M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Já se sabe que os veículos antigos são mais poluentes que os modernos. Mas ninguém pensa exatamente o quanto os veículos antigos são poluentes. E se tivermos em conta que a maior parte dos veículos em circulação nas estradas e cidades europeias não são novos, então os modelos com mais idade contribuem com uma fatia significativa da poluição com origem no trânsito automóvel.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

A normativa anti-poluição Euro 3, que entrou em vigor em 2001, foi considerada revolucionária para a época. Os carros com motor a gasolina podiam emitiam 0,15 gramas de nitróxidos por quilómetro percorrido, enquanto os Diesel tinham um limite máximo de 0,5 gramas. Não havia controlo sobre partículas até 2011, quando entrou em vigor o Euro 5. Hoje em dia, carros a gasolina e Diesel têm limites máximos de 0,06 e 0,08 gramas por quilómetro, respetivamente.

Este foi um avanço de 60 por cento nos automóveis a gasolina e de 84 por cento nos Diesel, enquanto as partículas, que podem ser um perigo para a saúde humana, não podem passar dos cinco miligramas por quilómetro. Até aqui tudo bem. O problema é que nem toda a gente conduz um automóvel moderno, e os veículos antigos não desaparecem da estrada tão facilmente.

A idade média da frota em evolução tem vindo a aumentar de ano para ano, com cada vez menos pessoas a terem meios para substituir o carro antigo por um novo, e recém-encartados a terem que recorrer a usados cada vez mais velhos para terem acesso a mobilidade. Em 2003, a idade média do parque automóvel era de 7,7 anos. Mas em 2013 era de 10,4, e em 2016 era de 11. Isto para a Europa, pois em Portugal o nosso parque automóvel é mais antigo, com uma média de 12,8 anos.

Ou seja, metade do parque automóvel ainda está no Euro 3 ou numa norma mais antiga, pelo que esses carros a gasolina são 2,5 vezes mais poluentes que os novos, e os Diesel antigos em circulação são 6,25 vezes mais poluentes. Soluções à vista, não há. Nem todos podem simplesmente substituir o carro velho. E levar o carro para o centro das cidades continua a ser obrigatório para quem não tem meios de transporte a horas decentes à sua disposição.