M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A Grande Barreira de Coral é tão importante para a qualidade de vida nos oceanos como a floresta amazónica para a superfície terrestre. E, tal como a grande extensão florestal da América do Sul, também está sob ameaça de ser destruída por alterações climáticas, poluição e depredação. Por isso, a Fundação da Grande Barreira de Coral, uma organização não-governamental, criou um drone que vai ajudar a ONG a cumprir a sua missão de proteger este habitat localizado nos mares da Austrália.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O drone, chamado RangerBot, foi construído em associação com a Universidade de Tecnologia de Queensland (QUT) e com o apoio da Google, e pode ser operado facilmente com treino mínimo. Matthew Dunbabin, responsável pelo projeto na QUT, explica que “o RangerBot é o primeiro robô concebido para um ambiente de corais, podendo usar a sua visão para navegar em tempo real, evitar obstáculos e mapear áreas na Barreira de uma forma muito mais rápida do que era possível antigamente. É capaz de detetar branqueamento de corais, analisar a qualidade da água, identificar poluição e pestes predatórias”.

O drone, que tem 15 cm de comprimento e pesa apenas 75 kg, pode ficar debaixo de água por uma quantidade de tempo três vezes superior à de um mergulhador, o que lhe permite acumular mais dados, e até pode operar de dia ou de noite e em locais onde uma pessoa não teria acesso. Mas onde ele se destaca é na sua capacidade de eliminar um predador dos corais. Embora pareçam rochas, na verdade são seres vivos, pólipos do reino dos animais, e a Grande Barreira é o centro nevrálgico de toda uma cadeia alimentar que inclui milhares de espécies, muitas delas existentes apenas na área que ocupam no Oceano Pacífico, junto à costa leste da Austrália.

Os corais ficaram bastante vulneráveis nos últimos anos à predação da coroa-de-espinhos (Acanthaster planci), uma estrela-do-mar que se alimenta exclusivamente de corais, e que se tornou uma praga na Grande Barreira de Coral. O RangerBot não só é capaz de identificar este animal com 99,4 por cento de eficácia como também é capaz de injetar uma toxina que é fatal para esta estrela-do-mar mas não afeta nenhuma outra espécie local. A QUT espera colocar novas unidades deste drone nas mãos de organizações de proteções de barreiras de coral noutros locais do planeta.