M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A última grande expedição ao Titanic teve lugar em 2005, e desde então, mais ninguém visitou o navio que teve o naufrágio mais conhecido da história. Mas em breve vai haver mais uma visita aos restos do navio, que se encontram 3800 metros abaixo da superfície do Oceano Atlântico. Só que esta última expedição marcada para 2019, de natureza turística e científica, poderá também ser a última vez que alguém vai poder ver o que sobrou do Titanic. É que uma bactéria está a consumir os restos do navio, que deverá desaparecer completamente em 2030.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Embora o desastre tenha ocorrido em 1912, foi preciso esperar até 1977 para que os avanços tecnológicos permitissem organizar uma expedição. E foi apenas em 1985 que se encontrou finalmente o local exato onde o Titanic tinha afundado, numa expedição comandada por Robert Ballard, um dos mais obstinados na missão de encontrar o navio. Desde então, realizaram-se dezenas de expedições, na sua maioria para recuperar objetos do navio, tendo muitos deles sido depois exibidos em exposições de museus.

Numa das expedições, realizada em 1991, foram retiradas aglomerações de ferrugem, que tinham coberto completamente toda a estrutura metálica do navio. Em 2010, um grupo de cientistas conseguiu isolar a bactéria responsável, uma nova espécie denominada Halomonas titanicae. O resultado é que, embora o local de repouso do Titanic seja considerado um local protegido como Património Mundial da UNESCO, em breve não sobrará nada identificável para proteger. A bactéria também é responsável por não ter sido possível pôr em prática qualquer plano para resgatar os destroços e trazê-los de volta à superfície.

Assim, esta nova expedição, organizada pela OceanGate, vai usar um submersível, batizado Titan. O desastre do Titanic tem paralelos com o romance “Futilidade”, publicado em 1898, 14 anos antes do Titanic, em que um navio considerado inafundável, chamado Titan, vai ao fundo após chocar com um icebergue. Mas este novo Titan foi concebido para ser seguro debaixo de água transportando cinco pessoas até ao lugar de repouso do navio. A OceanGate vai levar um número limitado de passageiros (tendo cada um pago 91 mil euros pelo privilégio), mas a maioria vai fazer a viagem em trabalho, para tirar medições tridimensionais dos restos do navio, podendo assim preservar a sua história mesmo do Titanic ter sido completamente consumido pela natureza.