Num futuro próximo será possível instalar uma ‘energy box’ num condomínio para fazer o carregamento de um veículo elétrico e associar um cartão à fatura da eletricidade assumindo o custo desse carregamento específico, sem prejudicar outros condóminos.

Esta foi uma das visões apresentadas por Carlos Almeida, diretor-geral da Energia e Geologia, a propósito das vantagens associadas ao novo modelo para comercialização de eletricidade da mobilidade elétrica, na conferência “Os desafios da mobilidade elétrica”, dinamizada pela CERTIEL – Associação Certificadora de Instalações Elétricas.

De acordo com o responsável da Direção-Geral de Energia e Geologia, as últimas alterações legislativas introduzidas ao Decreto-Lei 39/2010, responsável pela regulamentação da mobilidade elétrica, visam ultrapassar alguns dos principais constrangimentos com que os utilizadores e veículos elétricos se deparam atualmente. Uma dessas dificuldades passa pelo pagamento da energia consumida no carregamento em contexto doméstico, quando há mais utilizadores, ou quando o ponto de carregamento não pode estar fisicamente associado ao seu contador de energia.

Com um cartão associado ao seu fornecedor de energia doméstico, a passagem do mesmo na ‘energy box’ antes do carregamento permitirá ao utilizador fazer o respetivo pagamento, que é diretamente debitado na sua fatura de eletricidade. Carlos Almeida refere que este modelo permite igualmente a criação de uma espécie de cartão frota, que permitirá a um colaborador que utilize um veículo elétrico da empresa, carregá-lo em sua casa, sendo o custo assegurado pela empresa titular do veículo.

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Para Carlos Almeida, “a mobilidade elétrica está aqui para crescer e para ficar”, destacando que “o número real de veículos elétricos é superior ao cenário base previsto”.

Marcas aprovam

A nova solução para a comercialização de eletricidade para mobilidade elétrica foi apoiada por Rui Bica, responsável de produto i da BMW, que partilhou a visão da empresa no que respeita à mobilidade verde, destacando a aposta no BMW i3, um veículo projetado e concebido para ser 100% elétrico. Face aos novos limites associados às emissões de dióxido de carbono, o responsável alertou que há marcas de automóveis que podem desaparecer, se não se adaptarem ao futuro. No que respeita à visão da BMW, Rui Bica partilhou que a marca conta já com cerca de 100 mil veículos eletrificados.

Para Henrique Sanchez, presidente da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, “vamos todos ser obrigados a mudar para o veículo elétrico”, sustentando o seu ponto de vista com as alterações climáticas e as limitações exigidas pelas cidades no que respeita aos níveis de ruído e de poluição. Além disso, apontou o elevado nível de eficiência dos veículos elétricos, face à dos veículos de combustão interna.

Já Paulo Lúcio, gestor de operações comerciais na EDP Distribuição, defendeu a sua convicção de que “as redes inteligentes são a chave para alcançar as metas propostas para mudança de paradigma na mobilidade elétrica”, enaltecendo avanços como os dos contadores, desde os eletromecânicos até aos contadores inteligentes, que asseguram vários serviços de forma remota.

Câmara de Lisboa atenta

Com um programa profundo de renovação de muitas das suas faixas rodoviárias, a cidade de Lisboa debate-se também com o problema do congestionamento e da poluição. Fátima Madureira, diretora de Mobilidade e Transportes da Câmara Municipal de Lisboa, destacou o empenho da autarquia na promoção da utilização de transportes públicos e de veículos elétricos, tendo referido estar em curso um concurso para implementação de um programa de bicicletas elétricas partilhadas para a cidade.

A autarca teve oportunidade de explicar que as obras que estão a ser realizadas em Lisboa, não ocorrem em simultâneo por acaso, mas sim com vista à promoção de uma melhor mobilidade, na qual se inserem também os transportes públicos, referindo a necessidade de renovação da frota da Carris, que poderá passar pela via elétrica.

A representante do Município de Lisboa salientou também a importância da renovação da rede piloto de mobilidade elétrica, que está já em curso. De acordo com Fátima Madureira, em Lisboa essa renovação prevê a recolocação de pontos de carregamento, tendo em conta os locais em que têm maior procura, além da reparação ou substituição daqueles que estejam inoperacionais.

Sílvia Antunes, engenheira eletrotécnica da CERTIEL, rematou que “a mobilidade elétrica não vai parar, já que as necessidades do mercado têm pressionado as várias entidades a criarem soluções para o carregamento de baterias de vias públicas, mas essencialmente em espaços privados”.