M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A Bloomberg emitiu o seu relatório anual New Energy Outlook, prevendo a evolução do investimento tecnológico no uso de energia de fontes renováveis até 2050, com boas perspetivas para a adoção destas nos principais países industrializados a nível mundial.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O relatório da Bloomberg prevê que cerca de 11,5 biliões de dólares (10 biliões de euros) vão ser investidos até 2050 no setor das energias renováveis. Destes, 72,5 por cento por cento vão ser investidos em energia solar e eólica, e o restante em centrais hídricas e nucleares. Durante este período, serão também investidos 548 mil milhões de dólares (472 mil milhões de euros) para a construção de baterias para armazenamento energético, dos quais um terço por empresas e utilizadores privados.

Com estes investimentos, espera-se que o mundo caminhe na direção de um futuro 50-50, em que 50 por cento da produção energética a nível mundial vai ser feita por centrais eólicas e solares até 2050. Fontes hídricas e nucleares vão fazer com que a produção energética feita com emissões zero suba para 71%. Apenas 29% será gerada por carvão e petróleo em 2050, contra 63% do valor atual, com o carvão a registar a maior queda. Os custos da tecnologia para produção de energia aproveitando o sol e o vento vão cair progressivamente, para que daqui a 32 anos a energia solar seja 71% mais barata e a eólica 58%. Independentemente da procura, em caso de emergência, o gás natural vai ser usado como combustível de reserva na geração de energia.

O mercado europeu vai ser dos primeiros a adotar energias renováveis como forma primária de produção de eletricidade, com o carvão a desaparecer até 2025. Painéis solares e turbinas eólicas vão ser os principais contribuintes, prevendo-se que 87% da energia gerada na Europa venha de fontes renováveis até 2050. A Alemanha, mesmo com mais de 80 por cento de energia feita com fontes renováveis, vai ser o maior emissor de gases poluentes nessa data.

Mesmo sem uma política federal a apontar nessa direção, os Estados Unidos também vão aderir às energias renováveis, com as centrais a carvão e nucleares a quase desaparecerem até 2050. A partir de 2030, baterias vão ser usadas em larga escala para armazenar energia em excesso, contribuindo para que 55% do consumo de eletricidade seja de origem renovável. As emissões poluentes vão ser 58% mais baixas.

Na Ásia, abandonar o carvão vai ser mais difícil. Na China, prevê-se que o mercado para fontes renováveis cresça graças ao apoio de baterias de armazenamento, que vão contribuir para uma penetração de 39% em 2030 e de 46% em 2050, mas mesmo assim será o maior mercado do mundo para energia solar e eólica. A Índia vai continuar a ver a produção aumentar em centrais termoelétricas até 2030, mas este país tem o custo mais baixo para turbinas e painéis solares, contando reduzir as emissões poluentes em 22% até 2050. No Japão, a queima de carvão não vai baixar muito, mas as fontes renováveis vão subir para 43%, com a ajuda de baterias.

Os automóveis elétricos vão ser dos principais consumidores de eletricidade até 2050, correspondendo a 9% do mercado. Mas estima-se que a maior parte das recargas vão ser feitas a horas onde o consumo é menor, com os preços a educarem os consumidores nesse sentido, ficando mais baixos à noite. A penetração de veículos elétricos, incluindo pesados, vai subir dos 1,8 por cento atuais para 55% em 2040.