumiram-se já como a terceira escolha mais popular entre os compradores europeus de 2023, chegando a uma quota de mercado de 14,6% para o cômputo do ano, superando os 1.5 milhões de unidades. Em termos percentuais, traduz-se num crescimento de 37% face a 2022.

Os automóveis a gasolina mantiveram a sua liderança, com 35,3%, ao passo que os híbridos foram os segundos mais procurados, com 25,8% do mercado. Os automóveis com motor Diesel apresentaram alguma estabilidade, com um valor de 13,6%, comparando-se com os 16,4% do ano anterior. Já os automóveis híbridos Plug-in (PHEV) caíram 7% face a 2022, obtendo agora 7,7% de quota de mercado na União Europeia.

Em dezembro, mês em que o mercado europeu registou um declínio de 3,3% (o primeiro em 16 meses), as vendas de automóveis 100% elétricos representaram 18,5% das preferências dos compradores da UE.

Quanto às evoluções dos mercados, quase todos os mercados da UE registaram ganhos face a 2022, com a Hungria a ser a única exceção, apresentando um recuo de 3,4%. De resto, o crescimento de 13,9% refere-se a um total de 10.5 milhões de unidades, com ganhos para uma grande parte dos mercados, incluindo Itália (+18,9%), Espanha (+16,7%) e França (+16,1%). Já o mercado alemão, considerado por muitos como o ‘motor’ da Europa, teve um crescimento mais ténue, de 7,3%, muito influenciado por um dezembro muito aquém das expectativas (teve uma baixa de 23% no último mês do ano).

Os dados da ACEA dão conta de um crescimento de 26,9% do mercado português de automóveis novos, para um total de 199.623 unidades, sendo que desse valor, 36.390 eram 100% elétricos, refletindo um crescimento de 101,9% face ao ano de 2022, em que se matricularam 18.028 veículos deste tipo. Os modelos PHEV e os híbridos puros também apresentaram valores de crescimento, de 68,6% e de 19,5%, respetivamente, face a 2022.

Quanto às vendas por grupos automóveis, se se considerar o total da União Europeia, Reino Unido e EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suiça), o Grupo Volkswagen, que inclui marcas como a Volkswagen, Audi, Skoda, SEAT, CUPRA e Porsche, entre outras, foi a líder geral, com um total de 3.324.705 automóveis vendidos, numa subida de 18,5% entre 2022 e 2023. A quota de mercado do grupo subiu para os 25,9%, enquanto a do Grupo Stellantis, que foi o segundo maior grupo, reduziu-se ligeiramente, de 18,2% de 2022 para 16,6% de 2023. No total, o grupo liderado por Carlos Tavares e que tem marcas como a Peugeot, Citroën, Opel, Fiat e Alfa Romeo, entre outras, matriculou 2.128.625 crescendo 3,7%.

O lugar mais baixo do pódio ficou o Grupo Renault, composto por Renault, Dacia e Alpine, que teve uma quota de mercado de 9,7% (subindo ligeiramente dos 9,4% de 2022), com um total de 1.242.293 unidades vendidas (+16.9%).

Como curiosidades da tabela divulgada pela ACEA, destaque para as marcas que mais cresceram de um ano para o outro, sendo a Tesla aquela que mais cresceu em termos de vendas, com um aumento de 56,9% para 366.326 unidades vendidas, seguindo-se Lexus, com um aumento de 53,6% entre os dois anos em análise (para 60.286 registos), e Alfa Romeo, que teve um aumento de 52,1% nas vendas (para um valor de 50.088 registos).