O setor automóvel tem-se debatido com um problema crónico de dificuldades na oferta, sobretudo desde que a pandemia de Covid-19 se tornou numa realidade. Muitos dos seus principais desafios já foram debelados, mas novos surgiram, incluindo um bastante peculiar: a falta de transportes para os automóveis.

Ao longo dos últimos três anos, a cadeia de produção de automóveis novos debateu-se com instabilidade na obtenção de componentes essenciais para os novos veículos, como são os casos dos chips semicondutores, sem os quais muitas das funcionalidades modernas dos veículos – sobretudo em matéria de tecnologia embarcada – não podem ser oferecidas.

Mas não foi só a pandemia a causar constrangimentos. Desde o início da guerra na Ucrânia, devido à invasão daquele país pela Rússia, que têm existido outros constrangimentos, nomeadamente nos fornecimentos de aços, cablagens e vidro, outros componentes fundamentais.

No entanto, o mais recente problema a nível europeu reside na falta de transporte de veículos novos, através de dois vetores: por um lado, as companhias transportadoras procuram margens maiores nos transportes e maior rentabilidade nas suas operações, o que faz com que viagens em que os camiões vão cheios para um lado e vazios para o outro são preteridos em favor de serviços que podem resultar em camiões ‘cheios’ tanto numa viagem de ida, como na de regresso.

Foto: Michael Knoll/Pixabay

Por outro lado, relacionado com a primeira, há também falta de motoristas profissionais de pesados e muitos dos que exercem a sua atividade pretendem também serviços que possibilitem as duas viagens com carga, pois são financeiramente mais rentáveis. Outros problemas tiveram que ver com alterações no panorama legislativo e burocrático como foi o caso do Brexit, no Reino Unido, em que muitos dos motoristas tiveram de deixar o país, colocando o setor dos transportes em grandes dificuldades.

Stellantis contorna problema com solução interna

Face a isto, a Automotive News Europe indica que o Grupo Stellantis, um dos maiores do mundo, está já a olhar para o seu interior para tentar resolver o problema, treinando empregados para poderem conduzir os camiões de transporte e assim levarem os carros novos aos seus destinos. A ideia é recorrer à sua própria mão-de-obra para que o processo de transporte seja agilizado, sendo este um problema que não é exclusivo de uma única marca ou construtor.

Outras marcas, como a Nissan e a Renault, também têm tido problemas com o transporte de veículos das fábricas para os concessionários, sendo naturalmente prejudicados em termos de vendas.