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Crise dos semicondutores continua a ‘castigar’ vendas de automóveis na Europa

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A crise dos chips semicondutores, em associação com os efeitos latentes da pandemia de Covid-19, voltaram a afetar negativamente as vendas de automóveis novos na Europa em outubro, de acordo com os dados da JATO Dynamics, que dão conta de uma quebra de 30% face aos valores do ano passado.

Numa comparação direta entre os meses de outubro de 2020 e de 2021, a JATO Dynamics revela que o mercado europeu a 26 países sofreu uma contração de 30% (34% quando comparado com o mês homólogo de 2019), ficando-se pelas 790.652 unidades.

“A falta de semicondutores está-se a revelar tão severa quanto os confinamentos [resultantes] da Covid no ano passado. Vimos fábricas a fecharem em todo o continente e, neste momento, a indústria está em dificuldades para encontrar uma solução para crise na cadeia de fornecimento”, explica Felipe Munoz, analista global da JATO Dynamics, entidade que reúne e analisa os dados de vendas.

No total do ano, porém, ainda há uma pequena vantagem de 2021 face ao ano passado, com este ano a ser melhor em 2,26% com 9.85 milhões de unidades. Porém, o diferencial é cada vez menor.

Grupo Volkswagen superado pelo Stellantis

O impacto da crise dos semicondutores também está a ter um efeito direto nas tabelas de vendas. Como resultado dos menores números de vendas, segundo a JATO Dynamics, o Grupo Volkswagen perdeu – apenas pela segunda vez este século – a liderança de registos mensais por construtor. Por seu turno, foi a primeira vez que a Stellantis superou o grupo germânico como o mais bem-sucedido, com 165.825 unidades matriculadas, contra as 163.313 do Grupo Volkswagen.

No mês passado, a Volkswagen registou uma quebra de 42% em volume, com quebras de dois dígitos em todos os países menos na Irlanda. Os segmentos mais afetados foram os dos utilitários e compactos, o que também denota uma escolha por parte dos fabricantes nestes tempos conturbados de escassez de componentes eletrónicos.

Munoz refere que os construtores “estão a ser forçados a dar prioridade aos seus segmentos de sucesso, o que quer dizer que os poucos semicondutores disponíveis estão a ser usados unicamente para produzir SUV e elétricos”.

O mesmo é comprovado pelo novo recorde de quota para os automóveis de estilo SUV, já que dos 40,7% do total de automóveis vendidos em outubro de 2020 passou para 46,8% do mês passado. A procura pelos modelos SUV tem-se mantido constante, alimentada também pela aparição de cada vez mais alternativas elétricas.

Durante o mês, foram registados 181.300 unidades de automóveis plug-in (PHEV) ou elétricos, representando 22,9% do mercado, igualmente um novo recorde. Já o segmento Diesel mantém a sua trajetória descendente. Em outubro de 2020, 28% dos automóveis tinham um motor Diesel, comparando-se diretamente com os 19% de outubro de 2021.

Por modelo, ao contrário do que sucedeu no mês passado, quando a Tesla foi a líder absoluta com o Model 3, agora nem surge entre os dez automóveis mais vendidos do continente (foi o 13º modelo mais vendido entre os elétricos). O líder global foi o Peugeot 2008, sendo o mais vendido num mês pela primeira vez desde o seu lançamento em 2013.

O Grupo Stellantis contou, aliás, com cinco modelos das suas marcas no top-10, seguido pelo Grupo Renault, com dois modelos, havendo ainda presenças singulares do Grupo Volkswagen, Ford e Hyundai. Nota para o bom resultado do Dacia Spring entre os automóveis elétricos, tendo sido o terceiro mais vendido no mês de outubro, apenas atrás dos Renault ZOE (1o) e Volkswagen ID.3 (2o).