Foto: Reuters/Jonathan Ernst
Uma das batalhas do novo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, está relacionada com a indústria automóvel, procurando fazer com que as construtoras (estrangeiras ou não) passem a produzir modelos no país e que desistam de os importar, sobretudo do México, cuja preponderância para muitos dos fabricantes começa a ser grande.

Uma das marcas visadas por Trump, ainda antes da sua tomada de posse, foi a General Motors (GM), a qual o presidente dos EUA acusou de estar a importar exemplares do Chevrolet Cruze produzidos no México para o país, facto rapidamente negado pela companhia automóvel, com esta a garantir que os Cruze vendidos no país eram todos fabricados na fábrica de Lordstown, no Ohio.

Contudo, na última semana, tornou-se público que alguns modelos Cruze fabricados no México estavam mesmo à venda nos EUA, incluindo, de acordo com a CNN Money, na própria cidade de Lordstown, em Ohio. Em face desta revelação, os empregados da fábrica de Ohio mostraram-se fortemente desagradados, tanto mais que no dia da tomada de posse de Trump foi anunciado o despedimento de 1.200 trabalhadores daquela infraestrutura. A razão apontada foi a acumulação de stocks nos concessionários da Chevrolet, prevendo-se o afastamento de um total de 4.500 empregados, ainda de acordo com a mesma cadeia noticiosa.

O assunto ganhou outra relevância quando E.W. Niedermeyer, um analista da indústria automóvel e blogger, começou a identificar exemplares do Cruze com o código de identificação (VIN) do México: 31. Ou seja, os modelos produzidos nos EUA têm como primeiro dígito o 1, enquanto os do México têm o 3.

Entretanto, a General Motors admitiu a existência de um número a rondar as 8.400 unidades de modelos Cruze produzidos no México no final do ano passado à venda nos EUA, mas que essa série foi única e que a fábrica de Lordstown é mesmo a única fornecedora de Chevrolet Cruze Sedan no território americano.

“Um pequeno número de berlinas Chevrolet Cruze produzidas no México foram produzidas em 2016 para venda nos EUA. Esta produção adicional terminou em dezembro. Lordstown é agora a única fonte dos Cruze Sedan”, referiu Tom Wickham, porta-vez da GM.

No total, venderam-se 188.876 unidades do Cruze nos EUA no ano passado, sendo aquele número assim um pequeno valor, mas que aconteceu, de facto.

Reuniões com Ford, GM e FCA

Reforçando a sua posição na defesa daqueles que considera serem os interesses dos EUA, Trump vai reunir-se esta terça-feira com os CEO de algumas das principais companhias locais, incluindo a General Motors, Ford e Fiat Chrysler Automobiles. Em cima da mesa estará, certamente, o tema da produção fora dos Estados Unidos e a possibilidade de imposição de taxas de 35% para os veículos produzidos no México.

Pouco recetiva à possibilidade de abortar o seu plano de criar uma fábrica no México para a produção futura de Série 3 para o mercado norte-americano parece estar a BMW, marca que apesar da ameaça de Trump de receber um imposto adicional de 35% respondeu com o facto de ter naquele país uma das suas maiores fábricas mundiais, em Spartanburg, a qual produz toda a família SUV da marca – do X3 aos X6 M – e exportando para mais de 140 países.