BMW: Combustão interna ainda tem décadas de vida

28/06/2019

A BMW revelou esta semana a sua estratégia de eletrificação para os próximos anos, mas um dos altos responsáveis da marca bávara revelou que os tradicionais motores de combustão interna, sobretudo o Diesel, ainda têm décadas de vida.

Essa é a opinião do Diretor Técnico da BMW, Klaus Frölich, que, reforçando a aposta na eletrificação, também indicou que os motores de combustão interna vão continuar nas estradas por mais algumas décadas, indicando pelo menos 20 anos para os Diesel e mais 30 para os motores a gasolina. Mas concede que a quantidade de motorizações térmicas vai descer substancialmente à medida que a eletrificação ganha tração.

Em declarações citadas na Forbes, Frölich garantiu que a BMW vai manter o empenho nos motores de combustão interna, mas que alguns têm extinção assegurada, como o titânico V12, o motor Diesel quadriturbo de seis cilindros em linha e o 1.5 Diesel.

“A melhor suposição de que existam 30% de vendas de veículos eletrificados em 2025 significa que pelo menos 80% dos nossos veículos vão ter um motor de combustão interna”, afirmou, contando neste leque com os Plug-in híbridos que têm igualmente um motor térmico. “Vemos áreas sem infraestruturas de carregamento como a Rússia, o Médio Oriente e a zona mais a Leste da China, pelo que irão necessitar de motores a gasolina por mais 10 ou 15 anos”, acrescentou.

Klaus Frölich voltou a demonstrar a sua relutância em relação à massificação dos elétricos, defendendo os Plug-in híbridos como solução apropriada para os próximos anos.

Quanto ao tempo de transição para os veículos puramente elétricos, o alemão observa com alguma relutância o movimento, explicando que os consumidores europeus não estão ainda totalmente convencidos da solução elétrica, chegando mesmo a dizer que “não existem solicitações de clientes para os VE (veículos elétricos). Nenhuns. Existem requisitos dos reguladores para os VE, mas não por parte dos consumidores”.

O responsável técnico da BMW já no passado recente havia indicado que os carros elétricos estavam a ser sobrevalorizados e agora voltou a considerar que, além dos pedidos por parte dos reguladores europeus, não está a existir procura por parte dos clientes: “Se tivermos uma grande oferta, um grande incentivo, podemos inundar a Europa e vender milhões de carros, mas os europeus não vão comprar estas coisas. Daquilo que vemos, os VE são para a China e para a Califórnia e todos os demais estão melhor servidos com os PHEV [Plug-in híbridos] com boa autonomia elétrica”, afirmou ainda.

Por outro lado, rebateu ainda as críticas da associação europeia Transportes e Ambiente, que acusou os fabricantes de estarem a atrasar a introdução de veículos elétricos no mercado, com Frölich a considerar que aquele organismo “ignora que o cliente europeu não está preparado para assumir o risco de um VE porque a infraestrutura não está de pé, a revenda não é conhecida. Os clientes na Europa não compram veículos elétricos. Forçamos estes carros no mercado e não são desejados”.

Uma tomada de posição que contraria de certa a tendência de movimentação da indústria europeia, mas que vai ao encontro de muitos dos altos responsáveis de algumas das principais marcas europeias, como Carlos Tavares (CEO da PSA) ou Yves Bonnefont (DS) de que existe uma direção regulatória por parte dos poderes políticos no sentido da eletrificação.

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