Tendo pela frente uma série de incertezas em termos de mercado mundial – fruto da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos da América, das situações económicas e políticas de Rússia e Turquia e da incógnita que é a saída do Reino Unido da União Europeia -, a Toyota garante estar preparada para qualquer cenário que decorra no Velho Continente, confiando igualmente e em grande força na sua renovada gama de modelos para manter uma toada de crescimento sustentada. A ideia do crescimento regrado é algo que Johan van Zyl, presidente da região europeia e CEO da Toyota Motor Europe (TME), considera fundamental para a operação da marca japonesa na Europa.
“Temos uma estratégia definida com o foco colocado nos segmentos A, B, C e C-SUV, para sermos uma marca diferenciadora graças à oferta de híbridos e com um objetivo claro de não perseguirmos volume só porque sim. Não devemos procurar volume, mas sim um crescimento sustentado na Europa”, referiu van Zyl numa conferência exclusiva entre jornalistas e responsáveis da Toyota na qual o Motor 24 pôde participar, em Genebra, na Suíça, ainda antes do arranque de mais uma edição daquele que é ainda o maior evento da indústria automóvel a nível mundial.
Sendo uma marca que há cerca de duas décadas clama pela solução híbrida para a mobilidade sustentada (com os executivos da companhia a recordarem a desconfiança com que a aposta da Toyota era encarada nos primeiros tempos de implementação da sua estratégia), a vertente híbrida é uma de que a marca não abdica, mesmo que reconheça a validade do método elétrico de locomoção. Desta forma, também os veículos elétricos estão em desenvolvimento na marca, esperando-se um modelo totalmente elétrico para um futuro muito próximo (cerca de cinco anos).
“Vamos ter uma gama que vai satisfazer os interesses do mercado, quer em termos de veículos elétricos, quer com os veículo de célula de combustível a hidrogénio”, referiu o CEO da Toyota Europa, abordando a aparente ‘encruzilhada’ da indústria automóvel neste momento.
Mas evidente está já a ideia de que é no hidrogénio que está um dos grandes esforços da Toyota, com Didier Leroy, vice-presidente executivo da Toyota Motor Europe (TME) e van Zyl a apontarem para este combustível a base daquele que será o “carro verde do futuro”.
Apontando a necessidade de criar uma “sociedade sustentável para o hidrogénio”, a Toyota recorda algum paralelismo que existe entre o momento atual com as células de combustível a hidrogénio (fuel cell) e o que sucedeu no passado com o primeiro ‘momento’ dos veículos híbridos, quando muitos rivais desvalorizavam a abordagem e opção técnica escolhida pela Toyota.
Lembrando que o progresso no campo das baterias elétricas ainda decorre em bom ritmo, Gerald Killmann, vice-presidente da área de Pesquisa e Desenvolvimento do centro técnico da TME, enfatizou o facto de se estarem a verificar diversos avanços na área das baterias, tanto internamente, como da parte de parceiros como a Panasonic. Também por isso, na ótica deste responsável, os híbridos são atualmente vistos como uma solução eficaz e de baixo custo, além de terem um impedimento maior na forma das dificuldades relacionadas com o carregamento das baterias elétricas.
“A tecnologia híbrida simples tem ainda muito futuro. O híbrido convencional é provavelmente a melhor opção e a única que, sem subsídios ou sem perdas para a companhia, é sustentável em termos financeiros”, explica van Zyl, dando conta de que os ensinamento com os sistemas híbridos servirão também para aplicação nos veículos a célula de combustível, mantendo-se como “uma condição prevalecente com longa duração”.
Na visão mais alargada, acaba por ser o hidrogénio a merecer atenção, com Killmann a apontar a necessidade de “produzir hidrogénio de forma sustentável”, mas que nos “últimos tempos têm-se verificado diversos avanços por parte de entidades e de universidades no campo do hidrogénio, que nos levam a acreditar que será do hidrogénio o carro verde do futuro”.
A experiência com o Mirai (apropriadamente designado como ‘futuro’ em japonês), cujas vendas têm sido bastante interessantes, revela as potencialidades daquele combustível uma vez que, do feedback que têm recebido dos seus utilizadores, “todos se revelam satisfeitos com o silêncio e refinamento, embora gostassem de mais autonomia. Antes de mais, temos de notar que são clientes com uma mente muito aberta. O carro tem 400 quilómetros de autonomia, mas uma vez que as infraestruturas ainda são escassas, acaba por obrigar a deslocações mais longas para o abastecer”, como explica Leroy.
Para a cúpula executiva da Toyota, o hidrogénio tem ainda a particularidade de se poder posicionar como o combustível para um vasto leque de utilizações, como também nos transportes ferroviários, transportes de pesados e outros tipos de indústria.
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