A falta de lítio poderá causar sérios entraves à expansão de projetos de transportes elétricos mais avançados, como os de táxis aéreos, de acordo com um estudo apresentado pela analista GlobalData.

Com o aumento da produção e da procura de automóveis elétricos (EV) a exigir um aumento na extração de lítio, as baterias produzidas com este material poderão começar a escassear no mercado, levando também ao aumento do seu preço nos mercados internacionais.

Outra das consequências dessa escassez de lítio poderá resultar no atraso da implementação de projetos mais inovadores de mobilidade urbana, como os táxis aéreos ou sistemas como o ‘hyperloop’, com a GlobalData a citar indicar que esses projetos poderão ficar no fim da “fila das baterias de lítio”, não chegando a ver a sua implementação até 2030.

Para consubstanciar as suas conclusões, a GlobalData indica no seu estudo ‘Tecnologia em 2030 – Investigação Temática’ a ideia de que no final da década de 2020 serão produzidos mais de 27.5 milhões de veículos elétricos, cada com as suas baterias de iões de lítio. Mesmo com os diferentes governos e entidades a procurarem contornar os eventuais constrangimentos nos fornecimentos de lítio, a capacidade de produção de baterias de iões de lítio deverá crescer cinco vezes para um valor em torno de 5.8 TWh em 2030, o que faz com que os projetos menos urgentes poderão ficar para segundo plano.

“Não só a elevada procura de baterias de iões de lítio irá aumentar o preço, como também irá significar que novas tecnologias inovadoras que também assentam nestas baterias ficarão no fim da fila”, refere Emilio Campa, analista da equipa de Inteligência Temática da GlobalData, acrescentando que, “se não existirem baterias suficientes para os veículos elétricos, então definitivamente não existirão para projetos como táxis voadores”.

Gráfico que relaciona a procura de lítio (para a produção de VE ligeiros) com a oferta de lítio adequando para baterias.

Também o conceito de ‘hyperloop’, como aquele preconizado por Elon Musk (Tesla) ou até por Richard Branson (Virgin), poderá estar em risco, uma vez que necessita não só de baterias de iões de lítio, mas também de um investimento avultado na instalação de infraestruturas que permitam o transporte de passageiros e bens em cápsulas através de túneis.

“Tem havido uma grande excitação em torno de tecnologias revolucionárias de transporte a serem implementadas em 2030, mas, muitas delas vão precisar de uma infraestrutura totalmente nova. O ‘hyperloop’, por exemplo, não pode funcionar em linhas de comboio normais e os custos de manutenção de um túnel do ‘hyperloop’ e para mantê-los sem ar são desconhecidos”, acrescenta Campa.

“Se a infraestrutura para os VE ainda não estiver construída, os governos não vão ser capazes de justificar as somas astronómicas de dinheiro dos contribuintes necessárias para estes novos sistemas”.