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De Lisboa a Glasgow num Tesla em defesa dos carros 100% elétricos

Cascais, 20/10/2021 - Portugal Mobi Summit 2021 - Henrique Sanchez, presidente da UVE posa junto ao carro no qual vai viajar até Glasgow. (Paulo Alexandrino/ Global Imagens)

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Henrique Sánchez, presidente da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos explicou à margem dos trabalhos do Portugal Mobi Summit que vai partir de Lisboa este sábado no seu Tesla Model 3 em direção a Glasgow, onde se vai realizar a COP26, no âmbito de uma ação europeia em defesa dos automóveis elétricos.

Quando partem de Lisboa, qual será o percurso e quando tencionam chegar a Glasgow?

A viagem vai começar este fim de semana. São dois carros, um sairá logo no sábado e o outro no domingo. Vamos parar em Bayonne e em Paris. Em Paris, encontramo-nos com todos os utilizadores de veículos elétricos da associação francesa e haverá um momento de confraternização, um jantar e umas fotos, e no dia seguinte, ou seja, dia 27 chegamos a Bruxelas. Em Bruxelas vão encontrar-se todos os europeus continentais, os que vêm do norte, da Suécia, da Polónia, da Eslovénia, os alemães, nós portugueses, os holandeses, os belgas, os suíços… todos os europeus continentais de associações. Esta ação realiza-se no âmbito da Global EV Alliance, que é uma aliança global de associações de utilizadores de veículos elétricos da qual a UVE foi fundadora com outras associações no passado mês de junho. Neste momento, a aliança tem 45 associações fliadas de 29 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Brasil, Austrália, Nova Zelândia. Obviamente que algumas destas associações não poderão estar representadas com veículos elétricos, mas, por exemplo nós Portugal, iremos representar a ABRAVEi, que é a associação brasileira do veículo elétrico.

O que irão fazer em Bruxelas concretamente?

No dia 27, em Bruxelas, somos recebidos na sede da AVERE, que é a Associação Europeia para a Mobilidade Elétrica, onde vamos fazer a entrega formal, assinada pelos representantes das associações, de uma declaração, que está no nosso portal e em todo o mundo em várias línguas, onde exigimos que aquilo que a Comissão Europeia já decidiu para 2035, e que é a partir de 2035 só poderem ser vendidos veículos 100% elétricos e híbridos plug-in, proibindo veículos com motor exclusivamente térmico, que seja antecipado cinco anos, portanto, que seja a partir de 2030. Que a partir de 2030 nenhum veículo com motor exclusivamente a combustão seja vendido e que, a partir de 2035, só sejam vendidos veículos 100% elétricos. Essa é a nossa exigência, é uma petição que está a decorrer a nível mundial, e vai ser entregue fisicamente com as assinaturas dos representantes das associações na sede da AVERE, que a fará chegar ao Parlamento Europeu.Esta ação toda no continente europeu é gerida pela associação de utilizadores francesa e belga.

E qual será a etapa seguinte da viagem?

De Bruxelas seguimos para Calais e aí apanhamos o Eurotúnel para o Reino Unido, onde serão os utilizadores ingleses e escoceses a tratar do programa. Assim que entrarmos no Reino Unido vamos até ao leste de Londres a uma das maiores estações de carregamento que existe em todo o mundo e que se chama Gridserve, que é uma estação com múltiplos carregadores, tem várias experiências, desde carregamento normal, rápido, super rápido e ultra rápido, mas também com salas para conferências, com stands de vendas de veículos 100% elétricos, e toda a estação é alimentada por uma grande central fotovoltaica que gera eletricidade exclusivamente renovável. Depois vamos para uma outra empresa, a MyEnergi, que produz carregadores para os veículos elétricos e também painéis fotovoltaicos, dormimos em Hull e visitamos finalmente a Britishvolt, que é uma das maiores fábricas de baterias de todo o mundo. Depois dessa visita à Britishvolt, dirigimo-nos diretamente para Glasgow, onde chegaremos no dia 30 e onde estaremos até dia 3.

Que mensagem pretendem levar a Glasgow, onde entre 31 de outubro e 12 de novembro, se realiza a COP26?

Em Glasgow vamos estar na Green Zone, alguns junto de ações que estão programadas, e faremos também chegar à comissão executiva da COP26 a mesma declaração que já entregámos em Bruxelas à AVERE e ao Parlamento Europeu, e temos um conjunto de ações públicas de alerta para o problema das alterações climáticas, para a necessidade da eletrificação de todos os meios de transporte, para o fim do consumo de combustíveis fósseis, são estas as nossas três grandes bandeiras. E também mostrar que é possível – em Glasgow estarão carros elétricos de Lisboa, da Eslovénia, da Suécia, da Polónia, que fizeram milhares de quilómetros. Nós concretamente vamos fazer um pouco mais de três mil quilómetros de Lisboa até Glasgow, portanto será uma viagem com seis mil e poucos quilómetros. A viagem está já organizada e creio que não haverá problemas.

Já me disse que vão levar de Portugal dois carros. Que carros são e quantas pessoas vão?

São quatro pessoas, cada carro leva duas pessoas. Vou eu com a minha mulher e vai o Pedro Faria, o presidente da Mesa da Assembleia Geral da UVE, com a mulher dele. Somos dois dirigentes da UVE e os quatro somos associados. Os dois carros são dois Tesla Model 3, são carros que têm uma autonomia de 500 quilómetros. Eu, no meu carro, tomarei o pequeno almoço em Lisboa e já vou jantar a Bayonne, em França, portanto, serão cerca de 1000 quilómetros feitos no primeiro dia. É uma viagem que eu já fiz em 2019 na Noruega com este Tesla, mas já fiz outras viagens a Marrocos com BMW e Nissan 100% elétricos, tenho alguma experiência, e hoje em dia está muito facilitado este tipo de viagens. Praticamente, com este carro, a viagem é igual ou mais simples e descomplicada do que se fosse um um veículo de combustão interna, porque o carro indica onde é que eu posso carregar, com que tempo eu chego a ese posto e com que percentagem de bateria, quanto tempo é que eu devo lá estar, com que percentagem é que eu devo sair para chegar ao posto seguinte. Há super carregadores da Tesla em toda a Europa. são milhares, portanto, não há qualquer tipo de dificuldade, não nenhuma aventura, digamos assim, é uma viagem perfeitamente pacífica. Ainda por cima, os carros têm a possibilidade de condução autónoma, portanto mais relaxada, com vários sistemas de apoio à condução a nível da segurança, o que torna a viagem muito mais segura e muito mais cómoda para quem a faz. Estes são os nossos carros, não são carros que alguma marca nos tivesse emprestado, o meu é o azul e o do Pedro Faria o vermelho.

Texto: Ana Meireles