M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Até 1 de setembro de 2018, todos os construtores automóveis que vendam veículos ligeiros na Europa vão ter que anunciar os consumos e emissões poluentes obtidos com o novo teste de consumos WLTP, que pretende-se que seja mais realista que o NEDC usado até ao ano passado. O problema é que, com os escândalos dos valores irreais de emissões que foram revelados nos últimos anos, muitas marcas estão a ter dificuldades para que os seus automóveis novos de acordo cumpram o novo regulamento.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Os automóveis de hoje em dia são altamente personalizáveis, e é necessário levar em conta não só o motor disponível, mas também o tipo de transmissão, o tamanho das jantes, e que tipos de equipamentos podem alterar os consumos. Cada variante reconhecida por um construtor necessita de dois meses para ser testada convenientemente, uma faixa temporal que aumenta com veículos híbridos, que têm três modos de funcionamento. Uma das empresas responsável pela certificação do modo WLTP, a alemã TÜV, tem estado a trabalhar 24 horas por dia, seis horas por semana… e mesmo assim poderá não ser suficiente para verificar a tempo todas as variantes existentes no mercado europeu.

Até que todos estes automóveis sejam verificados, assim que o WLTP entrar em vigor, nenhum automóvel testado em condições NEDC poderá ser vendido, mesmo que já tenha sido construído. Isto tem levado várias marcas a retirar temporariamente certas combinações de modelo, motor e versão dos configuradores dos seus sites. Entretanto, a rede de concessionários vê-se forçada a esperar mais por automóveis novos para entrega. E os construtores não quer ter veículos em stock que depois não vão ser capazes de vender, mas ao mesmo tempo vão ter bastantes encomendas para entregar, enquanto os clientes poderão ter que atrasar a compra de um carro novo até que a versão desejada esteja legalizada (ironicamente, obrigando potenciais clientes a conduzir um carro mais antigo e mais poluente por mais tempo).

Quando estes carros novos chegarem ao mercado, arriscam-se também a serem mais dispendiosos de produzir, um valor que será passado para o consumidor. Poderá dar-se o caso de os veículos estarem legais de acordo com o WLTP, mas o valor de emissões homologado ser mais alto que o previsto, obrigando a um maior pagamento de taxas para adquirir ou conduzir o veículo. Ou então, para cumprir os valores estipulados, a marca terá que instalar novas peças ou sistemas tecnológicos, aumentando o custo de produção. Assim, poderá ser necessário algum tempo para tanto a indústria como os consumidores se adaptarem ao WLTP e o mercado voltar ao normal.