Numa carta aberta divulgada hoje e apoiada por diversas entidades associadas aos transportes, combustíveis e sustentabilidade (além de assinaturas de 93 cientistas, entre os quais se inclui o professor português Francisco Lemos), a CECRA apela a que os combustíveis sustentáveis possam vir a ser considerados para as metas de emissões de dióxido de carbono (CO2) na União Europeia, mostrando-se esperançados numa revisão das metas e na inclusão deste tipo de combustível no conjunto de medidas para se chegar à neutralidade carbónica.
“O transporte pesado é um setor vital para o funcionamento dos mercados internos e um quadro regulatório adequado deve apoiar o desenvolvimento de veículos limpos utilizando diferentes tecnologias e combustíveis. A descarbonização é um desafio imediato e todas as opções que possam ter um impacto rápido devem ser permitidas”, lê-se no documento enviado às redações pela CECRA.
A União Europeia planeia um ‘ataque’ feroz às emissões de CO2, tendo anunciado em 2022 o plano ‘Fit for 55’, que prevê uma série de pontos no setor da mobilidade que passa pela redução drástica das emissões até 2035, ano que as vendas de automóveis novos com motor de combustão deverão terminar em solo europeu.
Porém, ee acordo com a CECRA, os “combustíveis sustentáveis e renováveis podem acelerar o processo e contribuir para o cumprimento das metas do ‘Fit for 55’ e para a total descarbonização nos transportes rodoviários”.
“Os operadores de transportes e construtores de veículos devem ser encorajados a considerar combustíveis alternativos mais limpos face aos combustíveis fósseis, disponíveis imediatamente, incluindo combustíveis líquidos e gasosos renováveis e sintéticos. Dependendo de cada utilização, a diversidade tecnológica é necessária num momento em que todas as tecnologias, incluindo a eletrificação/hibridização, hidrogénio e combustíveis sustentáveis e renováveis podem desempenhar um papel”, acrescenta ainda aquela organização.
Ao definir as metas para a implementação do seu plano para 2035 no setor dos automóveis, a Comissão Europeia deixou em aberto a hipótese de ainda poder vir a considerar os combustíveis sintéticos e renováveis neutros em emissões em carbono caso a sua evolução assim o permita, pelo que nos últimos meses tem-se assistido a um incremento do desenvolvimento e investigação nesse sentido.
Companhias como a Porsche ou a Bosch já levaram a cabo experiências relevantes com esta tecnologia e a marca alemã de automóveis desportivos até concebeu um projeto no Chile onde, em parceria com outras empresas, estabeleceu uma fábrica para a produção de biocombustíveis sustentáveis.