M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
O nível elevado de poluição atmosférica nas grandes metrópoles já era reconhecido como a causa de doenças respiratórias e cardiovasculares, mas um novo estudo acrescenta que também pode ter efeitos negativos nas capacidades cognitivas dos habitantes. Este é o resultado de um estudo conduzido na China, onde os níveis de poluição nas cidades são superiores aos de qualquer cidade europeia e muitas pessoas são obrigadas a usar máscaras quando saem à rua.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O estudo foi conduzido por um grupo de investigadores da Escola Pública de Saúde na Universidade Yale, tendo como objeto mais de 25 mil pessoas em 162 municipalidades chinesas, e foi publicado no jornal oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, com a conclusão que, quanto maior é a concentração poluente, mais as pessoas têm dificuldade em usar as suas capacidades de cognição e aprendizagem. O principal responsável pelo estudo, Xi Chen, explicou que uma redução da poluição atmosférica na China para o mínimo legal dos Estados Unidos seria suficiente para melhorar a cognição da população no equivalente de aprendizagem de um ano na escola básica.

Os testes, que incidiram sobre comunicação verbal e habilidades matemáticas, foram feitos às mesmas pessoas em 2010 e 2014, e permitiram à equipa de Yale acompanhar a evolução destas capacidades e compará-la com a evolução da poluição do ar. Embora tenham sido testadas pessoas de várias idades, Chen notou que a perda de capacidade é mais acentuada nas pessoas mais velhas. Habitantes mais pobres, como têm mais hipóteses de trabalhar no exterior, estão em mais risco de sofrer perdas de capacidade devido à poluição. O estudo não conseguiu identificar como o cérebro humano é afetado pela poluição, mas apresenta como hipótese a possível degradação da matéria branca, que serve para coordenar as funções de diferentes áreas do cérebro.