EUA podem ficar sem descapotáveis europeus

25/06/2018

As relações comerciais entre os Estados Unidos da América (EUA) e a Europa permanecem num clima de tensão, devido às ameaças do presidente Donald Trump de impor taxas suplementares sobre os carros importados do Velho Continente. Caso vá em frente, essa medida de Trump terá como consequência previsível o final dos descapotáveis em solo americano.

Em causa estão os modelos de segmentos de nicho, como é o caso dos descapotáveis que, caso se concretize a taxa adicional de 20% sobre os produtos oriundos da Europa, poderão deixar de fazer sentido comercialmente, como adiantou um executivo de uma marca em declarações ao site Automotive News, não sendo indicada a sua companhia.

“As taxas, caso se materializem, iriam colocar em causa o modelo de negócio de muitos modelos de nicho que vendemos atualmente nos Estados Unidos. Os descapotáveis são uma dor de cabeça, em particular. Com o Brexit e com as taxas dos EUA, este mercado poderá encolher ainda mais”, é citado esse responsável, que apontou como possíveis soluções para impedir este cenário a existência de mais parcerias entre fabricantes ou a conceção de modelos mais simples de produzir.

Para muitas das marcas, o mercado americano é um dos mais interessantes para a comercialização de descapotáveis, o mesmo sucedendo com o britânico. Com o cenário a pairar de taxas adicionais para as trocas comerciais entre a Europa e os EUA e com o Reino Unido na sequência do Brexit, muitos fabricantes europeus temem perder duas fontes potenciais de receita. Assim, tendo também em conta que os restantes mercados não têm tanto peso neste segmento, é possível também que os ‘cabrios’ pudessem desaparecer de solo europeu.

Recorde-se que os EUA têm atualmente uma taxa em vigor para as pick-ups importadas de 25% e de 2,5% para os ligeiros de passageiros, enquanto a UE tem uma taxa de 10% para os modelos importados dos Estados Unidos.

Escalada continuada

Trump tem vindo a tecer uma batalha contra os automóveis importados do Velho Continente, naquela que tinha sido uma das suas bandeiras durante a campanha eleitoral. Porém, depois de ter passado a questão para segundo plano durante algum tempo, o presidente americano voltou a trazer à baila a possibilidade de impor taxas adicionais para as importações europeias ao longo das últimas semanas.

Aquando do encontro recente com Emmanuel Macron, presidente francês, o líder americano criticou a supremacia das marcas alemãs e terá dito, de acordo com o Automotive News, que queria impedir que os modelos da Mercedes-Benz, a título figurativo, deixassem de percorrer a Quinta Avenida, em Nova Iorque.

A escalada de tom nas ameaças também já levou a União Europeia (UE) a deixar no ar a possibilidade de impor taxas adicionais também sobre as importações americanas, como admitiu o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, em entrevista ao jornal francês Le Monde: “Caso eles decidam impor taxas, então não teremos outra escolha, uma vez mais, que não reagir. Não queremos lutar sobre isto em público através do Twitter. Devíamos acabar com esta escalada”.

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