O município de Cascais é o primeiro em Portugal a contar na sua frota de veículos de transportes coletivos de autocarros a hidrogénio. Mais concretamente, serão dois os autocarros que a CaetanoBus vendeu à autarquia nos arredores de Lisboa, naquela que é mais uma etapa do seu processo de descarbonização dos transportes.

Produzidos em Ovar pela CaetanoBus, que faz parte da Toyota Caetano Portugal e da Mitsui & Co., os dois autocarros evidenciam o esforço da Toyota no desenvolvimento daquele tipo de mobilidade, considerado mais sustentável, sendo Cascais o primeiro município em Portugal a dispor desses autocarros com tecnologia de pilha de combustível (fuel cell) a hidrogénio.

Os dois autocarros H2.City Gold, completamente zero-emissões no seu funcionamento, vão estar equipados com a célula de combustível da Toyota, oferecendo uma autonomia a rondar os 400 quilómetros apenas com um único abastecimento, valendo-se ainda de tempos de abastecimento bastante reduzidos em comparação com o carregamento usual nos veículos elétricos. Componentes como os tanques de hidrogénio, as baterias e a célula de combustível, que estão localizados no tejadilho, permitem um piso rebaixado e uma otimização do interior do veículo.

Os dois autocarros movidos a hidrogénio vão integrar o serviço municipal de transporte rodoviário, nomeadamente as rotas na zona do Parque Natural de Sintra-Cascais e realizar duas linhas (Guincho e Pisão) no Verão e devem circular cerca de 250 quilómetros por dia. Num mês de referência vão percorrer cerca de 7500 quilómetros, segundo estimativas técnicas.

O Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, falou sobre a responsabilidade ambiental da autarquia e destacou que Cascais gosta de “arriscar” e de ser vista como “território de laboratório de inovação”, numa cerimónia no Centro Cultural de Cascais, a propósito do Dia Mundial da Energia. Carreiras referiu ainda que os autocarros movidos a hidrogénio são “um passo que devemos celebrar, mas que não acaba neste dia, porque a seguir há muitas outras lutas e objetivos que temos de alcançar”.

O autarca definiu ainda como outros objetivos transformar um primeiro camião de recolha de resíduos para funcionar com hidrogénio, mostrando-se confiante de que estão a ser dados os passos certos para reduzir as emissões poluentes com efeitos de estufa, mesmo que ainda esteja muito por fazer.

Além de ser o primeiro município do país com este tipo de veículos, Cascais assumiu desde já o compromisso de estabelecer nos seus limites um posto de abastecimento de hidrogénio, o que irá tornar a utilização destes veículos mais racional. Recorde-se que, atualmente, ainda não existem postos de carregamento públicos em Portugal, tendo a Salvador Caetano demonstrado igualmente o seu empenho na abertura de um posto do género em Ovar, para alimentar a sua operação de autocarros que agora conhece mais um desenvolvimento.

O hidrogénio fabricado será 100% verde, através de energias renováveis no seu processo de fabricação, tendo o município estabelecido uma parceria com o grupo Salvador Caetano para desenvolver e testar o primeiro veículo português de recolha de lixo movido a hidrogénio, no prazo de um ano, com a possibilidade de vir a desenvolver uma frota de dez veículos.

O grupo Salvador Caetano poderá alargar esta parceria a outras entidades, como por exemplo às frotas de táxis, numa relação que permita fornecer veículos a hidrogénio com condições favoráveis para que, em Cascais, a circulação rodoviária reduza de forma substancial as emissões carbónicas. Na sua gama, a Toyota conta já com o Mirai de nova geração, com autonomia de 650 quilómetros com um único abastecimento. Nesse sentido, o Presidente da Salvador Caetano, José Ramos, aponta para Cascais “como um exemplo” e garantiu ainda que a descarbonização “não é uma moda, mas uma necessidade”.

Combustível alternativo

Os custos com a implementação do hidrogénio em Cascais serão suportados por concessão de ativos imobiliários da empresa que detém o posto – Cascais Próxima – passando pela eventual concessão do próprio posto que, garante a autarquia, não serão suportados pelos munícipes.

O veículo a hidrogénio, com “emissões zero” é movido por um motor elétrico, mas a sua energia não vem da eletricidade armazenada em baterias, como é o caso dos veículos elétricos atualmente em uso. Para produzir a sua energia elétrica, o carro utiliza a oxidação do hidrogénio armazenado na forma gasosa numa célula a combustível.

Enquanto uma viatura movida a bateria carrega em pelo menos 30 minutos (e várias horas com cargas lentas), leva apenas três minutos para ser abastecido com hidrogénio.

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