M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A transformação do regime político da União Soviética durante a era de Mikhail Gorbachev abriu as portas para uma maior troca de ideias, serviços e produtos entre os Estados Unidos e a Rússia. Antecipando essa mudança, Igor Dmitrovskiy, imigrante letão nos Estados Unidos, planeou a criação de uma travessia aérea entre Nova York e ainda Leninegrado (atual São Petersburgo) e montou a sua própria companhia aérea, a Baltia Airlines, em 1989, com sede em Nova York.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Em 1991, a União Soviética tinha caído e a sua terra natal tinha-se tornado independente da Rússia, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Antecipando voos para S. Petersburgo e Riga, Dmitrovskiy comprou dois aviões Boeing 747-200 usados à Cathay Airlines. Mas foi aí que começaram os problemas, pois, após a compra dos aviões, a companhia aérea ficou sem dinheiro e isso resultou com a revogação da sua licença de operação por parte das autoridades de aviação, pois nunca conseguiram colocar um avião no ar, nem sequer para testes, durante cinco anos. E assim a Baltia permaneceu até 2007, quando conseguiu reunir mais capital de novos investidores.

Mesmo assim, os problemas não acabaram. Duas novas tentativas separadas de comprar um avião não resultaram em nada, pois num caso o 747 da Pakistan Airlines não tinha motores, e um avião semelhante da Northwest foi desmantelado depois de ter sido pintado. Dmitrovskiy morreu em 2016, ainda sem conseguir colocar um único avião com o nome da sua empresa no ar. Um grupo de investidores tentou ressuscitar a companhia aérea, mudando o seu nome para USGlobal.

Renovada, a USGlobal anunciou a criação de várias rotas locais no Nordeste dos Estados Unidos, a partir de um aeroporto mais pequeno no Estado de Nova York. Mas depois os executivos mudaram de ideia e tentaram adquirir uma companhia de charters que operava entre a Florida e as Caraíbas. E foi aí que as autoridades bolsistas entraram em cena, após queixas de vários acionistas, que levaram à prisão do seu acionista principal, John Drago, e 0ao pagamento de uma multa de 22,6 milhões de dólares (20,1 milhões de euros), o ano passado. A ex-Baltia, hoje USGlobal, faz 30 anos em agosto. E o primeiro voo continua longe.