A recente proposta da Comissão Europeia (CE) para a proibição da venda de automóveis novos com motor de combustão interna – que inclui híbridos (HEV) e híbridos plug-in (PHEV) – deverá contar com a oposição de dois dos principais países europeus, a França e a Alemanha, atendendo ao peso que o setor tem na sua economia.

De acordo com a proposta apresentada esta semana pela CE para o combate às alterações climáticas, denominada ‘Fit for 55’, que visa a redução de 55% nas emissões de CO2 já em 2035, as vendas de automóveis com motores de combustão interna poderão ser proibidas nesse mesmo ano, mas alguns dos países europeus avaliam a efetividade dessa medida e os efeitos que a mesma poderá ter nas suas economias.

Mais evidente será o papel moderado de duas das maiores economias europeias, as de França e da Alemanha, que contam com alguns dos maiores conglomerados automóveis do mundo, temendo não só a necessidade dos investimentos que serão necessários para ter uma infraestrutura capaz de acomodar a transição, mas também o impacto em termos laborais, atendendo a que o abandono dos motores de combustão interna tenderá a acabar com postos de trabalho – dada a menor complexidade de produção e da manutenção.

Segundo o Automotive News Europe, um dos países que estará a fazer maior força para uma suavização do plano de proibição é França, sobretudo com menores restrições para os híbridos. Citando uma fonte que não quis ser identificada, aquele site dá conta de uma reunião entre o Presidente francês Emmanuel Macron e as principais empresas do setor automóvel do país, nomeadamente as da Stellantis e Renault, com vista à transição energética. As empresas de fornecedores como a Valeo ou a Faurecia e entidades sindicais também terão sido ouvidas no âmbito da ronda de reuniões levadas a cabo por Macron.

Por outro lado, da parte da Alemanha, também Andreas Scheuer, ministro dos Transportes, comentou o tema à agência noticiosa alemã DPA, lembrando que as novas especificações e imposições para o setor “têm de ser tecnicamente viáveis”, estando em linha com a nota emitida entretanto pela Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA), cujo líder, Oliver Zipse, CEO também da BMW AG, comentou que tem de haver um esforço de todos os intervenientes do setor e que a simples imposição ou proibição de uma tecnologia poderá não funcionar.