Créditos: Miguel Veterano (Global Media)
O retrato das estradas no Algarve, apresentado pelo Observatório ACP, revela uma rede viária repleta de problemas graves que oferece “deficientes condições de segurança rodoviária, associadas aos movimentos de veículos automóveis e fluxos pedonais”, havendo assim um “elevado grau de exposição dos utentes ao risco”.

Esta é uma das conclusões retiradas do estudo que analisou seis zonas críticas e 23 troços com maior índice de sinistralidade rodoviária, apresentando ainda soluções com propostas de intervenção rápida e de baixo custo para tentar debelar os problemas encontrados. Numa zona que tem períodos de elevado fluxo de automóveis nos meses de verão, o Observatório ACP aponta circunstâncias que “estimula a adoção de velocidades de circulação pouco moderada”, mas também a “presença repetida de conflitos gerados entre o tráfego de atravessamento e as necessidades relacionadas com a acessibilidade local, nomeadamente os atravessamentos pedonais”.

Este último ponto decorre, sobretudo, do facto de muito do trânsito da região ser feito na Estrada Nacional 125 (EN125), cujas características fazem com que o trânsito atravesse zonas urbanas de grande movimento. A este respeito, de acordo com o estudo do Observatório ACP, que recorre a dados da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR) entre 2010 e 2017, essa é mesmo a estrada com maior número de acidentes com vítimas, com um total de 84 ocorrências, seguindo-se, bem longe, a autoestrada A22, com 19 acidentes. Seguem-se o IC1, com 13 acidentes, e a Estrada Nacional 2 (EN2), esta com 11 acidentes.

Notando que existe uma grande taxa de atropelamentos no Algarve, o estudo revela que 22% dos acidentes com peões resultam em mortes: entre 2010 e 2017, contabilizaram-se 61 mortes, sendo que 61% das mesmas decorreram dentro das localidades e 34% em estradas nacionais.

Numa súmula dos problemas que encontra na rede viária algarvia, o Observatório ACP explica que existe “um elevado grau de exposição dos utentes ao risco, como resultado quer do volume elevado do tráfego de atravessamento, aliado à percentagem significativa de tráfego pesado de mercadorias, agravado muitas vezes pela indisponibilidade de espaço para a circulação formal de peões”, apontando igualmente falhas ao nível do estado da conservação da sinalização rodoviária (tanto vertical como horizontal, incluindo separação de vias) e no próprio pavimento em “extensões consideráveis (…), sofrendo também de graves depressões e abatimentos em zonas de curva”.

Soluções possíveis

No seu trabalho, que apresenta uma explicitação das vias com maiores índices de sinistralidade, o Observatório ACP refere ainda algumas das potenciais soluções para os principais problemas da rede viária do Algarve, concedendo que há “uma necessidade de compatibilizar as funções de atravessamento rodoviário com as de acessibilidade e vivências locais mediante a segregação física da infraestrutura que responde a cada uma dessas mesmas funções”, passando mesmo pela “criação de faixas pedonais contínuas e marginais à via como suporte ao atravessamento”.

Refere, também, a necessidade de “implementação de medidas que promovam a segurança e amenidade de circulação em detrimento da fluidez e da capacidade, contribuindo para uma moderação das velocidades de circulação de atravessamento, mediante a aplicação de medidas físicas e tecnológicas que impeçam a prática de velocidades indesejáveis”.

O estudo pode ser consultado aqui.