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Countach faz 50 anos: O Lamborghini que se inspirou na corrida ao espaço

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No início da década de 1970 estava-se no auge do sonho da conquista do espaço. Os Estados Unidos da América (EUA) tinham acabado de levar o Homem à Lua em 1969, pelo que o imaginário de uma parte da população mundial estava, precisamente, nas aventuras fora do planeta Terra. Também na Lamborghini não se foi imune a esse mesmo sonho, com o Countach a nascer, precisamente, com inspiração espacial, acabando por tornar-se ele próprio num objeto de desejo marcante para a indústria automóvel.

Na celebração dos 50 anos deste icónico desportivo, a Lamborghini lançou um documentário dividido em quatro partes sobre o desenvolvimento do Countach, cujas linhas quebraram todos os moldes dos desportivos de então.

No primeiro vídeo é contada a história da criação do modelo original, com recurso às memórias de Marcello Gandini, o designer que traçou as linhas futuristas e com um forte perfil de cunha do Countach numa época que será, quiçá, irrepetível em termos de liberdade de desenho e de filosofia de conceção com poucas normas regulamentares para respeitar.

No início era o sonho espacial

No verão de 1970, Ferruccio Lamborghini, criador da marca, pediu aos seus homens que desenvolvessem um automóvel desportivo revolucionário capaz de substituir o Miura, reunindo na sua génese princípios como tecnologia avançada e maior rapidez com o objetivo de se tornar no desportivo ícone daquela década. Este foi o pano de fundo para o LP 500.

O motor V12 aumentou a sua cilindrada de quatro para cinco litros e altera-se a sua posição no automóvel, passando de transversal traseiro para longitudinal traseiro. Para tal, o engenheiro técnico da marca, Paolo Stanzani, inventa uma nova solução, passando a caixa de velocidades para a frente do motor. Do lado estilístico, Gandini, responsável da Bertone, decidiu abandonar as formas arredondadas que caracterizaram a década de 1960, presentes por exemplo no Miura, optando por formas angulares e uma posição mais baixa e larga na estrada.

Também emblemáticas, as portas de abertura vertical surgiram no Countach como a ‘cereja no topo do bolo’ de um automóvel arrojado, quase vindo do espaço. O LP 500 ttinha os condimentos certos para espantar. Da versão concept, apresentada no Salão de Genebra de 1971, estreando então a denominação Countach – que significa no dialeto de Piemonte algo como surpresa e admiração – até à versão definitiva passaram-se mais dois anos, nascendo em 1973 o Countach LP 400.

O concept recebeu grande atenção e na Lamborghini houve ‘luz verde’ para passar o protótipo para uma versão de produção, demorando dois anos em desenvolvimento, com grande parte do trabalho de estrada feito em viagens longas por Bob Wallace. Foram necessárias grandes mudanças, sobretudo em termos de arrefecimento do motor, sendo por isso adicionadas duas enormes tomadas de ar na parte superior lateral e tomadas de ar NACA, que também contribuíram para o seu desenho agressivo e arrebatador. Já a dianteira aumenta alguns centímetros.

Após os primeiros testes de estrada, o motor de cinco litros revela-se muito frágil, sendo substituído por um motor de quatro cilindros.

A estreia de produção

A versão de produção, denominada Countach LP 400, é apresentada no Salão de Genebra de 1973, com o número de chassis #1120001, ainda em formato pré-série mas praticamente semelhante ao modelo de série. Como destaques, a carroçaria feita em painéis de alumínio a envolver um chassis tubular, surgindo no certame helvético na cor vermelha. Curiosamente, essa mesma unidades, que marcou presença em diversos salões e certames ao longo dos meses seguintes após a estreia de Genebra, viria a ser vendida na Suíça e encontrada no início dos anos 2000 pela Lamborghini, que a adquiriu para ser exposta no museu da marca, o MUDETEC.

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O motor de 4.0 litros (3929 cc), alimentado por seis carburadores duplos Weber 45 DCOE, debitava 375 CV às 8000 rpm, aproximando-se dos 300 km/h de velocidade máxima. Considerada por muitos como a versão mais pura do desenho de Marcello Gandini, o LP 400, com os seus 152 exemplares produzidos até 1977, é hoje a versão mais ambicionada pelos colecionadores da marca italiana.