FOTO Nicola Muirhead/aleksanderdoba.pl
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Atravessar o Oceano Atlântico de avião ou navio é fácil. O mesmo não se pode dizer quando o meio de transporte é bastante mais pequeno, e a força que o faz mover vem diretamente dos nossos braços. É um feito fantástico se for completado uma vez, mas há quem não esteja satisfeito com uma única viagem, como Aleksander Doba, que quis atravessar o Atlântico no seu caiaque em três ocasiões… a última das quais já com 70 anos de idade.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

A primeira viagem do aventureiro polaco foi feita em 2010, já quando ia na casa dos 60, mas foi relativamente fácil em comparação com as seguintes. Doba viajou de Dakar, capital do Senegal, para Acarau, no nordeste brasileiro, percorrendo 5394 km em 98 dias, a uma média de 2,26 km/h. Para se fazer à viagem, mandou construir um caiaque de fibra de carbono, equipado com compartimentos estanque, dessalinizador, painel solar com acumulador de energia e reservatório de água fresca. Olek, como é conhecido, já tinha experiência em andar de caiaque por longas distâncias, no Mar Báltico, desde os anos 90.

A segunda viagem teve lugar em 2014, e já foi feita no Atlântico Norte, começando num navio ancorado perto de Lisboa, e partindo até New Smyrna, uma praia na costa leste da Florida, tendo dado a volta às Bermudas durante a travessia. Pelo caminho, Olek remou ao lado de tartarugas e golfinhos, teve que reparar o dessalinizador com uma caneta, e ficou sem pilhas para o localizador de GPS. Mas conseguiu chegar ao fim, demorando 167 dias para atravessar 12.427 km.

A última ocupou grande parte de 2017, partindo de Nova Jérsia e terminando a jornada em Le Conquet, na região francesa da Bretanha, percorrendo 7686 km em 110 dias. Parecia mais fácil, mas a viagem de Olek esteve recheada de problemas. A ideia era chegar a Lisboa, mas o tempo obrigou a andar às voltas várias vezes e o seu leme partiu-se, o que o levou a considerar deixar-se levar à deriva e esperar chegar aos Açores. Antes disso, no entanto, conseguiu pedir auxílio a um navio cargueiro, e recuperou o rumo, aproveitando a Corrente do Golfo para ganhar velocidade. Mesmo assim, foi levado a Norte, e em vez de ir a Lisboa esteve perto de chegar à Inglaterra, às vistas do castelo de Tintagel, na Cornualha. Mas como queria chegar ao continente, ficou mais um dias no mar para chegar a França. Pelo caminho, perdeu 20 kg, o máximo de qualquer viagem.