A possibilidade de Lisboa vir a limitar a entrada de veículos automóveis no seu interior poderá tornar-se uma realidade dentro em breve, de acordo com um plano em estudo por parte do Governo de António Costa.

No âmbito de um esforço para reduzir as emissões poluentes no centro da cidade, Lisboa e Vale do Tejo terá até ao final do ano um plano para situações de poluição do ar, estando em cima da mesa medidas como a inibição de entrada de veículos na capital, conforme assumiu em declarações à Agência Lusa o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins.

Outras medidas em estudo passam pela inibição da entrada de veículos a determinadas zonas da cidade – ou totalmente -, além de se poder vir a ‘bloquear’ a sua entrada através da matrícula ou do tipo de combustível.

Carlos Martins referiu estar convicto de que, “até final do ano, o plano estará aprovado e passará a ser a referência de conduta relativamente a este tipo de problemas. O plano está em vias de ser aprovado e passar a ser uma referência para a política do ar em Portugal, esperamos que essas medidas possam ser levadas a outras cidades”, num desafio em conjugação com os municípios”.

Estratégia nacional

Esta é uma das decisões do Governo que também já aprovou uma estratégia nacional para a qualidade do ar e iniciou a modernização da rede de recolha de dados para controlar as situações de poluição atmosférica, com um investimento superior a dois milhões de euros, através do Fundo Ambiental e de fundos das cinco CCDR.

A avenida da Liberdade, em Lisboa, registou excedências do valor máximo permitido em dois agentes poluentes, na terça e quarta-feira, revelou hoje a associação ambiental Zero, que defende a necessidade de avisar a população, mas também de avançar medidas preventivas, como restringir o trânsito.

A situação deste ano torna-se mais grave na medida em que se verificam condições climatéricas excecionais, com vento fraco, temperaturas elevadas, pouca dispersão de poluentes, e mais tráfego, o que se traduz numa maior concentração de poluentes, como partículas finas ou dióxido de azoto que afetam a saúde, principalmente dos grupos mais frágeis.

“Foram identificadas em Portugal duas situações com alguma criticidade, alguns eixos centrais de Lisboa e Porto, sempre associados à questão do transporte e aos veículos, e também há uma ou outra situação ligada à questão do ozono, que tem muito a ver com as situações climáticas”, apontou o secretário de Estado do Ambiente.

Este ano, “tivemos uma situação adversa dos incêndios que veio perturbar um pouco a qualidade do ar porque há mais partículas em suspensão que conjugada com as temperaturas elevadas e com ausência de vento”, acrescentou.

Por isso, “em conjugação com a saúde [fizemos sair] um aviso à população para ser mais cuidadosa, para ter medidas que possam minimizar a exposição a essa situação”, disse ainda Carlos Martins.

Com Lusa