M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Dentro dos Estados Unidos, a NHTSA (autoridade americana de segurança na estrada) é responsável por definir os limites de consumos e emissões dos veículos automóveis, mas o governo estatal da Califórnia tem o direito de definir os seus próprios limites, que são mais apertados e obrigam os construtores a vender veículos com emissões zero, totais ou parciais. Mas a administração Trump pretende eliminar esta exceção, colocando a Califórnia ao mesmo nível dos outros estados.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Isso não será tão fácil, uma vez que 12 outros estados americanos adotaram a mesma legislação que a Califórnia. Mas a administração Trump vai aproveitar uma abertura feita pela administração Obama, que tinha como objetivo reduzir os consumos médios de todos os veículos novos vendidos nos Estados Unidos, poupando 1,8 mil milhões de barris de petróleo entre 2017 e 2025, e eliminando 900 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera no mesmo período.

Em vez disso, a exceção californiana vai ser eliminada, já que o governo americano argumenta que o corte nos consumos é oneroso para o consumidor e que estas tecnologias tornam o automóveis mais caro, deixando o condutor sem meios para substituir veículos antigos devido ao preço de veículos novos com tecnologia ZEV (emissões zero totais) ou PZEV (emissões zero parciais).

A consequência é que os Estados Unidos vão parar com a redução de consumos nas principais marcas presentes no mercado americano. Atualmente, os carros pequenos devem conseguir ter uma média de 5,23 l/100 km, enquanto os grandes podem ter um consumo médio de 6,92 l/100 km. Mas os carros considerados camiões ligeiros (que incluem pick-ups, SUVs, furgões e até alguns crossovers e monovolumes) têm regulamentos menos penalizantes, de 6,36 (pequenos) e 9,41 l/100 km (grandes), e as pick-ups, embora classificadas como veículos de trabalho, são usadas frequentemente como viaturas pessoais.

A proposta da nova legislação é parar com o avanço constante nas reduções dos consumos (parando numa média da frota em 6,27 l/100 km) e eliminar o regime de exceção da Califórnia de modo a que todos os automóveis possam ser vendidos em todo o país nas mesmas condições, ao mesmo tempo que isso será refletido em preços mais baixos para os consumidores. As autoridades ambientais (EPA) e de regulação do tráfego automóvel (NHTSA) têm-se mantido em silêncio sobre estas propostas, mas o governo estatal da Califórnia pretende defender os seus direitos. A associação da indústria automóvel (AAM), que inicialmente foi contra as imposições da administração Obama, mantém-se na expectativa, pois qualquer mudança à legislação atual terá consequências financeiras.

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